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No outro dia...

Metralha: só vocês para me fazer pintar essa parede de novo viu?!- fala todo sujo de tinta enquanto pinta o quarto comigo.
Eu: é para a Vale Metralha- falo dando risada e ele faz careta.

Hoje mais cedo eu pedi para a Vale escolher um quarto no Pinterest para a gente fazer igual e ela escolheu, fui lá com o Metralha nas lojas e compramos tinta e algumas para o quarto que está tudo no meu quarto, agora estamos, 02:18 da manhã pintando a parede do quarto enquanto a Valentina dorme na cama do Metralha.

Eu: tô na broca- falo largando o rolo de pintar de lado- vou fazer um lanche lá em baixo, bora?- chamo o Metralha que larga o rolo e desce comigo.

Faço dois miojos para cada e sentamos na mesa para comer mesmo, os dois em silêncio, só prestando atenção na comida mesmo, madrugadona e os dois sem pique para falar nada, só queremos comer e terminar logo de pintar o quarto para dormir, quero ver um de nós ter pique para trabalhar na boca, ainda mais na principal que parece mais é um formigueiro de tanto entra e sai de drogado, puta e gente atrás de dinheiro já que além de traficante, Metralha também é agiota e de vez e nunca, matador de aluguel.

Metralha: tu salvou a foto do quarto? Porquê eu já esqueci todinho como ela quer os bagulhos- fala e eu dou risada mostrando a foto para ele
Eu: ela quer assim- falo e ele faz careta
Metralha: todo frufruzado menó, minha filha é cria de bandido num é patricinha não, tem que ser cria que nem o pai- fala e eu dou risada
Eu: a minha criança é uma princesa, e vai ter o quarto de princesa que ela quer- falo e ele me olha sorrindo.

Metralha: tu salvou a foto do quarto? Porquê eu já esqueci todinho como ela quer os bagulhos- fala e eu dou risada mostrando a foto para eleEu: ela quer assim- falo e ele faz caretaMetralha: todo frufruzado menó, minha filha é cria de bandido num ...

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[...]

Te falar que eu já não aguento mais olhar para essas paredes, rapaz eu tô é morrendo, Deus me livre, não, tá marrado em nome de Jesus Cristo, Deus me free, tenha misericórdia de mim.

Metralha: tu vai para a boca amanhã?- pergunta e eu nego com a cabeça
Eu: se tu deixar eu fico em casa amanhã terminando de montar o quarto, assim eu esvazio o meu quarto e libero o teu de uma vez- falo focada em pintar a parede
Metralha: precisa ter pressa para isso não- fala dando de ombros e eu nego com a cabeça
Eu: claro que precisa- falo e ele vira me olhando sério
Metralha: Letícia, papo reto agora para tu, minha cria te chama de mãe, tu já mora no mermo teto que eu, já tamo de rolo, custa tu dormir no mesmo quarto que eu?- pergunta parando de pintar a parede
Eu: minha liberdade- falo parando de pintar também e deixo o rolo perto do balde de tinta e ele faz o mesmo
Metralha: to boiando- fala e eu dou risada
Eu: se eu me mudar para o teu quarto vai significar que estamos realmente num bagulho sério, morar no mesmo num é nada, dividir o quarto e a cama é pique casamento- falo e ele da de ombros
Metralha: e tu acha que eu não tô ligado nisso não é?!- fala e eu olho para ele divertida
Eu: pelo o que parece, tu não tá ligado nisso- falo e ele da risada
Metralha: e tu vai ficar ocupando um quarto sendo que tem o meu para dormir?- pergunta e eu confirmo com a cabeça
Eu: é uai- falo e ele nega com a cabeça
Metralha: ih menó, eu e tu já tamo ligados que tu num larga mais de mim- fala me olhando todo convencido e eu dou risada
Eu: quem te dá essa certeza?- pergunto e ele bate no peito todo se achando- tu se acha demais Metralha, papo reto, tu se acha demais- falo e ele da risada
Metralha: nós tenta fia, der certo seu, num der certo é tchau e bença, cada um segue a tua vida- fala e eu nego com a cabeça dando risada
Eu: num era tu que não queria relacionamento, que é bandidão- falo e ele da um risada nasal passando a mão pelo cabelo
Metralha: as coisas mudam, oxe, tu mermo que fala isso- fala e eu dou risada
Eu: a gente se a conhece a o que? Seis meses Metralha?- pergunto e ele da de ombros
Metralha: bagulho num é o tempo, bagulho é a pessoa Letícia- fala e eu nego com a cabeça dando risada, ele só pode estar tirando onda com a minha cara
Eu: deixa de brincadeira vai Metralha- falo e ele nega com a cabeça
Metralha: num é brincadeira não mulher, a guria que tá no quarto do outro corredor é a minha filha, foda-se se foi aquele vagabundo que fez, e a minha irmã que botou no mundo, a Valentina é a minha filha, a minha princesa, eu dei o meu sangue e suor para cria essa guria aí, ela é a minha vida Letícia, ela é tudo o que restou do minha irmã- fala e coça a nuca- a minha filha precisa de uma família e não de um pai vagabundo que pega qualquer uma só pra foder, a minha filha precisa de uma mãe, e ela te chama de mãe, sem nem te conhecer direito a minha filha te ama como se tu fosse a mãe dela de verdade, Letícia, tô ligadão que num mereço nem um pingo da mulher foda que tu é, aguento uma par de coisa velho, teu tio te vendeu para mim, te desci o cacete, te tratei igual bicho- fala e eu confirmo com a cabeça- mas eu gosto de tu pô, fazer o que, tu é engraçadona, doidona que nem pô, tu fecha com qualquer para valer, esse é o exemplo de mãe que eu quero para a minha filha, então foda-se o resto, eu quero dar uma família de verdade para a minha filha e para isso eu preciso abrir mão dar revoadas e das putas, coisa que eu já fiz, então bora Letícia, taca o foda-se para tudo também e vem ser a minha mulher- fala e eu fico surpresa, caralho, por essa eu não esperava.

Meu Glorioso PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora