Antes

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Debruçada na pia me encaro no espelho do banheiro a minha frente.
Estou tão mas tão cansada de tudo. Cansada de mim mesma, do sinto, de todos meus pensamentos que não me deixam em paz um mísero segundo. Mesmo eu não estando mais em Evermore tudo que passei naquele lugar segue em minha cabeça passando como um maldito filme que não consigo desligar ou dar pause.
O time que mais sonhei em entrar desde que conheci o esporte, foi o mesmo time que me deixou destruída. O mesmo time que tirou a minha vontade de viver.

- Izzy.

Quando me viro Kevin esta na porta com a mão boa no batente da porta enquanto me olha com uma certa preocupação no olhar

- O que foi?

- Acho que devíamos ir embora.

Não respondo quando olho para sua mão machucada que está quase escondida no lado de seu corpo.
O dia em que sai do time e estava indo embora foi o mesmo dia que Riko Moriyama quebrou a mão de Kevin. O encontrei andando apressadamente para fora de Evermore com a mão quebrada enfaixada a um pedaço de uma camiseta ensanguentada que acho que era dele. Ele estava com o olhar distante e bastante inquieto e não me falava o que havia acontecido com sua mão ou quem havia feito aquilo com ele.
Acabou que fomos embora juntos e aqui estamos. Juntos em um quarto de hotel conversando como se fossemos amigos.

- Não irá me deixar ajudar?- pergunto indicando a sua mão ferida que ainda está enfaixada no mesmo pano ensanguentado de um dia atrás

- Estou bem.

Mentiroso pra caralho

- Me deixe ver.

- Não...- ele para de falar quando pego sua mão com cuidado para ver o que posso fazer

O sangue seco está por todo seu pulso e não consigo ver o ferimento graças o pedaço de pano envolvendo toda as costas de sua mão. Se não cuidarmos disso irá infeccionar e ele terá que ir ao hospital que é o lugar onde não deve ir agora.

- Você vai me deixar trocar isso se não vai parar no hospital. Isso só vai piorar sem nenhuma assistência.

- Já disse que estou bem.

- Está bem o caralho. Vc está tremendo de dor, Kevin.

E ele realmente está
Ele fica quieto e segundos depois assente

- Vou ir na farmácia. Fique aqui e vê se deite.

Ele assente mais uma vez indo até única cama do quarto.
Saio do quarto depois de colocar um tênis e pegar uma jaqueta. Olho para Kevin deitado de lado na cama ainda tremendo e fecho a porta.
Vou rapidamente a farmácia que fica apenas a alguns quilômetros de distância do hotel que estamos hospedados e pego alguns analgésicos, anti-inflamatórios, pomadas e faixas.
Quando volto para o hotel, Kevin ainda está deitado na cama mas não dormindo. Está tão pensativo que nem me viu entrar no quarto.
Me aproximo da cama e me sento notando que ele parou de tremer. Coloco minha mão em sua testa e ele está quente de febre.

- Tome- digo dando os analgésicos e anti-inflamatórios que comprei

Espero que ele tome os comprimidos para então irmos ao banheiro para cuidar do ferimento em sua mão. Ele se senta em uma das cadeiras que eu trouxe e coloquei no lado da pia para ficar mais fácil o acesso a água.
Me sento em sua frente colocando a sacolinha no nosso lado em um banquinho que eu trouxe também. Pego sua mão com cuidado e a coloco em minha perna.

- Vou tirar, está bem?- pergunto me referindo ao pedaço da camiseta

Ele me olha por um momento e assente.
Começo a desenrolar o pano mas logo para quando vejo que ele está olhando. A dor em seus olhos verdes me dói e eu nem sei porque.

- Não, não. Não olhe para cá- digo- Olhe para qualquer canto menos para sua mão, ta?

- Está bem- diz respirando fundo

Troco o mais rápido que posso para poupar a dor que ele está sentindo. Diversos momentos quase parei quando vi as lágrimas escorrendo por seu rosto desesperadamente.

|•|

Kevin está deitado na cama dormindo enquanto eu estou sentada em seu lado.
Durante essas horas que estamos juntos desde que saímos de Evermore, eu venho me perguntando o porque de eu descontar toda minha raiva de Riko nele sendo que Kevin nunca foi parecido em nada com ele.
Venho percebendo que nada que eu havia achado dele estava cem por cento correto. Ele sofria tanto quanto eu nas mãos de Riko e eu nunca sequer notei isso.

- Que horas são?- pergunta

Quando viro a cabeça para ele, Kevin está me olhando.

- Não sei, acho que já deve ser 13h

- Para onde você vai depois que sairmos daqui?- Kevin pergunta

Não sei porque não tenho nem para onde ir. Não falo com meu irmão que é a pessoa mais importante de minha vida a dois anos e não sei se meus pais iriam querer me ver depois de algumas coisas que aconteceram entre nós três e meu irmão no passado.

- Irei ver isso ainda- digo

- Venha comigo- ele mais pede do que diz

- Porque?

Ele não responde.
Não faço ideia do porque ele está me chamando para ir com ele ou porque sequer se importa.

- Eu vou atrás do meu... atrás de um amigo da minha mãe, acho que ele pode ajudar. Vc poderia vir comigo- diz

Olho para Kevin por um momento e percebo que não tenho o que responder.

- venha comigo se quiser- diz se sentando na cama

Eu sigo o olhando sem saber o que dizer
Eu digo que sim? Digo que não?
Eu não tenho para onde ir agora. Precisaria de dinheiro para viajar até Columbia, o que não tenho quase. Não sei aonde meu irmão está e não sei se ele sequer voltou da Alemanha.

- Está bem- digo por fim

Ele assente e levanto da cama logo depois dele para começarmos a arrumar as coisas para sairmos.

|•|

Quando Kevin disse que estava indo atrás de um amigo de sua mãe, não imaginei que o amigo fosse o treinador Wymack. Ele treina o que chamam de "pior time do Exy".
Estou parada do lado de Kevin que comprimenta o cara alto com tatuagens de chamas em ambos os braços. Há uma moça loira do lado dele que havia falado que seu nome era Abby a segundos atrás.

- O que esta fazendo aqui?- o treinador Wymack diz

- Preciso de ajuda

O homem olha de Kevin para mim e abre mais a porta nos deixando entrar na casa

It's like that, and it always will be- AFTGOnde histórias criam vida. Descubra agora