Capítulo 15 - Donnatella

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As quatorze longas e cansativas horas de voos do Chile até a França permitiram que eu cochilasse e engolisse alguma coisa. Apesar das pequenas turbulências, o voo foi tecnicamente tranquilo.

Saímos do Chile a noite e chegamos à tarde em Paris, a diferença de seis horas no fuso horário bagunçava o sistema imunológico de qualquer um. Sendo quatro da tarde em Paris, deveria ser dez horas no Chile e onze na Argentina. Eu já tinha deixado Bariloche a vinte e quatro horas.

Logo T receberia instruções. Sim, eu providenciei para que eles ficassem seguros. Ou tentei pelo menos. Se T quisesse manter seguro seus novos amigos, teria que tirá-los dali. Sabia que tinha algo ruim chegando, mas nada que ele não pudesse se livrar. Ethan e Lorenzo, apesar de não terem nascidos na criminalidade, também tinham uma boa bagagem. Conseguiriam se safar se fossem expertos e saíssem enquanto estavam em vantagem.

Eu fiz o que foi possível. Agora dependia de eles querer ou não, estar ali. Eu tinha outra tarefa e precisava sair do aeroporto com minha bagagem exclusiva.

Eu teria que sair pelo portão 21. Lá tinha um policial francês que era propenso a agrados e não iria vasculhar nada ou fazer perguntas, já tinha utilizado os serviços dele em outros trabalhos e ele sempre estava disponível. Todos tinham preço inclusive os guardas nos aeroportos.

Encontrei meu colega que não me reconheceu a meu ver, pudera eu nunca estava com a mesma cara. Mas eu sabia o código.

_ J'ai besoin d'aller aux toilettes. Ce contrôle prend-il? Puis-je laisser le sac avec vous et aller au sac en cours d'exécution? (Preciso usar a toalete. Essa checagem demora? Posso deixar a mala com você e ir ao banheiro correndo?)

Percebi o momento em que ele desligou o detector de metal e eu passei com minha pequena valise, mas faltava o principal a mala que eu trazido do Chile e nela tinha (ou deveria ter) um brinquedinho super especial e super perigoso, chamado RPG-7.

Sim, eu tinha adquirido um pequeno e portátil lançador de granada, não daria pra pegar o Romeu se não estivesse com o material que eu sabia que passaria pelas barreiras dele.

_ Se quiser podemos fazer uma checagem privada, enquanto a senhora usa a toalete - ele continuou com seu francês – Não é padrão, mas se você não se importar lá tem banheiro e você pode usar enquanto vistoriamos sua bagagem.

_S'il te plaît. Doucement. – Respondi, esfregando as pernas umas nas outras mostrando minha aflição para ir ao banheiro.

Ele pediu para alguém substitui-lo na fila e pediu para uma colega mulher o acompanhar. Segundo o procedimento somente uma mulher pode revistar outra.

Entrei na sala que tinha ao lado e a garota me mostrou o banheiro. Eu sabia que ele precisava ficar sozinho. Precisava abrir a mala e retirar a parte dele em dinheiro e dar o ok de checagem, mas sem a policial feminina perceber.

Então a chamei para entrar comigo no banheiro.

_ Não quer vir comigo ao banheiro. Já tenho que tirar a roupa mesmo. Aproveito e faço isso uma só vez. Ela me seguiu como se fosse algo normal. Eu abaixei as calças e fiz xixi, não foi tanto quanto demonstrei, mas pelo menos saiu. Levantei a calcinha e pedi para lavar as mãos. Tirei a blusa e a calça do uniforme, demorei o tempo que considerei necessário para o policial da sala abrir e fechar a mala. Fiquei apenas com a segunda pele escura que estava em baixo. Levantei a segunda pele de cima e abaixei a de baixo e ela passou as mãos por todo meu corpo e o detector de metal também. Olhou meus pés e sapatos e me permitiu vestir a roupa novamente. A segunda parte da revista tinha acabado. Faltava só saber da mala.

Saímos para a sala e o outro policial estava acabando de fechar a mala e travá-la. A policial olhou para ele e o questionou com a cabeça e ele balançou positivamente e ela fez o mesmo. Ele colocou a mala no chão e me entregou.

Mulheres Poderosas I - DonnatellaOnde histórias criam vida. Descubra agora