Estou nervosa.
Sinto cada músculo do meu corpo tenso, e não tem nada a ver com a academia que comecei mês passado.
Não quis assumir até agora para mim mesma, mas todas as noites em que fui dormir desde aquele convite indecente, almejei que o aniversário do arrogante Kalyvas chegasse logo. Sonhei várias noites com aquele canalha sussurrando no meu ouvido enquanto me fode forte pelo rabo; estou amarrada e amordaçada, totalmente imobilizada para arranhá-lo, tendo meus gemidos abafados por qualquer merda que ele meter na minha boca.
E então estou aqui.
Desta vez o aniversário não é em Atenas, mas em Mônaco, e diferente do ano passado, Hayley, a assistente de Orfeu, entrou em contato direto comigo para combinarmos o voo no jatinho particular dele e o quarto no Hotel Ariti de lá.
Eu nem discuti ou contestei nenhuma ação do poderoso senhor Kalyvas, já estou calejada do seu egocentrismo.
— Boa noite senhorita Sharp, podemos ir? — um dos seguranças que estava plantado na minha porta desde que entrei perguntou.
Eu não tenho mais receio, as coisas estão diferentes de um ano paca cá.
Agora todos os seguranças sabem falar no mínimo inglês fluente, alguns até arriscam o português.
Não tenho mais tanto receio com roupas chamativas e caras. Assim como não deixei que Orfeu me desse vestidos ou joias, pois hoje tenho a Pata, que além de amiga íntima é minha personal stylist.
Meu cabelo está mais curto também, estou mais magra, meu rosto um pouco mais harmônico pelos procedimentos estéticos que acabei fazendo pela pressão da mídia. Percebi nesses poucos meses que a idade é algo que acaba pesando, não tenho mais meus vinte e poucos anos e apesar de a minha aparência ser mais jovem do que de fato sou, esses procedimentos acabam agradando mais nas telas do celular.
Você já está com quarenta anos, Joana. Acha que esses menininhos vão te querer para sempre? Quase posso ouvir a voz asquerosa do Mike no meu subconsciente, como se ele ainda tivesse algum poder para me sabotar, mesmo estando dentro de um caixão. Será que ele está em um caixão? Enfim, isso ainda não mudou cem por cento.
O que também não mudou é aquele friozinho na barriga pela expectativa. Ele é bem parecido com o do ano passado, mas acaba sendo mais intenso por saber que o que me espera é algo além do magnífico, é algo sujo e tórrido, alucinante a ponto de fazer os cabelinhos da minha nuca arrepiarem.
Meu estômago chega a estar embrulhando e não sei até que ponto é a ansiedade e até que ponto é a fome — já que comer se tornou uma tarefa impossível conforme os ponteiros batiam em disparada naquele maldito relógio do quarto.
Que quarto de hotel cinco estrelas tem relógio analógico? Mesmo sendo super modernista ainda é algo irritante.
Escolhemos um vestido mais ousado dos que estou acostumada —, na verdade foi eu quem escolhi, a Pata acabou só seguindo minhas ordens antes de quase deixar o queixo cair pela minha ousadia. O vestido é em duas cores; metade branco e metade preto, a parte da frente é mais curta, cinco dedos acima do joelho, e atrás desce em uma calda arredondada com pedrarias, o decote é quadrado e a alça fina desce cavada para as costas nuas em um formato muito parecido ao de um coração, finalizando o decote profundo pouco acima do meu cóccix. Coloquei meu par de sandálias de brilho Stuart Weitzman que deixa minhas unhas do pé pintadas de preto a mostra e deixei meu cabelo em uma trança embutida lateral.
Estou me sentindo maravilhosa enquanto desço do carro e me encaminho para o elevador privado que me levaria para a festa. Me olho através do espelho e mal consigo me reconhecer, até ouso tirar uma foto naquela lata chique.
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SHARBERTY - A Liberdade Inexplorada
RomansaJoana Sharp nunca pensou que iria gostar de ser o centro das atenções. Nunca pensou que iniciar uma nova jornada apostando em algo que acredita, iria lhe trazer tantos benefícios - financeiro, mental e pessoal -, também não pensou que dinheiro e vis...