109°

841 51 1
                                    

Madrugada

Saio do quarto prendendo as minhas armas no uniforme e desço indo até a sala aonde toda a tropa se encontra, o meu coração está a mil de ansiedade, já tirei leite do peito e deixei na geladeira, nunca se sabe né?!

Metralha: esta pronta?- pergunta com a balaclava na mão
Eu: estou, vamos- falo e fomos para a garagem, o meu marido coloca a balaclava e entramos nós carros, eu fui com ele no carro e mais três moleques.

Que seja o que Deus quiser.

[...]

Desço do carro e vou até o porta malas pegando o fuzil, me preparo com os moleques, abaixo a minha cabeça e faço uma oração sincera pedindo proteção e ajuda para pegar o meu filho de volta.

Metralha: vamos- fala quando os carros da polícia começam a chegar pela frente e invadimos juntos, eles pela frente e a gente por trás, por onde eles não conseguem ver.

Eu fui entrando atrás do Metralha com a fuzil na mão, vejo o Ítalo correndo pelo corredor e já atiro cinco vezes acertando o seu peito, passo por ele com o Metralha e dou uma bicuda no corpo, fomos andando pela casa e eu já entro num quarto vendo a Joice com o meu bebê no colo.

Joice: fiquem longe de mim ou eu jogo pela janela- fala e se aproxima mais da janela, largo a fuzil no chão e dou uma jogadinha de cabeça para o lado pronta para partir para cima dela
Metralha: calma Cobra, ela pode machucar o Victor- fala ainda apontando o fuzil para ela e eu confirmo com a cabeça
Eu: eu sei- falo mantendo os meus olhos presos na Joice

Logo a polícia entra na sala e nem se tocaram que não somos da polícia, apenas começaram com uma negociação com ela e eu só observando o meu filho no colo daquela vagabunda, ele não para de chorar e o choro dele é uma tortura para mim.

Eu: chega- falo e começo a devagar para o lado vendo ela com a atenção presa nos policiais.
Metralha: fica aqui, espera um pouco- fala segurando o meu braço.

Ficamos apenas observando a Joice caçando alguma estratégia para pegar o Victor do colo da Joice, um policial olha para nós dois e olha para a Joice, ele vem até a gente e pega o fuzil do chão me entregando.

Policial: vocês que me perdoem, está muito na cara que isso é pessoal para vocês dois, lá fora, eu não quero que fique na cara que eu sou corrupto- fala baixinho e chama dois policiais com a mão- levem esses dois lá para fora- fala e os policiais vão guiando a gente.

Assim que nos guiara para fora da cara já demos de cara com a imprensa e o caralho a quatro, meu pai amado, eu mereço viu?!

Eu: eu quero entrar lá dentro- falo para o Metralha que nega com a cabeça me segurando
Metralha: é melhor Letícia, aqui fora a gente pode pensar em uma forma de pegar o nosso filho- fala e olhamos para a janela que a Joice está
Eu: você vai trocar de roupa, eu vou resolver isso agora- falo e ele nega com a cabeça
Metralha: nós dois vamos resolver isso juntos Letícia, nem adianta- fala e olhamos de novo para a janela.

São horas e horas esperando um momento, já tiraram o corpo do Ítalo da casa, a Joice continua negociando e eu agoniada, o meu filho está tão perto de mim e tão longe ao mesmo tempo, sem contar nessa roupa pesada que está me matando.

Metralha: ela está fugindo- fala já correndo e eu olho vendo a Joice correndo com o meu filho.

Nem penso duas vezes e já começo a correr também e rapidinho eu ultrapasso o Metralha, sigo correndo atrás da doida e ela entra num carro, ah não, você não vai fugir agora não minha filha, sigo correndo e antes de ela entrar no carro e já estou abrindo a porta e puxando ela para fora, todos os vapores ficam a nossa volta e dois levam ela para a van sem ser notados, pego o Victor no colo e só falto me desmanchar em choro, meu Deus, acabou, tlda essa peleja acabou, o meu filho que chorava quando sentiu o meu colo se calou, ele me olhou com os olhos marejados e um biquinho, o rostinho vermelho, é a cara do Metralha todinho, mas os olhos, os olhos eles...

Metralha: ele tem os seus olhos- fala chegando do meu lado
Eu: mas é a sua cara- falo e ele da uma risadinha
- patroa, vou levar ele, vai correndo lá trocar de roupa e vai para a delegacia, eu que vou cuidar dele- fala aparecendo do nosso lado e eu lhe entrego o meu filho a contra-gosto.
Metralha: conseguimos- fala me abraçando e desabo de chorar no ombro dele
Eu: acabou a peleja, graças a Deus- falo e ele me ergue no colo me rodando e eu só dou risada
Pesadelo: tá tudo muito lindo, tudo muito fofo, cês tão parecendo casal de filme adolescente, mas vocês ainda estão de farda com os policiais olhando e a imprensa também, bora logo- fala e entramos nos carros e saímos vazados de lá.

Quando estamos mais afastados eu apenas tiro o capacete e a balaclava do rosto respirando fundo, meu Deus, que alívio saber que o meu filho está bem, que ele está inteiro, que daqui a pouco eu irei buscar ele para ele não sair mais de perto de mim, se eu pudesse eu colava ele em mim com super cola.

Pesadelo: o sorriso dos dois não cabe no rosto- fala e eu dou risada com o Metralha
Magrim: deixa eles Lucas- fala e eu só passo a mão no cabelo arrumando ele
Eu: aí, graças a Deus acabou, agora vamks pegar o nosso filho, vamos buscar a nossa pequena e vamos para casa, graças a Deus- falo não me aguentando de tanta felicidade.

Meu Glorioso PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora