Capítulo 5

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— Então essa é a sua proposta? — ele me ouviu atentamente durante longos minutos, não me interrompeu, deixou que eu pautasse cada ponto, que eu lhe mostrasse cada gráfico, plano e meta a ser atingida.

Eu abri toda a ALM para ele, junto com todo o meu esforço nesses meses todos, para ele desdenhar da minha cara em uma pergunta retórica debochada.

— Se for muito podemos ver outros meios de ajudar, só usar a sua imagem na campanha já é o bastante, talvez me apresentar alguém que possa... — estava segura de mim e de tudo o que venho construindo... Até agora.

O olhar que ele está me lançando... Seguro, altivo, perturbadoramente duro e inexpressivo.

Não que eu não saiba lidar com a rejeição, mas ele está me passando um tipo de desprezo que está amargando minha boca.

Ele tilintou repetidas vezes os anéis contra a mesa sem deixar a pose arrogante se abalar e a cada ressoar das peças o nó na minha garganta se apertava a ponto se ser sufocante demais para aguentar.

— Quer saber... Esquece — bloqueei o tablet e suspirei bebendo um gole generoso do vinho.

— Não quer ouvir minha proposta? — o sotaque arrastado me dá a vontade de estrangulá-lo pelo tom soberbo.

Nem que eu tentasse com as duas mãos conseguiria fechar a circunferência da sua garganta. Me diz por que o filho da mãe tem que ser grande e... Todo duro?

— Claro, sou toda ouvidos — forcei os cantos dos lábios a levantar, mesmo estando totalmente desconfortável e desgostosa.

Sou uma pessoa temperamental e nada paciente. Eu assumo que sou.

Ainda mais quando o patife na minha frente está nitidamente me esnobando.

Rico é uma merda!

— Sua ideia é muito boa Joana, assim como as suas intenções, o único problema nisso tudo é que está pensando baixo e isso te limita.

— Não tenho verba para investir mais, por isso estamos buscando apoiadores — encostei minhas costas na cadeira e relaxei um pouco.

— Apesar do que acha, eu, como político, não poderia te ajudar com muita coisa, porém estou saindo da corregedoria este ano e como empresário nós podemos fazer ótimos negócios. Você é a peça chave no meu quebra cabeça — ergui uma sobrancelha, confusa com o final da frase, há muito mais nas suas palavras do que ele está revelando.

— Não sou uma peça que pode guiar e colocar onde quiser — deixei claro o meu descontentamento com sua escolha de palavras.

— Você não vai ser minha adversária Joana, quero que jogue junto comigo — observei em câmera lenta o passeio que a sua língua fez em torno dos lábios, deixando o rastro da saliva por onde passou, humedecendo aquela boca charmosa, quase que chamando a minha para fazer o tour também. — Mas para isso precisaremos mudar algumas coisas e você tem que estar nessa comigo.

Meus olhos traidores desceram dos lábios contraídos para o queixo marcado, se demorando no pescoço desenhado e parando na gola bem passada da roupa cara.

— Estou ouvindo — não sei quanto tempo demorei para dizer essas simples palavras, mas ele não pareceu se importar com a minha inspeção.

— Conhece a rede de hotéis Ariti?

— Só esse em que estamos — assumi e ele lançou um sorriso de lado sem mostrar os dentes.

— E o que achou do hotel?

— O melhor que já frequentei — assumi sem entender onde quer chegar.

— Ariti é meu nome do meio, sou herdeiro direto da rede de hotelaria e por isso vou abrir mão da vida política para assumir a administração dos hotéis — se explicou e eu me choquei por um instante.

SHARBERTY - A Liberdade InexploradaOnde histórias criam vida. Descubra agora