Controle

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A chuva não deu trégua o domingo inteiro e na segunda não foi diferente. Seu barulho tranquilizante, aliado ao clima frio, fizeram Sara pensar em adiar seus planos e permanecer enrolada no edredom quentinho. No entanto, um clarão, seguido de um estrondo assustador, a fez sentar na cama com o coração a mil. Amava o som da chuva na mesma intensidade que odiava trovões.

Suspirou, sentida pela frustração de seus planos de dormir mais um pouco e, quando outro trovão ecoou potente, desistiu de vez de dormir e seguiu para o banheiro.

Depois de um banho, que a fez lamentar abandonar a água quentinha, se secou, colocou seu roupão e seguiu até sua penteadeira para se maquiar. Destacou os olhos com lápis, os cílios com rímel e completou com um batom clarinho. Depois concentrou-se no longo cabelo, penteando-os de forma a caírem em uma cascata de cachos por seus ombros e costas.

No closet escolheu calças jeans skinny e camisa de gola alta e manga comprida branca com listras rosas. Duas peças do guarda-roupa escolhido pela "senhora Montenegro" atraíram sua atenção, lindas botas de cano baixo vermelhas e um casaco longo e macio também vermelho.

Sentindo-se bonita e apresentável, pegou uma bolsa transversal pequena, preparada na noite anterior, e seguiu até a cozinha para comer algo antes de sair.

Por ter visto o horário ao levantar, não se surpreendeu ao encontrar Rodrigo em pé, encostado na pia ao lado da geladeira, tomando seu café. Assim como foi esperado seu suspiro de aprovação, e deslumbramento, ao acha-lo bonito de roupa social e cabelo penteado para trás.

— Bom dia, Rodrigo! — cumprimentou sorrindo.

Deixou a bolsa em cima da mesa e andou até a geladeira, abrindo-a para pegar a jarra com suco de laranja.

— Bom dia! — Rodrigo respondeu quase em um sussurro, que Sara só ouviu por estar próxima dele.

Estranhando o tom baixo, colocou a jarra na bancada do armário e, antes de voltar a inspecionar a geladeira atrás de opções para comer, o encarou. Ficou sem ar ao notar a forma que Rodrigo a olhava, com um brilho diferente ao percorrer seu corpo da cabeça aos pés. Segurou-se para não verificar se havia algo de errado na roupa, já que ele a fitava como se estivesse nua ou algo do tipo.

— Está bonita hoje, quer dizer, sempre está...

Percebendo o embaraço de Rodrigo com o próprio comentário, Sara riu, o encanto de ser admirada quebrado pelo divertimento. Pelo jeito seu marido não costumava elogiá-la, ou não o fazia ha muito tempo, só isso explicava a reação confusa ao fazê-lo agora.

De início Rodrigo ficou emburrado - ser motivo de gozação da esposa não era nada agradável -, mas depois sorriu e, antes que ela antecipasse seu movimento e intenção, a puxou pela cintura. A trouxe de encontro ao seu corpo, seus braços envolvendo-a em um abraço, suas mãos infiltrando-se por baixo do casaco e deslizando pelas costas cobertas pela camisa.

Surpresa Sara o encarou e tremeu ao enxergar um brilho desejoso nos olhos escuros. Tudo nele transpirava sedução. O perfume e o calor dele a envolvia, gerando uma onda de desejo por cada parte de seu ser como nunca sentira antes de conhecê-lo no hospital. Ou, como era mais provável, não se lembrava de ter sentido.

No dia anterior tinham se limitado a conversas e assistir filmes na sala, em uma tranquilidade minuciosamente controlada por ele. Chegaram a trocar beijos leves e quase pueris, que quando avançavam para intensos e incontroláveis para Sara, Rodrigo os encerrava, sendo o único responsável por não acabarem na mesma cama.

Percebeu o exato momento em que o constante controle sumiu do rosto de Rodrigo, e sentiu a pele se arrepiar quando ele se inclinou e distribuiu beijos por seu ombro, depois a curva de seu pescoço. A trilha de fogo vencendo o tecido da blusa dela, fazendo-a derreter-se, afastando qualquer possível desejo de fuga ao chegar ao lóbulo de sua orelha e, ao morde-lo devagar, arrancar um gemido suave. O hálito quente dele fazia cócegas em sua pele.

Lançou os braços em volta do pescoço dele e o puxou para mais perto, querendo mais daquela doce tortura. E soltou um pequeno resmungo quando ele parou de beija-la.

Rodrigo se afastou o suficiente para observar a esposa, satisfeito ao notar a face ruborizada e os olhos verdes transparecendo que o desejava. Estava cansado de gerenciar seu desejo por ela, de dar tempo para que se acostumasse com o fato de serem casados, de tomar banhos frios para amenizar as sensações que beijar e tocar Sara despertavam nele.

Ela aceitou dar uma chance a eles, nada melhor que deixar que a paixão que o consumia explodisse. Preferia que fosse embaixo dos lençóis, mas, no estado em que ficava a cada vez que a tinha em seus braços, se acostumaria com qualquer lugar.

Sara soltou um gritinho de surpresa quando as mãos de Rodrigo agarraram sua bunda. Ele a levantou em seus braços e a fez sentar sobre a mesa, unindo seus corpos de forma que pareciam prestes a se fundir.

— O que pretende? — Sara conseguiu perguntar arfante entre confusa e ansiosa.

— Começar bem o dia — Rodrigo respondeu deslizando as mãos pela cintura feminina, seus lábios roçando os dela enquanto falava. — Te desejo, Sara. Quero te possuir aqui e agora. — Para mostrar o quanto a queria, a puxou, aproximou-se ainda mais de forma que sentisse sua excitação.

As palavras roucas de desejo, o roçar das bocas sedentas em se unirem e a ereção fizeram Sara sentir o corpo fraco e trêmulo. Felizmente estava sentada e segura nos braços de Rodrigo, pois suas pernas não garantiriam sustentá-la se fosse necessário.

Rodrigo deslizou a língua na boca que tanto desejava, dominando-a com beijos famintos, selvagens e carregados de luxúria, descarregando ondas elétricas de prazer em ambos.

Consumida pelo calor irradiado por ele, Sara rodeou o marido com braços e pernas, o apertando contra si, necessitando aumentar ainda mais a intimidade da posição.

Sentiu a respiração falhar quando Rodrigo introduziu uma mão por baixo de sua blusa, subindo-a até um seio, tocando-o por cima do sutiã. Gemeu baixinho contra a boca dele, os dedos mergulhando nos fios escuros do cabelo dele, puxando-o, ansiosa por mais.

— Também te quero — murmurou entre beijos.

Páginas em Branco ~ DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora