A vida sempre teve um toque de humor ácido com Joana Sharp.
Na escola sempre foi a melhor da classe, mas ninguém nunca parabenizou suas notas altas. Passou na faculdade federal em primeiro no vestibular, fez duas faculdades ao mesmo tempo, se formou com êxito em ambas e ninguém estava lá para festejar. Antes mesmo de conseguir aproveitar os diplomas ficou responsável por uma criança recém nascida e ainda teve que conciliar um novo país, bebê, adaptação do idioma, emprego e uma irmã psicologicamente abalada. Sendo assim, passou a viver em prol do Lívio, filho da sua irmã, que era praticamente o seu filho já que ela quem esteve presente nos primeiros passos, na primeira palavra e no primeiro dia de aula.
No meio disso tentou alguns relacionamentos falhos, se abalou com promessas vazias, sofreu com inúmeros encontros que nem chegou a acontecer, chamadas recusadas nos sábados à noite e pés na bunda de caras que vinham sempre com o mesmo discurso de "não estar preparado para um relacionamento a três".
Então quando Mike David apareceu na sua vida, solícito, acessível e solidário, ela não mediu esforços para estar com ele.
Afinal, quanto tempo é necessário para se conhecer uma pessoa? E para se apaixonar por ela? E para amá-la?
Amor?
Joana entrou de cabeça na ilusão do mundo perfeito que Mike criou.
Não botou na balança a família que destruiria, pois ele tinha mulher e filha; não esperou nem um mês para morarem juntos, ela sequer sabia ao certo qual a sua comida favorita; não ligou para opiniões, conselhos e muito menos para o que sua irmã achava, além do mais, ela e Mike tinham um passado juntos e aquilo poderia ser apenas um ciúme infundado...
Não sei dizer quanto tempo é necessário para se conhecer alguém, mas Joana não precisou de cinco minutos para sentir o seu mundo perfeito desabar sobre os seus pés — foi ainda mais rápido do que a etapa praticamente única de se conhecer, morar juntos e casar; mais rápido que o desabrochar de uma flor, até mais rápido que Usain Bolt na corrida de cem metros.
Veio tudo de uma vez, feito uma avalanche a trezentos quilômetros por hora. A descoberta da gravidez e logo após a tentativa de abuso sexual da sua irmã pelo seu próprio marido.
E lá vem a vida tirando toda a felicidade que ela enfim iria aproveitar. Mas quem tira a felicidade do próximo consegue usufruir dela por quanto tempo? Foi isso que ela começou a pensar, que a vida era uma filha da mãe injusta, que quando ela consegue um resquício de felicidade no final do pote de Nutella, vem outro e arranca da sua mão e destrói seus sonhos, sua vida, sua estrutura...
Inferno de vida! Inferno de Mike! Inferno de homens! Eu não mereço isso! Não mereço um filho! Não mereço felicidade nenhuma nessa merda!
Esse seria o seu destino? Viver uma vida nos bastidores? Só observando a felicidade da irmã, do afilhado, dos seus amigos, de todo mundo ao seu redor, menos a dela própria?
Ela estava perdida e nem buscava mais se encontrar quando conheceu a Mariana em um grupo de apoio, elas começaram a trocar ideias, apontaram inúmeras melhorias que aquele projeto social no qual participavam poderiam adotar e quando foram rudemente rejeitadas tiveram a ideia de criarem o próprio projeto.
E assim nasceu o que hoje em dia se tornou a Sharberty – Casa de Apoio e Liberdade da Mulher.
Com o passar do tempo, crescimento da sua associação, expansão, reconhecimento, fama e visibilidade, qualquer tipo de relacionamento que ultrapassasse o prazo de uma noite se tornou a última coisa em que ela pensava.
Pelo menos até reencontrar ele.
Orfeu Kalyvas.
O homem mais repugnante e excitante que já conheceu.
ಇ
Socorrooooo 😍
Estou mto empolgada com o que vem por aí 🤭
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SHARBERTY - A Liberdade Inexplorada
Lãng mạnJoana Sharp nunca pensou que iria gostar de ser o centro das atenções. Nunca pensou que iniciar uma nova jornada apostando em algo que acredita, iria lhe trazer tantos benefícios - financeiro, mental e pessoal -, também não pensou que dinheiro e vis...