Acomodada no sofá da sala ao lado de Rodrigo, Sara admirava o interesse dele em suas compras. Eram tantas perguntas sobre o que comprou que cogitou pegar as dezenas de sacola em seu quarto e mostrar tudo a ele. Nunca imaginou conhecer um homem tão interessado em compras femininas.
E também havia o olhar intenso dele quando entrou no apartamento. O jeito que ele a analisou de cima a baixo, demorando-se na pele nua de suas pernas e ventre, que a minissaia xadrez e cropped rosa não cobriam, fez suas bochechas esquentarem e chamas percorrerem cada centímetro esmiuçado pelos olhos escuros.
Rodrigo não disse nada contra a roupa, mas Sara notou um leve franzir de cenho ao chegar ao fim da saia, um palmo acima de seus joelhos. Sua impressão foi validada quando ele perguntou se as outras roupas eram do mesmo tamanho e, ao receber a notícia que algumas eram, torceu levemente a boca. Para Sara foi o mesmo que dizer: "Me arrependo de ter fornecido o dinheiro" ou "nunca mais sairá sem supervisão".
Logo, além de falar sobre as peças que comprou, passou a defender o tamanho de suas novas roupas. Esteve tão concentrada nisso que perdeu a fala quando Rodrigo mudou de repente o foco da conversa.
— O motorista disse que foram a uma galeria após as compras.
— Eu... — Sara pigarreou, incerta. Conhecia Rodrigo muito pouco para garantir que não se incomodaria com seu encontro com Robson. E se a proibisse de voltar a vê-lo? Torcendo para Rodrigo não perceber seu embaraço, declarou tensa: — Gosto de arte.
— Nunca me falou isso. — Os olhos escuros a fitavam com tamanha intensidade que Sara temia que lesse sua mente e alma. E havia um grande perigo se o fizesse.
— Nem sei o que te falei ou deixei de falar — gracejou dando de ombros e, lançando a ele um olhar curioso, questionou: — Como nos conhecemos?
Rodrigo estranhou a expressão aflita que cobriu o rosto de Sara, mas decidiu retornar aquele assunto depois.
— Júlio nos apresentou quando me mudei para Cezário.
Animada com a perspectiva de saber mais sobre seu relacionamento com Rodrigo, colocou as pernas sobre o sofá, ajeitando-se de lado.
— E como foi?
— Hum, normal — respondeu distraído com o movimento dos seios sem sutiã enquanto ela se remexia para encontrar uma posição confortável, e nas coxas desnudadas pela subida da saia.
— Normal? — Fungou aborrecida. — Quero detalhes. Já me disse que começamos a namorar depois do colegial, mas como foi? Quando decidimos ser um casal e porque nos casamos? Quer dizer, todos parecem achar inacreditável nosso casamento.
— Hum... Eu tinha que me casar um dia e você me pareceu perfeita.
— O que posso entender por perfeita? — quis saber atenta.
— Nos eventos que participávamos sempre era elegante, educada, uma boa anfitriã.
— Esse é seu ideal de esposa? — questionou aborrecida por ser resumida a uma espécie de esposa troféu.
— Havia outras coisas que me atraiam.
— Quais?
Com a agilidade de um felino, Rodrigo surpreendeu Sara ao puxa-la para seu colo. Com as pernas dobradas de cada lado dos quadris masculinos, instintivamente ela plantou as mãos no tórax dele, sentindo através da blusa social o calor dele.
— Lembra-se do que me prometeu hoje de manhã? — ele questionou. Os olhos escuros fitaram os lábios dela por um segundo antes de se erguerem flamejantes.
Estavam muito próximos, seu calor e o cheiro amadeirado dele a envolvia e, junto com o brilho faminto dos olhos escuros, acelerava seu coração.
— Sim... — Sara respondeu com voz fraca, sentindo as mãos fortes, acariciando a pele nua de sua cintura, deslizarem provocantes para a curva de seu quadril puxando-a para mais perto.
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Páginas em Branco ~ Degustação
Romance+18 ~ Sara dedicou dez anos de sua vida a Rodrigo Montenegro, seu marido ~*~ - Gritar não resolverá nossos problemas, só me irrita, Sara. - Tudo te irrita - retrucou farta de lutar por aquele casamento. - Queria nunca ter me apaixonado por um egocên...