Mulheres Poderosas I - Donnatella

Capítulo 25 - Donnatella

Depois da nossa belíssima apresentação a Dom Basile, quebrando todo o quarto que foi gentilmente cedido para mim, Pietra aparecia quase todos os dias. As vezes dançávamos juntas, outras vezes só ficávamos ali sem falar nada, pensando. Mas sempre, sempre lutávamos para extravasar as energias.

Ela era dócil e serena, a maior parte do tempo. Não falava nada muito pessoal ou comprometedor, eu também não. Gostávamos da cia uma da outra e isso bastava.

Dom Basile não parecia se importar mais com sua presença ali, já fazia quatro dias desde que ele disse que Romeu estaria a minha disposição, mas até agora não tinha me dado nada para sair dali e pegar o cretino safado.

Aquela tranquilidade já começava a me irritar profundamente.

_ Depois de levar dois jab e um cruzado sem nem sequer se defender, vou entender que sua cabeça está muito, mais muito longe daqui.

_ Entenda que estou te dando uma vantagem para me bater.

_ Ahhh tá. Nem se você fosse muito boazinha. E eu sei que não é. Justa talvez, boazinha nunca O que está te preocupando? Posso tentar te ajudar.

_ Melhor não se meter nisso. Seu irmão não aprovaria.

_ Meu irmão não aprova metade das coisas que eu falo e faço. Mas continuo falando e fazendo mesmo assim. Agora me fala, o que está acontecendo.

_ Esse é o problema. Presa aqui, eu não tenho a menor ideia do que está acontecendo. Dom Basile disse que ia me dar algo essa semana, mas já passaram alguns dias e nada. Essa espera me deixa ...

_ Irritada. Frustrada. Enclausurada. Entendo totalmente. Mas se quer saber. Ele não consegue achar seu pai e as pistas que ele tem, não são muito boas. E tem alguém eliminando a família. Ele está muito, muito irritado.

_ O Romeu não é nada meu. E se eu estivesse lá fora, talvez já tivesse pegado esse novo assassino do Romeu.

_ Ou já tivesse morta.

_ Ou isso. Mas teria feito algum estrago.

_ Ter calma e falar menos, não são qualidades que vocês duas possuam não é mesmo.

Nós duas pulamos quando ouvimos a voz de Dom Basile.

_ Devia parar de fazer esse tipo de entrada Francesco.

_ E você não devia se meter nos meus assuntos irmãzinha.

_ Nossos assuntos, nossos negócios, nossa família, irmãozinho. A família também é minha. O que tem de novo? Não viria aqui para uma visita social que eu sei.

_ Nada que seja da sua conta. Agora pode sair Pietra.

_ Sabe que eu vou saber de qualquer forma, então porque simplesmente não facilita.

_ Só saia. Agora.

Ela se foi, sem dizer nada e ficamos eu e ele em silêncio, aguardando os passos silenciarem no caminho. Mas minha ansiedade era tamanha que logo quebrei o silêncio.

_ O que temos?

_ Ansiosa para morrer?

_ Não hoje.

_ Ele matou três homens chaves que estavam se preparando para ir para a América Latina. Sem rastros, uma beleza de morte. Pendurou os homens no portão de um dos meus armazéns.

_ Ele gosta de mostrar o poder que tem. E?

_ Quero a cabeça desse filho da puta, pendurada no meu portão. Se fizer isso, vou dar a você qualquer coisa que queira.