Bônus - POV. Orfeu Kalyvas

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— Por que não me contou que dormiu com a Joana? — um Dinis estressadinho rompeu a passagem da porta sem ser anunciado.

Levantei meu olhar do documento que o contador me entregou para analisar e arqueei uma sobrancelha me recostando na cadeira.

— Dormir não é bem a palavra — entrelacei meus dedos e os deixei descansarem no meu colo.

— Porra Orf, você transou com ela — exclamou em um grito angustiado. — Por que não me contou? — repetiu a pergunta e eu me limitei a revirar os olhos para o seu teatro.

— Desde quando te dou satisfação das bocetas que como? Quer a porra de uma lista semanal agora? — não alterei minha voz, ao contrário do meu amigo.

— Não é uma boceta que você comeu, é a mulher que eu te disse que quero me relacionar, caralho — ele jogou as mãos para o alto, seguindo o teatrinho que já está começando a me irritar.

— Para mim não muda nada — simplifiquei e ele mordeu os lábios de nervoso. — Aconteceu antes de vocês se conhecerem, não estou entendendo o motivo desse estresse — suspirei pesado, deixando-o perceber que minha paciência está por um fio.

— Não gostei de não ter me contado — deixou claro e eu revirei os olhos.

— O que quer que eu diga Dinis? Pode querer algo sério com ela, mas isso não apaga as horas que a tive gemendo entre minhas pernas — instantaneamente o seu bico virou uma tromba.

Ótimo, agora nós dois estamos de péssimo humor.

— Retira o que disse — apontou o dedo para mim e eu me forcei a continuar calmo.

— Vai brigar comigo por causa de mulher? — perguntei inclinando levemente a cabeça, me cansando do assunto.

— Você não entende, nunca gostou de ninguém...

— Não. Você quem não está entendendo. Vamos deixar algo claro aqui — me levantei e apoiei os punhos fechados na mesa, inclinando-me sutilmente, deixando evidente meu tamanho e, principalmente, meu poder naquela sala. — Você é o meu homem de confiança Dinis, uma boceta, mesmo que muito gostosa, não irá mudar isso — ele abriu a boca, mas apenas estralei os lábios e ele entendeu que era hora de se calar. — Não vou discutir com você sobre a Sharp, e entenda bem o que vou dizer; ela é minha muito antes de ser sua, pode oferecer a ela um casamento monogâmico, filhos dentuços e saudáveis, estabilidade, futuro, ou a puta que te pariu, mas nunca vai mudar que ela é minha, estamos entendidos?

— Joana não é um objeto que você tenha controle ou posse — reclamou, visivelmente contrariado.

— Isso é o que vamos ver — rosnei na mesma medida e ele se calou me analisando.

— Você não pode controlar tudo — apontou o dedo para mim, derrotado por saber que eu tenho a palavra final.

— Só esteja ciente de que é você quem está no meu caminho, e não eu no seu — me endireitei e destranquei o armário acoplado a mesa, pegando uma pasta de dentro dele. — Preciso que vá até Liechtenstein, aqui estão as informações que precisa, Gadreel já está te esperando para partirem.

— Agora? — questionou ainda contrariado, apenas joguei a pasta sobre a mesa e voltei a me sentar, aproveitando para ajeitar a lapela do meu terno. — Foda-se Orf, nem sei porquê ainda sou seu amigo — ele pegou a pasta em um gesto grosseiro e deu as costas, saindo da minha sala com a mesma petulância que entrou.

Sorri satisfeito para os papéis a minha frente.

Bendita hora que meus homens descobriram um suspeito tráfico de mulheres no centro da Europa, o que me deu a oportunidade de afastar Megalos e jogá-lo para escanteio. Assim posso conversar com a Sharp sem a porra da intromissão do filho da puta querendo gritar sua posse sobre ela.

Sua voz chamando Joana de minha mulher ainda ecoa no meu subconsciente e algo dentro de mim formiga ansiando testar se suas palavras são verdadeiras.

É verdade o que eu disse para Dinis, Joana é minha antes de ser dele e ela será até que eu mate cada centelha de vontade do corpo daquela mulher.









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Um bônus beeem curtinho da conversa entre os dois 🤭🤫

SHARBERTY - A Liberdade InexploradaOnde histórias criam vida. Descubra agora