Eu estava a quase uma semana numa vida extremamente calma. Comia, dormia, dançava e treinava. Vez ou outra uma linda e exuberante ruiva me vigiava ao longe, escondida entre as árvores. Como ela não fazia nada, eu fingia que não a via. Ela me vigia durante o treinamento ou enquanto eu dançava, outras vezes eu acordava a noite e tinha a sensação de ser vigiada, como agora.
Não sei ao certo que horas eram. Sei que ainda não tinha amanhecido, pois eu sempre deixava as cortinas abertas, gostava de ver o nascer e o pôr do sol e aqui conseguia fazer isso da cama.
Senti o vulto entrar no quarto, sabia que era a ruiva e sabia que ela estava esperando a oportunidade de me pegar desprevenida. Quem sabe, se era para me matar. Se fosse esse o caso, não tinha certeza se era a mando do Romeu ou se era um teste feito por Dom Basile.
Ela se aproximou e quando foi encostar as mãos em mim saltei sobre ela e a derrubei ao chão. O baque no chão foi forte e o gemido de dor que ela deu também foi ouvido, eu a virei de costas e a imobilizei.
_ Maledetta ragazza! Eu sabia que você era boa. Mas adivinha???? Posso surpreender você...
Dito isso, ela impulsionou seu corpo e me mandou pra trás com tudo. Caí de bunda no chão. Nesse instante, ambas nos colocamos frente a frente, em posição de combate. Eu tensa e ela com um enorme sorriso no rosto.
Começamos a trocar golpes, socos e chutes. Como se fossemos parceiras e estivéssemos treinando. Eu já tinha entendido que ela não tinha vindo a mando do Romeu para me matar, ela era boa demais e se quisesse realmente me acertar, eu já estaria bastante ferida, mas ela se mantinha apenas num constante treinamento.
Destruímos o quarto, os móveis começaram a pedir clemência depois que nos jogamos sobre eles diversas vezes, a cama se espatifou, a poltrona se encontrava dentro do guarda-roupa, uma anarquia total. Até que fomos interrompidas.
_ Que porra está acontecendo aqui?
Paramos ambas, quando ouvimos a voz do Enrico soar. Ele olhava de uma para a outra e eu sem saber o que dizer.
_ Dom Basile ficará imensamente feliz, em saber que você está machucando sua preciosa irmã, senhorita Ferraz.
_ Eu?... Ela.... Nós não...– Não sabia o que dizer, nem sabia que o todo poderoso Francesco Basile, tinha uma irmã. Para mim, era filho único.
_ Para de graça Enrico, nós estávamos apenas nos conhecendo.
_ Francesco sabe que está aqui Pietra? Até onde eu sei, ninguém tem autorização para estar, desse lado da cerca.
_ Bem, a casa é minha também. Acho que posso circular, por onde quiser.
_ Eu deixarei Francesco se entender com você Pietra. Mas... E quanto a você senhorita Ferraz. É assim que agradece a hospitalidade de Dom Basile? Destruindo suas propriedades e ferindo sua irmã?
_ Em defesa dela, Enrico. Devo dizer que nós ainda não chegamos a parte das apresentações.
_ Nem chegarão Pietra. Dom Basile deve estar chegando e acho melhor ele não te encontrar por aqui.
Merda mil vezes merda. Eu tinha demorado tanto para conseguir chegar aonde estava, não queria que tudo fosse por água abaixo, por uma briguinha de brincadeira.
Mas nesse momento, o diabo em pessoa entra no quarto e eu que já estava bastante chateada, murchei completamente.
Ele primeiro olhou para o quarto. Ao redor, se atentou na cama, no guarda-roupa, na poltrona, nos espelhos quebrados. Depois olhou pra mim, percebi seu rosto vermelho e irritado. Em seguida olhou para a garota, que agora parecia a mais doce e serena das criaturas.
Ninguém disse nada, a presença dele causava esse tipo de impacto. Então, a doce e valente garota logo se refez do baque e o enlaçou com os braços.
_ Bom dia maninho. Como você está hoje?
_ Estava ótimo Pietra. Até te encontrar por aqui.
Virou pra mim e perguntou.
_ Vou querer saber o que houve aqui?
_ Eu respondo. – Interveio a garota – Eu queria ver se sua hospede, era tão boa quanto aparentava e acabei surpreendendo ela enquanto dormia, ela apenas se defendeu.
_ O que você está fazendo aqui, as cinco da manhã Pietra. Na verdade, o que você está fazendo aqui? Não deixei claro que não queria ninguém desse lado?
_ Deixou, deixou sim... isso até me fazer ficar nua em pele e examinar cada pedaço do meu corpo, sem explicação. Então eu vim procurar a explicação... e ela é linda e luta bem pra cacete.
Ela veio até mim e se apresentou formalmente.
_ A propósito sou Pietra Basile. Feliz em finalmente conhecer uma mulher famosa, que dá de dez a zero em muito marmanjo. Você é incrível, sua fã. Obrigada por não pegar pesado comigo.
Olhei para ela por um momento, o sorriso dela era como uma manhã de sol. Como alguém podia bater e sorrir daquele jeito. Deus ela era boa nos dois. Estendi a mão e peguei a dela.
_ Donnatella Ferraz. Eu agradeço e retribuo os elogios, você luta tão bem quanto sorri.
Ela me puxou num abraço delicioso. Como isso era possível, eu realmente não sabia. Eu sempre achei que nós mulheres, quando éramos brutas, éramos assim e pronto. Sem sutilezas ou gentilezas, pelo menos eu não as tinha. Mas essa garota, sabia como ninguém, dosar os dois lados dela e aquilo era muito bom....
_ Para com a palhaçada Pietra. Porra. Ela é uma prisioneira, sabe o que é isso infeliz?
_ Vou contar para a mamãe como está me tratando, ela vai lavar sua boca com sabão. – Virou pra mim e disse – Minha mãe é dessas... Se bobear, pode ser um Matusalém igual a esse aí, apanha e pronto.
Não ousei rir porque, a cara de Dom Basile era de poucos amigos, mas a vontade era enorme e sei que ele percebeu por que fechou o tempo mais ainda.
_ Ou você sai daqui ou eu tiro você a força, irmãzinha....
_ Eu vou sim. Mas não porque você está mandando e sim porque, vou tomar café da manhã com meus pais. Mas... eu volto Donnatella. Quero aprender uns passos de dança com você.
E ai? Gostando? Deixo seu comentário e sugestões...
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Mulheres Poderosas I - Donnatella
RomanceMuitos acreditam que mulher é o sexo frágil. Se você pensa assim está redondamente enganada. Mulher é a Fênix que renasce dia a dia em todas nós. Para Donnatella não foi diferente, passou uma infância fugindo e teve sua vida roubada por aquele que...