Depois de almoçarem, Júlio levou Rodrigo ao escritório, montado ao lado da sala, justificando terem assuntos da empresa para resolver. Sara e Laura retornaram a sala de estar, observando os gêmeos brincarem enquanto conversavam animadas.
Sara ouviu fascinada tudo que se passou na vida de Laura desde que se formou no colegial. A amiga contou que casou com Júlio há sete anos, trabalhava como decoradora de interiores e não via a hora de segurar o filho que crescia em seu ventre, um menino que aumentaria a alegria do casal. Riu quando a Laura narrou todas as loucuras que Júlio cometeu nos últimos meses, para atender os desejos que ela tinha no meio da noite, e os ataques de choro que, às vezes, incomodavam a própria Laura.
Em certo momento, quando a conversa era em tom de total descontração, Sara fez a pergunta que povoava sua mente.
— Porque não me visitou no hospital? Ou no apartamento do Rodrigo?
Sem graça, Laura desviou os olhos para os filhos, que brincavam alheios a conversa dos adultos, antes de responder com voz triste:
— Um ano atrás discutimos e você me pediu para nunca mais cruzar seu caminho — Laura secou as lágrimas que começavam a embaçar sua visão. — Desculpe, ando muito sensível nessa gravidez. A dos gêmeos foi bem mais tranquila.
— Entendo que esteja sensível, mas poderia me dizer por que brigamos? — perguntou Sara notando a tentativa de que Laura em mudar o foco da conversa.
— É complicado explicar...
— Lau, por favor, me ajude — suplicou a ruiva segurando as mãos da amiga entre as suas, seus olhos fixando-se nos dela. — Desde que acordei no hospital, sem lembrar os últimos dez anos, vivo cercada de dúvidas, sobre meu estranho casamento, o rumo que tomei na vida, até mesmo sobre quem eu fui. Por favor, me ajude!
— Você me acusou de ser amante do Rodrigo — Laura despejou em um só fôlego. — Mas não sou, juro. Amo o Júlio, jamais faria isso com ele... Com você... — explicou desesperada, a voz falhando, tentando controlar a imensa vontade de chorar.
As crianças viraram confusas para as adultas, ao que Sara sorriu para acalmá-las. Pareceu surtir efeito no menino, que voltou a se concentrar no carrinho, mas a pequena Ana continuava a observá-las com curiosidade.
— Tudo bem! Acredito em você! Não fique nervosa — disse para acalmar a amiga, que a encarou surpresa.
— A-acredita?
— Lógico — confirmou com um sorriso. — Sei que ama o Júlio e que não o trairia. Mesmo que fosse pelo Rodrigo que, vamos combinar, é lindo, mesmo sendo tão chato às vezes. — Sara piscou travessa e Laura riu, como a ruiva havia esperado. Tinha de aliviar a tensão da amiga, e afastar a curiosidade de Ana, antes de continuar. A pequena, sorriu diante da risada da mãe e voltou-se para brincar com o irmão. — Lau, quais motivos eu usei para acusá-la de se amante do Rodrigo?
Laura mordeu o lábio. Querendo ajudar Sara, e recuperar sua amizade, decidiu ser sincera.
— Estávamos os quatro na sala do Júlio. Você elogiou a decoração que eu fiz na sala dele, e disse ser melhor que a do seu marido. Foi quando me ofereci para decorar a do Rodrigo. Nessa hora você se jogou sobre mim, começou a me bater, xingar e acusar de coisas horríveis, como querer me aproveitar para fazer coisas com o seu marido. Rodrigo e Júlio te seguraram, mas você não se controlava e tive de ir embora — relembrou Laura com tristeza. — Esperei uma semana antes de te procurar, na esperança de que tivesse se acalmado. Fui visitá-la, junto de Júlio, para me explicar, dizer que só queria ajudar. Mas, assim que nos viu, você se descontrolou e jogou vários objetos na nossa direção. Nos expulsou e gritou que se me visse outra vez perto do Rodrigo me mataria. Depois disso não nos falamos mais — Laura finalizou, deixando Sara chocada com seu relato.
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Páginas em Branco ~ Degustação
Romance+18 ~ Sara dedicou dez anos de sua vida a Rodrigo Montenegro, seu marido ~*~ - Gritar não resolverá nossos problemas, só me irrita, Sara. - Tudo te irrita - retrucou farta de lutar por aquele casamento. - Queria nunca ter me apaixonado por um egocên...