Capítulo 6

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Minhas mãos estão tremendo enquanto encaro a mensagem curta e grossa na tela do meu celular.

"Já tem sua resposta?" era um número diferente do que ele me ligou no dia da banheira, mas nem preciso de assinatura para saber que é ele.

— Idiota — rosnei sozinha apertando a toalha no meu corpo, como se pudesse me proteger da sua arrogância de alguma maneira.

Alguns minutos depois que ele deixou o meu quarto com toda aquela pinta de dono do mundo, recebi no e-mail da empresa uma proposta formal da imensidão que ele está me propondo.

O que só reforça o fato de que ele já estava com tudo pensado.

Eu estava em choque quando comecei a ouvir as palavras da sua boca, mas com certeza estaria hospitalizada se não o impedisse de continuar.

Só o que posso dizer é que é surreal o que ele está propondo. É o tipo de oportunidade que só se tem uma vez em mil vidas e simplesmente caiu de bandeja no meu colo e eu não sei como agir.

Lógico que a Mariana me ligou cinco minutos depois do recebimento do e-mail, gritando no meu ouvido que só podia ser brincadeira, chorando que me ama e que estamos no caminho certo, que na verdade saltamos e chegamos direto na linha de chegada.

Eu entendo que ela esteja feliz, eu deveria estar também, é algo que com certeza vai nos levar para os quatro cantos do mundo, vamos poder ajudar milhares de mulheres, de diversas maneiras possíveis, já até consigo imaginar os projetos que podemos colocar em prática, minha mão chega a formigar de excitação quando me permito viajar para esse mundo onde o dinheiro é ilimitado e as portas abertas.

Então você me pergunta qual é o problema nisso tudo.

E eu te respondo que não sei dizer, mas ele está ali, oculto, em algum lugar, só esperando eu me permitir viver esse sonho para então cair do cavalo novamente.

É aquele famoso, abre aspas, bom demais para ser verdade.

Não sei o motivo do meu pé atrás; pode ser por causa da imensidão que vamos nos tornar, pode ser porque não sei se estou preparada para deixar que o nosso projeto se torne basicamente uma parte dos hotéis Ariti, junto com sei lá quantos zeros que a minha porcentagem nas empresas irá me proporcionor, se é meu medo de encontrar com Mike no meio de toda a visibilidade, ou se tudo é por conta do Orfeu e de quebra essa atração sexual intensa que tenho por ele.

Sim, vou definir assim; uma atração sexual intensa, é o melhor que posso descrever depois de eu ter me tocado no chão do quarto de hotel após uma discussão bem atípica. E nem me lembro a última vez que fiz isso sozinha — e ainda cheguei ao orgasmo.

Não vou mais comentar sobre esse feito, fingirei que não aconteceu e negarei até a morte. E fim do papo constrangedor!

"O aceite será formalizado por e-mail" respondi a mensagem e bloqueei a tela antes que visualizasse a sua resposta.

Vai me achar boba, mas há muito mais dentro do sim do que estou disposta a aceitar agora.

Mudar a imagem da associação é a primeira coisa. Ele me quer como garota propaganda, quer que eu seja a inspiração, a cara de toda a expansão, segundo o e-mail isso trará credibilidade e familiaridade com as meninas, diferenciando de todas as demais ONGs e projetos que há por aí.

Não sei se estou preparada para que o mundo todo conheça a minha infeliz realidade.

Não sei se quero minha imagem espalhada por aí.

Não sei se vou me sentir confortável passando por um café e me deparando com a minha cara em algum jornal ou televisão.

Não sei. Eu só não sei. Me parece tão certo e ao mesmo tempo tão errado.

SHARBERTY - A Liberdade InexploradaOnde histórias criam vida. Descubra agora