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Escuto uma voz bem próxima da porta, mas dessa vez é uma vez conhecida... Metralha!

Metralha: que porra tá pegando aqui?- pergunta aparentemente puto
- ora, ora, ora, olha o que temos aqui- fala uma voz masculina que arrepiou até os meus pelos do cu
Metralha: que porra tu tá fazendo na minha casa?- pergunta putasso e eu me encolho mais no meu cantinho
- só vim atrás do que é meu
Metralha: aqui não tem nada teu não- fala e eu escuto um disparo- FILHO DA PUTA- grita e aí foram mais e mais disparos.

Quando os tiros cessam eu espero alguns minutos e abro a porta devagar vendo um monte de homens mortos no chão e Metralha deitado no chão com um tiro no ombro e outro na perna, oh homem sortudo... Sentiram a ironia né?!

Eu: quer ajuda?- pergunto me aproximando dele e ele me olha com uma cara feia
Metralha: fica dentro da porra do armário- manda e eu ignoro ele completamente o puxando para dentro de um quarto qualquer, e que quarto bagunçado, Deus é pai viu?!
Eu: agora fica quieto que eu estou te fazendo um favor- falo trancando a porta e vou para uma porta que está aberta, e me parece ser um banheiro.

Procuro pelas marretas de primeiros socorros e quando eu acho, volto até onde deixei o Metralha, me sento no chão de frente para ele e começo a cuidar da perna dele, tiro a bala, limpo o ferimento e dou alguns pontos, me levanto do chão e começo a cuidar do ombro dele.

Metralha: odeio que me desobedeçam- fala e eu jogo o álcool no ferimento para não infeccionar
Eu: na próxima eu te deixo jogado no corredor para qualquer um invadir a tua casa e te matar só para conseguir o comando do morro- falo limpando o ferimento
Metralha: odeio que me respondam- fala emburrado e eu dou de ombros
Eu: você odeia muitas coisas e no momento eu estou pouco me lixando para todas elas- falo e ele nega com a cabeça
Metralha: depois reclama que apanha- fala e eu aperto o ferimento com mais força fazendo ele gritar de dor
Eu: no braço foi de raspão, não vai precisar de pontos- falo fazendo o curativo
Metralha: aonde tu aprendeu a cuidar de ferimentos?- pergunta e eu dou de ombros
Eu: quando você apanha todos os dias sem nenhum motivo, você aprende a cuidar dos seus machucados- falo ainda fazendo o curativo- já levei facada, tiro, fui estrupada por sete anos, não existe mais nada que possa me machucar- falo e ele me olha atento
Metralha: tu tem quantos anos?- pergunta enquanto eu finalizo o curativo
Eu: dezessete- falo e ele me olha assustado, mas logo abaixa a cabeça.

Termino o curativo, arrumo e guardo as coisas de primeiros socorros, e saio do quarto ouvindo os fogos, enfim a invasão acabou! Agora é só deitar e espera a notícia que o meu tio foi achado morto em algum beco.

[...]

Metralha: você mesmo- fala entrando no quarto- tu tem liberdade para zanzar pela casa, mas é o seguinte, não saia de casa e fique longe do meu quarto e do meu escritório- fala e eu confirmo com a cabeça animada- tem dois seguranças na porta, qualquer coisa que tu precisar é só pedir para algum deles- fala e sai.

Ok, por essa eu não esperava mas também não vou reclamar não é mesmo?! Glória Deus! Agora o bagulho é o seguinte, o Metralha tá legalzinho agora e tudo mais, eu tenho medo do que vai acontecer quando ele voltar a ser o mesmo de antes, que Deus me proteja desse homem amém.

[...]

Metralha: vou pedir pizza, vai querer?- pergunta enquanto eu saio do meu quarto, agora é sério, que bicho mordeu ele? Ele não é assim não meu Deus
Eu: vou- falo e ele confirma com a cabeça saindo.

Tá ok, houve um equivioco, um equivioco, houve um equivioco kkkk... Mas sério mesmo, quando a oferenda é boa demais o santo desconfia, o Metralha não age assim comigo normalmente não, tem um motivo para ele está me tratando bem agora, não sei, o medo dele querer me matar enquanto eu durmo tá grande aqui, viu?!

- cheguei amorzinho- fala uma guria que eu nunca nem vi na minha vida
Metralha: vaza- fala serinho olhando a TV
- mas amorzinho- fala e o Metralha coloca a arma dele em cima do sofá
Metralha: vaza- fala e a guria sai batendo o pé- o Pesadelo e o Magrim Jajá tão chegando aí, fica suavinha na tua, comeu e subiu pro teu quarto, quero nem ver a tua sombra hoje- fala e eu confirmo com a cabeça me sentando no sofá com ele.

  Eu fico assistindo o jogo com ele logicamente torcendo pro Flamengo, quero nem saber, meu time desse criança, uma ou duas vezes que eu fugi de casa para ir lá na dona Solange assistir o jogo, foi em uma dessas que bebi a primeira cerveja, a primeira cerveja a gente nunca esquece, se alguém pergunta eu nunca bebi e olhe lá.

Pesadelo: a Rapunzel saiu da torre- fala entrando e o Metralha já fecha a cara pro amigo
Magrim: e o dragão tá ferido- fala zoando o amigão que fecha mais a cara
Metralha: me enche a paciência não em caralho- fala e os meninos dão risada, eu fico só quietinha na minha, sei que pode sobrar para mim no final.

Não demora muito e a pizza chega, um vapor entra com a mesma e fica só me olhando, o Metralha mete um tapão na nuca do menino e pega a pizza expulsando ele da casa, ué, como dois pedaços da pizza e subo pro meu quarto, me deito na cama e fico só olhando pro teto.
Aí meu Jesus, quando eu vou conseguir fugir desse inferno em? Eu só quero entrar em um ônibus e ir para bem longe daqui, um lugar aonde o Metralha não me ache, compro documentos falsos, sei lá, arrumo outra vida, vida essa que i Metralha jamais irá descobrir.

Meu Glorioso PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora