Após horas tratando só de negócios, Rodrigo parou para almoçar com o sócio em um restaurante perto da empresa. Aquele tempo longe dos deveres ajudava a descansar sua mente, no entanto, naquele dia, seus pensamentos estavam longe e nem a conversa fiada de Júlio, sentado a sua frente, o acalmava.
— Sara deve estar com as mãos lotadas de compras — murmurou após inspirar fundo.
— Isso te preocupa?
Olhou confuso para o amigo, logo notando que pensou alto.
— Esqueça.
Júlio riu e Rodrigo o encarou sem entender a reação.
— Está curioso em saber que tipo de roupa ela comprou.
— Confio no bom gosto dela.
Mesmo após falar isso, não conseguiu parar de pensar que, teoricamente, Sara pensava como uma garota de dezessete anos. O que uma adolescente compraria com um cartão sem limite? Tinha de ter a acompanhado para garantir peças adequadas para reuniões e festas sociais.
— Fala a verdade. — Júlio apoiou o queixo na mão. — Lembro que a Sara adorava roupas coloridas, curtas e justas, em vez daquelas coisas escuras que ela comprou depois de casada. — Júlio sorriu com malícia. — Lembra a roupa que ela usou na formatura do colegial?
Rodrigo tentou lembrar, mas na época evitava os avanços de Sara, e prestar atenção nas roupas dela não eram sua prioridade.
— Você lembra? — Rodrigo questionou estranhando o sorriso do sócio.
— Ah, claro que sim! Era um vestido que deixava as coxas dela a mostra. E que coxas!
Rodrigo pegou o celular.
— Ligarei para Laura preparar seu enterro — ameaçou com o olhar atravessado.
— É brincadeira! — apavorou-se Júlio se inclinando sobre a mesa para tentar pegar o celular do amigo. — Laura anda muito sensível e chorando a toa. Nem pense nisso!
Rodrigo o olhou contrariado e guardou o celular.
— Então não lembre o que não deve.
Júlio gargalhou.
— Esta com ciúmes?
— Claro que não. Só não gosto dos seus comentários idiotas.
— Sei.
— Deixe de pensar bobagens — resmungou querendo mudar o foco da conversa. — Se Laura concordar, poderíamos jantar os quatro juntos.
— Quando?
— No fim de semana que preferirem.
— Pode ser amanhã, na minha casa?
— Quer estar pronto para o caso da Sara agredir a Laura novamente?
— Pensei em apresentar os gêmeos para a Sara. Ver se ela se recorda deles. Mas agora que você falou isso... — Júlio riu sem graça.
Rodrigo entendeu o embaraço do amigo. Ao mesmo tempo que desejava que, ao ver Laura e as crianças, a esposa lembrasse de tudo, temia o resultado de colocar Sara perto de Laura.
~*~
Depois de horas indo de loja em loja, comprando roupas, sapatos e tudo que gostasse, Sara finalizou o dia de compras.
Dentro do carro, entregou a folha destacada de sua agenda e pediu ao motorista que as levasse ao endereço marcado nela. Em minutos paravam em frente a uma galeria.
Ansiosa, Sara desceu do carro e junto com Marta entrou no local, os olhos atentos a tudo e todos no ambiente.
Marta, andando ao lado dela, não entendia o motivo de estarem ali, e de Sara parecer mais interessada nas pessoas do que nos diversos tipos de obras no local. Seguiram até uma parte com esculturas penduradas em diversas posições e tamanhos. Marta observou as formas femininas, impressionada com a beleza de algumas, pareciam vivas de tão perfeitas.
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Páginas em Branco ~ Degustação
Romance+18 ~ Sara dedicou dez anos de sua vida a Rodrigo Montenegro, seu marido ~*~ - Gritar não resolverá nossos problemas, só me irrita, Sara. - Tudo te irrita - retrucou farta de lutar por aquele casamento. - Queria nunca ter me apaixonado por um egocên...