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Sexta-feira:

Estou correndo pela favela, a minha respiração está ofegante, o meu peito acelerado, está de noite a chuva se encontra cada vez mais forte e o medo me sufocando cada vez mais, tiros para todo lado, para onde eu olho eu consigo ver corpos pelo chão, sangue espalhado pelo chão e paredes, vapores da favela e polícias num confronto que parece que não vai ter fim tão cedo, entro num beco tendo a pior visão que eu poderia ver na minha vida, no chão uma poça de sangue misturada com a água da chuva, um corpo cheio de perfurações de bala, mas não é um corpo qualquer, mas o corpo do homem que eu amo, o corpo do homem que eu jurei fidelidade até o meu último suspiro se encontra agora morto no chão, cheio de buracos de bala, sem mais nenhum tipo de respiração ou batimentos, sem nenhum fio de vida.

- finalmente te encontrei porra- fala entrando no beco e para de andar assim que me vê ajoelhada no chão ao lado do corpo do meu marido sem vida, chorando como nunca chorei- aí caralho- fala em choque- eu vou mandar alguém vim para levar ele pro hospital, sei lá, vai dar tudo certo Letícia, calma ar- fala e eu nego com a cabeça afundando o meu rosto no peito do meu marido
Eu: chegamos tarde demais, eu perdi ele- falo e o outro rapaz nega com a cabeça
- não Letícia, deve ter um jeito caralho- fala e eu nego com a cabeça alisando o rosto do meu marido
Eu: infelizmente não tem, eu perdi o meu preto, eu perdi o meu mundo- falo entre lágrimas.
- tem que ter Letícia, tem que ter um jeito, tem que ter alguma coisa que a gente possa fazer, tem que ter alguma forma dele confiar vivo porra, ele não tem a opção de morrer não caralho, a gente não tem a opção de ter que viver sem ele- fala e eu nego com a cabeça
Eu: NÃO TEM PORRA, NÃO TEM OUTRO JEITO, PORRA A GENTE CHEGOU TARDE DEMAIS, EU PERDI O MEU MARIDO, EU PERDI O MEU PRETO, EU PERDI SIMPLESMENTE O ÚNICO HOMEM QUE FOI CAPAZ DE ME FAZER FELIZ, PORRA, EU PERDI O HOMEM QUE EU JUREI DE FIDELIDADE ATÉ O MEU ÚLTIMO SUSPIRO, EU PERDI O HOMEM QUE PASSOU CINCO FODIDOS ANOS AO MEU LADO SEGURANDO A MINHA MÃO- grito sem paciência e completamente vazia.

Infelizmente eu vou acabar assim, me sentindo vazia, eu perdi o único homem que eu consegui amar, eu perdi o amor da minha vida, o homem que eu queria para ser pai dos meus filhos, eu perdi o meu mundo, o meu rumo, o meu chão, ele morreu e está me levando junto com ele, ele está levando junto com ele o meu amor, a minha alegria, a minha luz no final do túnel, ele está levando junto com ele tudo que eu fui, tudo que eu sou e tudo que um dia eu sonhei em ser, hoje eu não perdi só o meu preto, o amor da minha vida, o meu marido não, eu perdi tudo que eu tinha, tudo que um dia eu sonhei em ter, eu tô perdendo quem eu sou, eu tô perdendo um pedaço meu que eu tenho certeza que nunca mais vou ter de volta, eu perdi simplesmente a minha vontade pela vida. Eu sempre quis morrer e ele sempre quis viver, ele agora morreu por mim, e aqui, junto ao corpo sem vida dele, eu juro que vou tentar viver por ele.

[...]

   Acordo ofegante e toda suada na cama, olho para o lado vendo a cama vazia, saio correndo pela casa caçando o meu marido, assim que estou terminando de descer as escadas a porta da frente se abre revelando o meu amor entrando com as sacolas da padaria, começo a correr até ele e acabo tropeçando no último degrau da escada e caindo de cara no chão.

Metralha: tá porra, tá bem linda?- pergunta vindo me ajudar a levantar, mas eu levanto antes que ele possa se aproximar de mim e corro pulando em cima dele
Eu: você está bem?- pergunto e ele confirma com a cabeça me abraçando,
Metralha: eu tô, tu que não tá bem pelo visto- fala e eu dou risada enchendo o rosto dele de beijinhos
Eu: eu tive um pesadelo horrível- falo e ele nega com a cabeça
Metralha: não gosto dessa história de pesadelo não- fala e eu confirmo com a cabeça- vai lá, te arruma que a gente tem que levar o Victor na consulta- fala e eu confirmo com a cabeça.

  Subo para o meu quarto e passo direto para o banheiro, faço o de sempre, todas as minhas higienes e saio do banheiro indo para o closet enrola na toalha, visto uma lingerie preta de renda, um cropped preto e um shortinho jeans rasgadinho e um tênis da Nike preto.

  Subo para o meu quarto e passo direto para o banheiro, faço o de sempre, todas as minhas higienes e saio do banheiro indo para o closet enrola na toalha, visto uma lingerie preta de renda, um cropped preto e um shortinho jeans rasgadinho e um tê...

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    Faço o mesmo precesso de sempre, vou para o quarto do meu neném e dou um banho nele, visto a fralda no meu neguinho, visto uma bermuda preta nele com uma camiseta branca e um tênis branco, arrumo o cabelo dele, passo o perfume dele e meu neném...

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    Faço o mesmo precesso de sempre, vou para o quarto do meu neném e dou um banho nele, visto a fralda no meu neguinho, visto uma bermuda preta nele com uma camiseta branca e um tênis branco, arrumo o cabelo dele, passo o perfume dele e meu neném ficou um gato.

[...]

Metralha: me dá ela aqui- fala pegando o Victor do meu colo e senta para ele tomar a vacina
Eu: olha aqui para a mamãe filho- chamo a atenção do Victor para mim, ou pelo menos te tô né?!

  Começo a fazer algumas palhaçadas para chamar a atenção do meu filho, mas nada adiantou, a atenção dele foi todinha para a agulha e ele começou a chorar antes mesmo de furarem, é aí que o filho chora e a mãe chora junto, meu delineador e o meu rímel foi todinho com as minhas lágrimas, te juro.

Eu: pronto mãezinha, passou amor, passou- falo pegando ele no colo quando a enfermeira sai de perto dele
Metralha: bora no shopping agora, tenho que resolver umas coisas lá- fala e eu confirmo com a cabeça enquanto saio da sala com o Victor no colo.

Meu Glorioso PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora