Capítulo 4

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As próximas semanas foram uma completa loucura, primeiro veio a correria para a inauguração da ALM e com a repercussão seguiu reuniões e eventos, descontroladamente um atrás do outro.

A cada piscar de olhos era um dia que estava indo embora e quando menos esperei já estava embarcando sentido Atenas na primeira classe.

"É bom que valha muito a pena essa viagem! Eu devo ter misturado o calmante com vinho quando aceitei essa loucura" já estava entediada e por isso mandei a mensagem para a Mariana.

E só estou na quinta hora de vôo.

"Eu não acredito que você está reclamando Joana" por sorte, não demorou muito tempo para chegar a resposta, seguida de um emoji bravo.

"A previsão é de um dia e meio" me aproveitei do emoji e mandei três chorando. "Um dia e meio" reforcei o tempo com várias exclamações seguidas.

"Deixa eu ver...", "Um dia e meio viajando de primeira classe, quando chegar vai ficar em um hotel cinco estrelas, jantar com o corregedor-geral da Grécia que é a definição de pecado na terra, fechar um acordo muito foda com ele, conseguir pelo menos três salários mínimos por mês desse gostoso, e então vai para uma festa fodastica e super reservada onde só tem gente muito rica e que você pode conseguir contatos valiosos", "Estou me esquecendo de alguma coisa?", "Ah sim... Tudo na faixa! Você é uma filha da puta sortuda!" dei risada sozinha das mensagens e me estiquei na poltrona (que é do tamanho de uma cama) que eu estava confortavelmente deitada.

"É... Vendo por esse lado nem parece tão ruim ter que encarar o Orfeu e o seu amigo Egocentrismo".

"Que dilema né amiga" a mensagem escorreu ironia.

"Mari, o que ele tem de bonito, tem de sem vergonha".

"Você não está indo casar com ele, são negócios meu amor, no máximo uma sentadona profissional".

Minha mente me levou direto na pegada que ele me deu no dia do casamento da Jade. Na lembrança da sua mão forte, impositiva, o seu corpo másculo, duro, o cheiro almiscarado, sensual... Todas as sensações daquele momento voltaram com força e foi impossível conter o som que escapou dos meus lábios ao pensar naquele homem me tocando novamente.

A minha sorte é que estou sozinha na cabine dupla, porque senão iria morrer de vergonha.

— Estou te perguntando se você está interessada que eu a desvende dentro de um quarto... Foder, foder bem gostoso.

Fechei os olhos e foi como se eu estivesse vivendo o momento novamente, as sensações voltando como se estivessem impregnadas na memória; me arrepiei ao relembrar da sua voz rouca no meu ouvido, o hálito quente soprando no local sensível enquanto sua mão me segurava pela cintura de uma maneira tão absoluta que a recordação foi capaz de me fazer formigar como se ele estivesse me tocando agora.

Orfeu é um homem que remete a sexo. Sua postura, olhar, andar, roupas, até as inúmeras tatuagens é capaz de te fazer questionar o seu desempenho sexual.

E olha que eu não sou uma pessoa nada sexual.

A Jade sempre foi muito ativa, desde a adolescência, enquanto eu sempre procurei estudar e crescer profissionalmente, me apegando a outros tipos de experiências. Perdi a minha virgindade por pura curiosidade e não foi lá essas coisas, o segundo menino com quem transei também não teve um bom desempenho, e assim se sucedeu uma sequência de experiências desastrosas que descarrilhou a minha vida.

Em um certo momento comecei a achar que o problema está em mim e não nos caras. Por que não é possível que eu seja tão azarada a ponto de não conseguir achar umzinho que me fizesse revirar os olhos na cama.

SHARBERTY - A Liberdade InexploradaOnde histórias criam vida. Descubra agora