Capítulo 20

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- Você é a mulher mais linda que eu já vi - estávamos deitados na nossa cama e o cheiro do nosso amor se espalhava pelo quarto.

Já devia passar do meio dia, mas nenhum de nós nos preocupamos em sair dali, da nossa bolha de amor que nos enfiamos desde a hora que acordamos.

- A mais bonita? - caminhei meus dedos pelo seu peito, indicador e dedo médio, fazendo uma trilha de carícias que não demorou a chegar no queixo marcado.

- Com certeza - seus olhos passearam pelo meu rosto e eu vi pela primeira vez na vida o amor que outro homem pode sentir por mim.

E é real.

Finalmente é real.

Só nós dois. Eu e ele.

Agora que a Jade reencontrou o Otávio, agora que o Lívio já é um adolescente formado, agora sim eu sinto que não preciso me preocupar com absolutamente mais ninguém além de mim. Além de nós.

- Sua família tem um gene maravilhoso, meu amor.

- O que? - soltei uma risada mole, achando engraçado o comentário incomum.

- Sim - cerrei os olhos ainda sem entender e o sorriso que me deu causou um arrepio gélido na espinha. - Do jeito que sua irmã e você são bonitas, imagine só como nossos filhos serão lindos - completou o raciocínio e eu soltei o ar que nem percebi estar prendendo.

- Vão ser perfeitos amor, será uma mini Joana e um mini Mike.

Abri os olhos assustada, parte pelo pesadelo de uma lembrança horrível e parte por não reconhecer o lugar onde estava.

Escuro.

Socorro.

Me levantei em um salto e com as duas mãos estendidas na frente do corpo comecei a procurar a primeira parede que pudesse encontrar, quando achei fui me arrastando até tatear o interruptor e só quando as luzes se acenderam que pude voltar a respirar.

- Meu Deus - suspirei colocando a mão no peito, tentando em vão desacelerar um pouco meus batimentos.

Sentindo agora a consequência de ter me levantado depressa, minha visão embaçando por alguns instantes, voltando ao normal conforme o compasso do meu coração.

Olhei ao redor do quarto extravagante e não encontrei Orfeu, olhei para a porta do banheiro e a mesma está aberta com a luz apagada, o que indica que não há ninguém aqui além de mim e meus demônios.

Fui para a porta e não demorei para me decidir a sair dali, em busca do dono da casa que não deveria ter me deixado sozinha, e que, por sinal, estou devendo uns bons palavrões.

Passei pelo corredor que só me levou a cômodos vazios, pela sala, cozinha, e nem sinal dele.

Abri a geladeira e tive a prova do porque seu corpo é tão estrutural; não tem um chocolate sequer, uma guloseima ou nada que tenha calorias o suficiente para deixar alguém feliz.

Peguei uma garrafa de água e fui até a pia pegar um copo limpo do escorredor. No segundo gole, quando abaixei o copo, olhando pela janela, foi que o encontrei.

Deixei a água na pia e fui contornando a casa, até conseguir achar o acesso pelo jardim de inverno até a porta de vidro que chegava na sua academia particular.

Orfeu me viu entrar, mas não parou a sequência de movimentos que fazia. Havia uma barra de ferro nas suas costas e anilhas em cada extremidade dela, anilhas que facilmente devem pesar mais do que eu.

SHARBERTY - A Liberdade InexploradaOnde histórias criam vida. Descubra agora