Capítulo 6 - Ethan

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Nós tínhamos um apartamento no andar de cima da boate, lindo e todo decorado. Mas, era só um disfarce. Depois de alguns eventos ocorridos com o Lorenzo, ficou decidido que dormiríamos no subsolo do prédio. Segundo ele, era só por precaução. Mas a precaução dele custou caro. Colocou portas de aço reforçado e fez uma saída extra, dentro de um conjunto de lojas ao lado. Loja da qual também éramos donos. Mas que ninguém sabia.

Não me pergunte o que ele fez para comprar esse prédio ou a loja, mas eu posso garantir que não foi algo bom. Lorenzo era um bon vivant, e também era um lobo em pele de cordeiro. O fato é que ninguém nunca apareceu reclamando nada e ao que parece toda a documentação estava em ordem.

Foi algo natural, cada um assumir uma tarefa na boate. Lorenzo era o relações públicas. Luna assumiu o trabalho de cuidar e tratar com os funcionários e eu assumi a parte administrativa. E tentava ao máximo dar uma cara de legalidade a tudo, mesmo sabendo que quase nada do que tínhamos ou fazíamos era legal.

Lorenzo, em pouco tempo, fez amizades com policiais e bandidos. Era nato dele ser o mais amigável e se misturar com todos. O dinheiro entrava e saia do caixa com facilidade. As propinas também. Nossa boate era um point de gente sem caráter, mas altamente endinheirada. Mas todos, sem exceções, respeitavam os donos, as regras, respeitavam os garotos e principalmente as garotas. Todo nosso lucro, Lorenzo nos fazia transformar em peças de ouro ou joias e guardava em cofres de vários bancos, em países diferentes. Como ele fazia isso, não sei. Eu coordenava as contas. Ele levava o dinheiro e trazia os comprovantes, cada país com um nome diferente. Ele queria ter algo em que se apoiar. Eu concordava.

Todo dinheiro que entrava dos meus trabalhos investia em coisas que pudesse deixar num lugar seguro. Nada que alguém pudesse ter conhecimento para querer nos tirar.

A boate tinha uma alta rotatividade, dava um bom dinheiro e tínhamos que ostentar o real valor dela, então nos dávamos pequenos luxos visíveis aos outros. Os meus luxos, eram eletrônicos de última geração. Especialmente peças pequenas e caras que facilitassem meu trabalho.

Chegando no meu quarto, no porão, liguei o ar para tirar a sensação de sufocamento e a roupa pra tomar um banho.

O cheiro do garoto estava em mim.

Garoto... garoto porra nenhuma. Era uma menina, uma garota.

A Luna era uma retardada. A garota devia ser de menor. Se como menino, seus documentos eram referentes a 18 anos, como menina eu daria bem menos idade. Se algo acontecesse a ela estaríamos muito ferrados.

Se bem que, como garoto também estaríamos, pois se mentiu sobre o próprio sexo, com certeza mentiu a idade para a idiota da minha irmã.

Que porra. Odiava segredos. Minha família era um poço de segredos. Mas entre nós três achei que não houvesse mais nenhum.

Não que eu saísse por aí, dizendo os trabalhos que fazia, mas não escondia de nenhum deles e sempre os prevenia se tivesse que fazer algo perigoso.

A Luna e os seus amigos secretos. Amigas... esse era o modo correto de dizer, nesse caso. Mania de achar que tinha que ajudar todo mundo.

Nunca conversamos sobre o tiro, as mortes de sua mãe Carmem e do nosso pai..., mas a sensação que eu tinha, era que ela vivia tentando recompensar os outros por isso.

Além da mascote ninja, tínhamos a dançarina das coxas grossas que eu também não tinha informações...

Mas já tinha elaborado um plano para as duas. Só tinha um lugar que eu sabia que ambas sempre iam e ninguém nunca usava além da Luna. Era uma das salas privadas.

Como não deixávamos ninguém fazer programas aqui dentro, as salas foram trancadas ou utilizadas para alguma outra coisa. Mas as salas roxas e a azul, como eram chamadas, serviam como uma espécie de camarins e apenas nossa dançarina usava a azul, pois a Luna queria manter a 'magia' em torno da garota mascarada e a mascote podia entrar, pois abastecia o lugar quando precisava.

As outras dançarinas usavam a sala roxa e aceitaram muito bem esse esquema, porque todas dividiam as gorjetas no final, então ninguém se sentia preterida.

Saí do banheiro, joguei um moletom no corpo e verifiquei meu equipamento de monitoramento. Eu ainda tinha uma micro câmera espiã e ela tinha visão noturna e sensor de movimento. Era perfeita para o que eu precisava e serviria muito bem ao meu objetivo.

Verifiquei as portas dos quartos ao redor estavam fechadas. Meus irmãos deveriam estar dormindo. Quando não estavam, as portas ficavam abertas. Esse era nosso jeito de comunicar que estávamos todos bem e no mesmo lugar.

Subi silenciosamente as escadas do porão e empurrei a porta da despensa onde ficava escondida a porta de entrada para o porão.

Segui pelo corredor, pelos pontos cegos evitando as câmeras. Já tínhamos feito assim pra que pudéssemos ter alguma privacidade, caso precisássemos.

Entrei na sala azul. Precisava de um local estratégico onde ela, ou os outros não percebessem. A sala continha um armário com tranca, uma penteadeira com maquiagens e afins. Um sofá com o mesmo contorno do palco, que tinha um poste de pole dance no meio. O poste ficava num ponto estratégico. Próximo a ele, tinham panos pendurados o que facilitaria para esconder a micro câmera. Não que alguém sem treinamento, fosse reparar numa sujeirinha de 2 cm.

Ninguém daria o valor real pra essa coisinha, mas a resolução Full HD dela, era perfeita. Era um dos meus brinquedos favoritos.

Peguei a cadeira que estava em frente a penteadeira e coloquei próximo ao poste, dele daria pra ver quem saia do banheiro e quem entrava pela porta, mas principalmente, dali dava pra ter uma visão perfeita do armário e da penteadeira. E era dessa visão que eu precisava. Precisava ver seu rosto antes que se escondesse atrás da máscara. E se eu visse o resto também não me importaria. Se a pequena ninja problemática, se trocasse aqui, ao invés de utilizar o banheiro, seria um bônus duplo.

Eu tinha consciência que não era algo certo a se fazer, mas a muito tempo eu tinha deixado o certo para trás. Eu evitava ao máximo prejudicar os outros, mas naquele caso, eu estava mais me garantindo e garantindo a tola da minha irmã. Vai que essa garota fosse roubada... era melhor pensar assim do que pensar que eu estava me tornando um stalker.

Peguei a micro câmera e prendi no poste, acionei ela no celular e testei para ver a altura e qualidade da imagem. Era isso, mais cedo ou mais tarde, eu a pegaria. Talvez com sorte, eu conseguisse pegar duas pelo preço de uma. Depois veria o que fazer com elas.

Mulheres Poderosas I - DonnatellaOnde histórias criam vida. Descubra agora