Me enganei em achar que os dias seriam normais depois de voltar para a rotina.
Primeiro tive que escutar a Mari surtar por horas, repetindo incansavelmente que ainda não acreditava em tudo o que estava acontecendo e que estava pasma no quanto aquela oportunidade iria mudar nossas vidas.
Sem contar na parte melosa onde choramos por uma ter entrado na vida da outra. Porque se não fosse a Mariana, eu não seria nada, ALM não seria nada além de um projeto no papel do meu andar da bagunça.
Por falar nele, preciso reformar já que não tenho mais tantas coisas.
Faz um mês desde que voltei, tudo anda diferente, porém igual.
A quantidade de serviço aumentou muito, além de ter uma assessoria, uma equipe que nunca vi na vida e uma secretária que foi designada exclusivamente para minhas necessidades.
Pois é, parece que dinheiro definitivamente não é o problema.
Os termos do contrato finalmente estão sendo finalizados e foi marcado uma reunião na filial dos hotéis Ariti que fica no Rio de Janeiro, em Copacabana, para a assinatura.
A Mari está empolgada para conhecer nossa equipe pessoalmente, enquanto eu só penso em esganar o Orfeu por não aceitar a alteração sobre minha imagem na campanha.
Ele que me aguarde, porque vou exigir que me escute antes da assinatura, não quero espalhar meu rosto por aí, me sobe um arrepio só de imaginar aquele nojento me olhando... E se ele pensar que pode vir atrás de mim para exigir alguma coisa?
Deus me livre.
Hoje é domingo e como de praxe vamos almoçar na casa dos Gupper.
Emerson Gupper é primo do Otávio, marido da minha irmã e mora na casa ao lado da nossa, que também é perto da casa do Lívio e da Malu. Pois é, todos moram no mesmo condomínio, como uma família feliz.
E devem ser mesmo, ninguém aqui é como eu — apesar do ocorrido com a Jade, ela teve e tem o Otho para se apoiar.
Enquanto tudo o que tive foram as reuniões, horas na psicóloga, remédios e muitas noites de insônia e pesadelos.
Apesar do trauma, hoje a alegria da minha irmã é palpável.
Emerson e Angel Gupper também tem uma vida de cinema junto com a sua família de comercial de margarina.
O Lívio e a Malu andam se virando em um relacionamento precoce, mas que gerou o fruto mais lindo, que é a Lizzie. E tem dado certo.
Enquanto eu continuo aqui, sozinha no almoço de domingo tendo que fingir que não me afeto com esse excesso de felicidade alheia.
Pode me chamar de encalhada, rancorosa, ou o que for, mas as vezes me irrito ao pensar que eu poderia estar com o meu marido e com meu bebê em uma hora dessas. Claro, se ele não fosse um maníaco asqueroso.
Assim que entrei na casa dos Gupper senti a bile subir.
E lá está a Joana coitadinha em mais um final de semana solitário.
Sei que eles não são maldosos para esse tipo de comentário, mas vejo no olhar da minha irmã a pena que tem.
Claro, estou com quase quarenta anos e continuo sozinha.
Meu respiro esses últimos dias tem sido Dinis, nós trocamos mensagens absolutamente todos os dias desde que nos conhecemos e até chegamos a jantar duas vezes enquanto ele ainda estava no Brasil.
E pasme, não transamos. Mesmo querendo muito!
O problema foi que nas duas vezes que saímos, o telefone dele tocou e assim que me deixou em casa teve que voltar para a labuta.
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SHARBERTY - A Liberdade Inexplorada
Roman d'amourJoana Sharp nunca pensou que iria gostar de ser o centro das atenções. Nunca pensou que iniciar uma nova jornada apostando em algo que acredita, iria lhe trazer tantos benefícios - financeiro, mental e pessoal -, também não pensou que dinheiro e vis...