Acordei com sons de passos no corredor. Alguém estava forçando e empurrando a porta. Tinha alguém tentando entrar no quarto. Eu sabia que assim que colocasse o pé na Europa, alguém saberia sobre isso. Eu só esperava que fosse a máfia e não o Romeu.
Peguei minha arma debaixo do travesseiro, engatilhei e tentando não fazer barulho olhei pela janela. Minha primeira opção de fuga, mas alguém já estava me aguardando do lado de fora da janela também.
A arma estava apontada para minha cabeça e isso me tranquilizou porque, se fosse Romeu, eu não estaria viva para contar a história. Então respirei.
Eu tinha planos de me manter viva e chegar a lugares, mas a máfia era muito eficiente em destruir ilusões alheias.
Segundo o meu orgulho, melhor morrer pela máfia do que dar essa vantagem ao filho da puta do Romeu. Abri os braços e comecei a abaixar a arma.
Um cara enorme do tipo armário empurrou a porta, quebrando-a parcialmente e tomou a arma da minha mão, me empurrando para cima da cama.
_ Srta. Ferraz ou prefere Srta. Esposito... Dormiu bem? - perguntou ironicamente Enrico, o cara que eu me lembrava bem, pois ele era consigliere da máfia.
_ Ferraz está bom... – respondi _ A que devo a honra?
_ Dom Basile gostaria de lhe dar as boas-vindas.
Olhei pra ele sem demonstrar o medo que começava a sentir. Francesco Basile ou Dom Basile como era conhecido, não tinha chegado aonde chegou perdoando as pessoas. E se eu quisesse ter alguma chance, qualquer uma, teria que ser extremamente inteligente para fazer o chefe da máfia comprar minha ideia e talvez me dar o perdão.
_ Aqui? Na França? Pensei que ele estivesse apreciando o complexo ou mesmo seus vinhedos na Itália... – ele não moveu um musculo do rosto, nem respondeu, eu estava parecendo a Luna nervosa... não calava a boca.
_ Sendo assim, se importa se eu me trocar? – Fiz o movimento de abaixar para pegar minha mochila, mas antes que eu piscasse já estava com os pés fora do chão, as costas na parede e a circulação de ar sendo interrompida, com fortes mãos apertando minha garganta.
_ Calma Mad. Francesco quer conversar com partes dela viva e talvez ter o prazer de arrancar as outras ele mesmo. – O armário me colocou no chão enquanto eu tossia e esfregava meu pescoço para aliviar a dor.
_ Srta. Ferraz... como prefere ser chamada. O que vou encontrar em sua mochila quando abrir. Alguma bomba? Algo que faça eu me arrepender de ter mandado o Mad te soltar?
_ Uma RPG7, mas está desmontada e outras coisas de uso pessoal. – Não ia adiantar mentir, ele veria de qualquer jeito e se eu quisesse uma chance teria que trabalhar com a verdade.
_ Está esperando explodir o que? Ou melhor, quem?
_ Se não se importa, prefiro dar essa informação direto a Dom Basile...
Não que Enrico não pudesse tirar ela de mim, mas eu tinha motivos para acreditar que muitos no meio deles traíram o chefe e continuavam a trair ... pois não gostaram da direção hostil dele. Preferiam o pai, mas segundo dizem, Dom Fernan perdeu a para Francesco ascender a chefia. E o homem vinha fazendo um excelente trabalho, era sim muito mais bruto e hostil, mas era também mais temido e respeitado. Tinha triplicado o patrimônio e feito alianças inimagináveis. Mas como sabemos, prego em evidência leva martelada... então, traidores ao seu lado não faltavam.
Creio que Enrico tenha entendido, pois apenas sorriu e me estendeu a mochila sem nem ao menos abri-la.
Retirei de lá uma calca e uma blusa de moletom. Coloquei meus tênis e peguei tudo que tinha no quarto e joguei na mala. Me dirigi a arma que o armário Mad tinha colocado sobre o criado mudo ao lado da cama e perguntei.
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Mulheres Poderosas I - Donnatella
RomanceMuitos acreditam que mulher é o sexo frágil. Se você pensa assim está redondamente enganada. Mulher é a Fênix que renasce dia a dia em todas nós. Para Donnatella não foi diferente, passou uma infância fugindo e teve sua vida roubada por aquele que...