Capítulo 20 - Ethan

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Convencer minha irmã que tínhamos que nos mudar novamente, foi mais simples do que eu imaginava.

Lorenzo deixou a missão de convencê-la ao seu novo melhor amigo Takeo ou Tommas, tanto faz. E ele fez um excelente trabalho porque além de convencê-la a ir sem grandes estardalhaços, fez ela sentir a segurança necessária quando garantiu que ele e o Lorenzo estariam lá em breve.

O Lorenzo arrumou uma maneira de levar parte das coisas de valor que tínhamos dentro de carregamentos, algumas coisas já tinham ido, outras estavam sendo enviadas. Peças, quadros de valor e mais diversas coisas que tínhamos adquiridos de forma ilegais foram sendo enviadas juntos com carregamentos de bebidas, vestuários e tudo que transitava legalmente dentro da boate, as peças grandes, que não conseguiríamos passar nos pequenos caminhos, Lorenzo estava negociando com a transação da boate, porque sim, não me pergunte como, mas ele já estava passando a boate para a frente.

O fato dele oferecer a um dos seus fiéis seguranças, no qual ele depositava muita confiança, por um preço amigável não foi surpresa pra mim. Até porque ele jamais a deixaria nas mãos de inimigos. Lorenzo preferia perder para alguém que ele gostava, do que vender pelo maior preço ao seu inimigo. E nesse caso, tínhamos apenas a promessa que talvez um dia receberíamos as peças grandes e o restante do valor da boate, porque o tal amigo segurança só tinha dado até o momento, 20% do valor combinado, mas pra nós, isso não significava nada.

Nosso pensamento era... "estamos saindo com muito mais do que entramos" ... afinal entramos com nada, de rolo em rolo chegamos a uma boa quantia bastante significativa, agora já tínhamos inclusive um lugar seguro para ficar, então definitivamente estávamos no lucro.

Mesmo com tantas coisas acontecendo eu só conseguia pensar na minha pequena ninja dançarina. Segundo Takeo, ela ficava no máximo três dias fora e hoje era o décimo dia e não tivemos nenhuma notícia sua. Não consegui rastrear nada, em lugar nenhum. Minha esperança era que assim que estivéssemos prontos, ela estaria de volta e iria conosco para a América. Mas a hora de sairmos estava chegando e ela não tinha nem dado sinal de fumaça.

_ Pronto?

_ Estou sim, Lorenzo. – Acenei pra ele, eu queria ficar, mas precisava ir.

Minha irmãzinha já tinha feito muito por mim, cabia a mim agora protegê-la e eu já tinha feito muita merda contrária.

Lorenzo pegou minha mala que estava no meio do meu quarto, na parte de cima da boate, era perigoso sair a essa hora do dia do porão. Eu joguei no ombro a mochila e saímos para a espaçosa sala. Tínhamos que nos despedir ali. Nada poderia deixar transparecer que fosse algo diferente de uma simples viagem lazer/negócios.

Luna já estava no meio da sala abraçada ao Takeo. Ele parecia uma rocha, mas dava para sentir a preocupação sobre seus ombros. Ao nos ver ela se soltou de seus braços e foi de encontro a Lorenzo.

_ Para com isso Luna. Nos veremos no máximo em dez dias. Até parece uma despedida.

_ É uma despedida idiota. Depois de tudo... nunca nos separamos, eu não quero pensar em você aqui, fazendo sabe lá o quê. Deixa esse carregamento pra trás, deixa a porcaria do dinheiro, deixa tudo e vem com a gente. O que temos é o mais do que suficiente para recomeçar.

_ Maninha, escuta. Não é só o dinheiro, o carregamento precisa ser entregue aos donos ou continuaremos muito, muito ferrados. São milhões de drogas e obras de artes e acredite quando eu digo que iria adorar deixar pra lá e ir com vocês, mas o Barão é fichinha perto dos verdadeiros homens maus.

Luna chorava e abraçava Lorenzo, eu entendia bem o que ele estava falando, nesses últimos dias tinha me inteirado bem de toda a logística com a qual ele trabalhava e já tinha ouvido falar sobre as pessoas as quais pertenciam as drogas, o melhor era ele entregar e sair bem com todos, do que fugir e morrer na próxima esquina. A máfia não costumava perdoar.

Takeo puxou a Luna e limpou seus olhos, entregou seus óculos escuros e a beijou. Fomos para a rua e entramos na picape, Takeo ia nos levar para o aeroporto, enquanto Lorenzo fazia a preparação da abertura da boate. O avião sairia do aeroporto no momento em que a boate abriria. As sete da noite. Tudo deveria continuar como se nada houvesse mudado.

Mulheres Poderosas I - DonnatellaOnde histórias criam vida. Descubra agora