Capítulo 35- Izzy

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Faltam duas horas até meia-noite. Até janeiro. Até o Ano Novo.
Estou na sacada com Randy, Dan e os garotos enquanto tomamos gim e discutimos sobre a melhor bebida alcoólica que existe. A discussão começou quando Matt pegou a garrafa de gim, e até agora ninguém chegou em um acordo.
Com a cabeça deitada no ombro de Kevin e encolhida por causa do frio que estou sentindo um pouco, vejo a luz do meu celular ligar com uma ligação. Acabo atendendo sem nem ver quem que está me ligando por conta da conversa.
Me levanto da cadeira e passo por Kevin e Matt rapidamente. Eles e os outros parecem nem ter percebido que saí da sacada por estarem realmente muito entretidos com a discussão e fazendo parte dela.

— Oi— digo quando entro dentro da casa confortavelmente quente

— Izzy, sou eu...— a voz rouca, cansada e trêmula de Neil me fez parar

Tiro meu celular da orelha para ver se eu não estou ouvindo demais, mas não, não estou. Volto o celular para meu ouvido enquanto atravesso a sala indo pegar meu casaco.

— Neil?— minha voz sai alarmante e preocupada— Você está bem? Onde você está?

O som de sua respiração trêmula e fraca me faz andar mais rápido até o lugar onde Matt e Randy guardam os casacos. Abro a porta e procuro pelo casaco bege.

— Não. Não, eu não sei. Izzy, você pode me buscar? Estou no aeroporto... Eu não estou aguentando ficar de pé direito— Neil diz abaixando cada vez mais o tom da voz— E Izzy, não traga Kevin com você. Por favor.

Rapidamente, tiro a peça bege do cabide e fecho o armário indo até a porta. Saio da casa da forma mais silenciosa e imperceptível que consigo.
Dou graças a Deus por eles não terem percebido minha saída.

— Estou a caminho— digo indo até o carro estacionado a alguns metros a frente da casa— Aguente firme por alguns minutos, tudo bem?

— Irei tentar.

Guardo meu celular no bolso depois que ele desliga a ligação. Destravo o carro e entro dando logo a partida.
Levaram quase vinte minutos para que eu chegasse ao aeroporto e agradeço aos céus por não ter pego trânsito. Estaciono o carro do outro lado da rua e desço. Encontro Neil sentado na calçada com a cabeça deitada nos braços. Quando pego em seu braço, ele olha para mim o mais cansado e destruído que jamais tinha o visto durante todos os meses que nos conhecemos.

— Levante— digo— Vamos embora daqui.

Ele agarra a manga da minha jaqueta e me deixa levantá-lo. Passo meu braço em volta de sua cintura, deixando que se apoiasse em mim, e assim ele faz. Neil parece mancar e estar tentando manter os olhos abertos enquanto caminhamos até o carro.
Abro a porta do passageiro e espero que ele entre para fechá-la. Quando já estou no banco do motorista voltando pelo caminho em que vim, Neil realmente parece estar lutando contra o sono que sente.

— Não me leve para a Torre— ele pede baixo

Fico em silêncio pensando para onde levá-lo se não para o dormitório.

— Somente não me leve para a Torre. Pelo menos não agora, por favor.

Percebo que ele está esperando pela minha resposta. Olho também para ele rapidamente e assinto.

— Tudo bem— digo— Durma. Você parece não dormir a um mês, Neil.

— É porque não durmo.

Respiro fundo.

— Ele fez alguma coisa com você?— pergunto— Te machucou?

Entendo seu silêncio doloroso como um sim.
E dizer que meu ódio por Riko não aumentou, seria mentira.

It's like that, and it always will be- AFTGOnde histórias criam vida. Descubra agora