— Merda — minha voz saiu contida, mesmo que minha vontade seja gritar e bater na porra da mesa a minha frente.
Dinis Megalos, um dos meus poucos amigos de verdade e braço direito nos negócios, não se abalou com o xingamento, apenas se inclinou para deixar o dossiê da sua última viagem a Eindhoven.
Abri a pasta e a folheei, a cada página minha vontade de matar o filho da puta aumentando.
— O que esse maldito está querendo com os Klok? — peguei uma foto onde Yuri Xanthopoulos apertava a mão de Henri Klok e a joguei contra a mesa.
— Esse caso está saindo do nosso controle Orfeu, se Xanthopoulos se misturar com a máfia holandesa, vamos ter que passar o caso para os filhos de Pollux.
— Não quero que Plutus coloque as mãos em Xanthopoulos, a última vez que passamos um caso de tráfico de mulheres para esse filho da puta, ele pagou de bom samaritano e não me deixou tocar nos vermes.
Pollux por muitos anos foi o coronel mais respeitado e temido de toda a Grécia, o seu senso de justiça sempre foi maior do que qualquer dinheiro ou cargo político e por isso ele sempre teve o meu respeito.
Plutus e Perseu, seus filhos gêmeos, tem cargos respeitados na polícia grega — graças a sua influência —, eles também são conhecidos como homens justos, mas diferente de Pollux, por ser mais novos, ainda acreditam que esses lixos que permeiam a justiça grega são a voz da razão.
Uma vez Perseu me veio com aquela frase ridícula de que todos são iguais perante a lei e inocentes até que se prove o contrário.
Dependendo do caso até concordo, mas um filho da puta que está dentro de uma casa de prostituição ilegal, estuprando mulheres semiconscientes, dopadas, cortadas, machucadas e muito vulneráveis, não é uma pessoa inocente.
Não para mim.
— Sei que tem uma questão pessoal com Yuri, mas não vou deixar que sua vingança acabe te matando — sei a opinião do Dinis, só não dou a mínima.
— Não tenho medo da morte Megalos, até simpatizo com ela — fechei a pasta e a coloquei dentro da gaveta onde mantenho os papéis que não são de interesse dos hotéis.
Ele me levantou uma sobrancelha e antes que pudesse rebater com algum comentário descontraído (porque esse é o seu jeito), o telefone da minha sala tocou.
— Senhor Kalyvas, Joana Sharp e Mariana Bueno chegaram.
— As encaminhe até a sala de reuniões, chame a equipe da ALM e Ali para nos acompanhar — desliguei o telefone assim que finalizei e ao prestar atenção no meu amigo percebi que estava desconfortável.
— Ali quem está cuidando do contrato da ALM? — foi minha vez de arquear a sobrancelha para ele.
— Ele é o advogado responsável — concordei e isso o fez fechar o semblante. — Por quê?
— Preciso te contar uma coisa Orf, não como seu investigador, mas como amigo.
Trinquei o maxilar no momento em que percebi o que me diria, ainda sem querer acreditar.
Ele saber sobre o que se trata a ALM já é um indicativo de que conheceu Joana, já que a Bueno não a acompanhou até a Grécia.
— Desde quando conhece Joana Sharp?
Tentei não demonstrar minha insatisfação com essa informação, provavelmente tenha conseguido continuar inexpressivo, mas tive que levar minhas mãos para debaixo da mesa para ele não perceber os punhos cerrados.
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SHARBERTY - A Liberdade Inexplorada
RomanceJoana Sharp nunca pensou que iria gostar de ser o centro das atenções. Nunca pensou que iniciar uma nova jornada apostando em algo que acredita, iria lhe trazer tantos benefícios - financeiro, mental e pessoal -, também não pensou que dinheiro e vis...