Mulheres Poderosas I - Donnatella

Capítulo 16 - Ethan

Depois da reunião com Takeo, comecei a fazer uma vistoria nas câmeras ao redor da boate. Eu conseguia entrar nos diversos sistemas e percebi que com certeza alguém estava nos monitorando.

Voltei atrás algumas horas e vi Donnatella indo embora. Até que se misturou com as pessoas no centro e se tornou invisível.

Queria estar mais focado em proteger minha família, mas estava relapso e avoado.

_ Ethan – chamou Lorenzo – Olho o que o seu garoto fez. – disse me trazendo um envelope grande e com o Takeo em seu lado.

Peguei o envelope e tirei de dentro dele vários papeis. Entre eles, a planta de um bunker.

Parecia bastante espaçoso, continha quatro enormes quartos que davam para uma grande sala e uma cozinha que aparentava ser bastante espaçosa. Tinha também uma área, uma espécie de varanda, com um tipo de academia ao lado e havia um espaço que estava descrito como estufa.

E por fim, possuía três túneis que pela dedução lógica, eram prováveis rotas de fuga. Anexo tinha a planta da casa, na parte superior. Bem mais simples. Uma casa de fazenda. Com quartos menores. Junto ao envelope vinha fotos do bunker, ele estava totalmente montado para morar. Tinham eletrônicos bons, nada de última geração, mas tudo podia ser modificado. Havia fotos dos celeiros, ao lado da casa. Tinha também fotos de uma árvore próximo a uma estrada e de um terminal de ônibus. Acredito que onde desovaria as saídas. Na foto da casa tinha um sulfite impresso « ONTÁRIO – LOGO ».

Terminei de ver os documentos, onde continha endereços, estratégias e outras informações pertinentes. Quando terminei de ver tudo, arqueei as sobrancelhas para os dois que me olhavam com atenção.

_ Entendi que é um local seguro e????

_ A Donna mandou para mim, chegou hoje pelo correio. Chegou essas fotos também – Takeo me estendeu as fotos de um pessoal bem armado, monitorando a boate, um gorila de olho em Luna, em mim e outro no Lorenzo.

_ Acho que esse é o jeito dela dizer que, estamos sendo vigiados e mostrar um local seguro pra nós irmos. – disse Lorenzo.

_ Canadá? Acha mesmo que ao sairmos daqui precisaremos nos esconder em um bunker?

_ Um bunker sempre será um local seguro pra nós. Não importa de onde virá o chumbo, ele ainda pode nos atingir, principalmente considerando que talvez eu tenha tentado me vingar do Ivan, pela morte da minha mãe.

_ Você fez o que?

_ Em outro momento te conto, prometo. Mas agora eu preciso de você para decidirmos o que fazer. - Olhei para ele pasmo e irritado – Ethan, precisamos sair daqui e tirarmos o máximo do que pudermos, no menor tempo possível. Mudar de nome, pode ser uma boa também.

_ Lorenzo, você está elevando nossa saída a um outro nível. Quão ruim é a merda que você está envolvido?

_ Primeiro. Nós estamos envolvidos. Se eu bem me lembro, você e a Luna concordaram com cada decisão. E segundo, quanto a me vingar do Ivan. Bom isso, eu não preciso da autorização de vocês.

_ Se estamos sendo vigiados, como viajaremos, todos juntos sem levantar suspeitas? Estamos preparados pra uma perseguição?

_ Bom... vocês não podem ir todos agora, muito menos juntos. Terão que ir separados e fazer várias escalas. – disse Takeo – Vocês podem ir, cada um em um dia. E depois se encontrarem, quando for seguro.

_ Ótimo. Perfeito. Como se fosse fácil sair daqui, com mala sem chamar atenção.

_ Não é difícil. Sempre fazemos isso. A primeira coisa é organizar passaportes, destinos e disfarces...

Takeo começou a nos explicar a logística de viver em fuga. Eu não tinha ideia que nossa merda era tamanha, mas a preocupação de Lorenzo com os detalhes, estava me fazendo acreditar que a bosta era muito, muito fedida.

Lorenzo não queria sair antes dos carregamentos serem entregues, ele achava que ter aquele dinheiro faria toda diferença em nossas vidas. Já eu achava que com um bom computador, arranjaria o dinheiro que precisássemos.

Depois de muita discussão, ficou decidido que eu e a Luna iríamos na frente. Não podíamos nos comunicar de forma normal, pois assim que eu saísse dali era provável que, algum hacker conseguisse baixar as defesas do sistema da boate e ter acesso aos telefones e câmeras internas.

A viagem seria em quatro dias. Providenciei um e-mail de Yale para mim solicitando que fosse resolver alguma coisa pendente na universidade.

A ida de Luna comigo seria apenas um pretexto pra viajar e sair da rotina, como o atual "amigo" e meu irmão ficariam, nada seria diferente ou suspeito.

Com certeza alguém nos seguiria até Yale e meu trabalho era me livrar de quem quer que fosse.

Íamos de mochila. Levaríamos apenas o que pudesse ser levado na mão e em uma mala. Havia muita coisa de valor em nossa casa. Quadros, peças, barras de ouro, mas para mim especial mesmo, eram meus eletrônicos. Deixar tudo para trás, mais uma vez, me irritava profundamente.

Mas eu tinha que lembrar que, queria que meus irmãos vivessem e queria viver também, então engoli a seco e comecei a fazer meus preparativos, e apagar nossos rastros, nossa vida e comecei dando início a uma nova. Tudo que eu, como hacker poderia fazer facilmente.

Deixei a pior parte para o Lorenzo fazer. Convencer a Luna que precisávamos nos mover para tão longe e tão rápido não era tarefa fácil. Ainda mais deixando ele para trás.