Capítulo 18 - POV. Orfeu Kalyvas

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ಇ Há seis anos atrás,

Cafua em Atenas, três semanas após o sequestro.

A cada pedido de suplica do verme a minha frente eu permitia que os meus ossos do metacarpo acertassem em cheio alguma parte do seu corpo. A essa altura eu nem estava mirando em algo específico, era só o puro ódio de ter ficado novamente inválido perante àquele tipo de situação. E a raiva que invade o meu ser me cega diante a ira.

Eu estava fervendo de ódio, dormindo e acordando só pensando na minha vingança, na porra da vingança da minha esposa.

Foda-se que eu não a amava. Foda-se se era completamente superficial. Foda-se se eu sequer sabia o seu prato de comida favorito ou qualquer merda relacionada a sua família.

Ela era uma vítima que havia se entregado a morte por uma situação que foi completamente minha culpa; se eu não tivesse aceitado a ideia idiota de me casar por conveniência política, essa merda não teria acontecido e Catarina estaria viva, talvez até feliz com alguém que fosse capaz de amá-la.

Bati mais uma vez no infeliz, dessa vez na boca do estômago.

— Chefe... — um dos meus homens chamou minha atenção e eu me afastei ainda mancando, sentando-me na cadeira de madeira que estava posta há alguns metros do homem amarrado nas correntes.

Aquele era o motorista do sequestro, que descobri se chamar Leonardo.

— Eu já contei tudo o que sei — o filho da puta falou entre os dentes que lhe restava.

— Repete — rosnei sentindo um incômodo na porra da perna baleada.

— A ordem era só para te dar um susto e te fazer desistir da investigação contra o juiz Pavlides — contou a mesma história, agora com mais dificuldade que antes.

— E por que o Yuri falou que eu estava no seu caminho? — deixei minha mão sobre a perna sentindo os nós dos meus dedos doerem também.

— Porque ele e o juiz tem algum negócio em comum.

— O que?

— Eu não sei, eu só cuido do transporte das mercadorias — ele gemeu de dor, mas eu não me importo.

— Mercadorias? — questionei e ele hesitou.

— Sim, você era a mercadoria — se explicou e eu absorvi aquilo.

Se há uma função especifica é porque alguma coisa de errado é corriqueira.

— Vocês são um grupo? Uma facção? — questionei e ele deu uma risada sarcástica.

— E eu vou saber. Eu só dirijo, caralho.

— E a parte de estuprar minha mulher? — perguntei e isso fez a sua risada morrer.

— Foi o outro cara quem começou, o Yuri o chamou de Lion — se explicou.

— Mas você pareceu gostar bastante — levantei uma sobrancelha para o infeliz.

— Cara, foi mal — ele se encolheu nas correntes, provavelmente estava incomodado em ficar amarrado com os braços abertos daquele jeito.

— Foi mal? — repeti sua frase, me levantando devagar para a porcaria da perna não falhar. — Só é mal para você porque agora o papel se inverteu, senão ainda estaria muito bem, não é mesmo?

— Não é assim...

— Não? — o verme não respondeu. — Eu quero um nome — fui até a mesa de madeira onde tinha alguns objetos de tortura que usamos especialmente quando queremos incentiva-los a cooperar.

SHARBERTY - A Liberdade InexploradaOnde histórias criam vida. Descubra agora