Já faz cerca de 15 minutos que estou sentado na cadeira esperando Neil sair da sala de Wymack.
Minha mãos tremem, assim como meu corpo. Eu suava frio enquanto esperava a porta da sala ser aberta, mas não sabia se era de nervoso ou de medo. Eu tinha medo de sua reação, de como reagiria ao descobrir tudo.
Se aceitaria ou não.
Eu não estou preparado para isso e sinto que nunca estarei.
Apoio a cabeça na parede e respiro fundo. Seguro o ar em meus pulmões por alguns segundos e depois deixo sair. E faço mais três vezes, até que o tremor tenha diminuído um pouco.
Eu segurava com força a carta de minha mãe, mas de forma que não amassasse. Eu não poderia amassar a única coisa que eu tinha dela.
Havia pego na manhã seguinte que todos dormimos no dormitório de Neil, todos ainda dormiam quando a peguei de volta. Por um momento, pensei em rasgá-la e jogá-la fora. Eu quis chorar com todos os sentimentos e lembranças que vieram à tona dos dias que eu tentava achar um jeito de ir atrás dele.
Quando consegui me acalmar um pouco a porta se abriu e Neil saiu. Guardo a carta no bolso do moletom e ajeito freneticamente a roupa.
Me levanto da cadeira e passo por ele, mas sinto sua mão pegar meu braço antes que eu me afaste muito.— Não faça isso— ele aconselhou— Estou vendo em seus olhos que não está pronto. Não precisa ser exatamente agora se não quiser.
Olho para ele e seus olhos me avaliavam. Eu hesito por um momento, mas afasto seu comentário de minha mente e me solto de sua mão que ainda me segurava.
Abby nos observava no final do corredor, sem entender. Quando neguei com a cabeça, Neil assentiu e seguiu andando.
Digo palavras a mim mesmo, tentando ao máximo me manter calmo, antes de parar no batente da porta.
Wymack não levantou a cabeça quando me viu parado ali, apenas os olhos. Quando seus dedos gesticulam para que eu entrasse, sinto cada parte de mim pedir para que eu me afastasse. Mas havia aquela parte pequena, a que sempre quis saber a verdade de tudo. Essa foi a parte que escutei.— Que cara é essa?— ele diz quando entro. Os papéis que segurava são deixados na mesa e Wymack se inclina sobre a mesma— O que houve?
Eu não duvidava que a ansiedade que eu sentia estava visível a tudo e a todos. Então, não me surpreendi.
Puxo uma das cadeiras em frente a ele e sento, colocando minhas mãos juntas entre minhas pernas.— Eu…— começo
No entanto, eu paro.
Travo.
Sinto meu peito apertar de forma que doía um pouco. Eu queria falar, queria contar, queria ver a reação que ele teria. Mas a insegurança de ser recusado era maior que a vontade de saber de tudo.
Um som baixo vem do computador e Wymack desliga a tela do monitor com alguns toques no teclado preto. Depois que afasta a tela, toda sua atenção é colocada sobre mim.— Fale.
Esfrego as mãos em meu rosto e respiro fundo, voltando a olhá-lo.
— Você se lembra daquela noite que apareci em sua casa? Quando eu… Eu…— respiro fundo e afasto os pensamentos daquele dia. Odeio essas lembranças— Sai dos Corvos.
Eu odiava o que tudo isso fazia trazer a tona. Odiava lembrar do dia que Riko quase acabou com minha vida e meu sonho. Odiava lembrar de tudo daquela noite e das noites seguintes aquela.
— Eu lembro, garoto— ele diz, com calma
Eu admirava sua calma, queria senti-la também.
— Eu não sabia quem procurar. Não sabia para quem pedir socorro depois de tudo que aconteceu em Evermore— digo hesitando, tentando olhar em seus olhos— A alguns anos atrás, eu achei uma carta de minha mãe na sala do Mestre. Naquela carta, eu…
— Você descobriu quem era seu pai— ele completa, com a voz baixa e suave
Assinto.Coloco a mão no bolso do meu moletom e tiro o pedaço do papel que minha mãe tinha escrito. Com hesitação, a coloco em cima da mesa, mas não a empurro para ele.
Não ainda.
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It's like that, and it always will be- AFTG
FanficIzzy Hemmick é conhecida como uma das melhores atacantes no mundo do Exy que joga ao lado dos maiores jogadores do esporte: Kevin Day e Riko Moriyama. Porém Izzy sai do time após seu contrato de três anos ter terminado com o time. Neste mesmo dia, h...