Me sento na cama quando a enfermeira sai dizendo estar indo buscar o Victor para mamar, o Metralha tá aqui sentado na poltrona só me observando com um sorriso maior ué sei lá o que no rosto, e eu com um aperto no peito, o meu Deus, o que seria que vai acontecer.
Eu: cadê a Valentina?- pergunto e o sorriso do meu esposo só aumenta
Metralha: pedi para a sua mãe trazer ela aqui para conhecer o Victor, vão dar um jeito de subir ela escondida quando eles chegarem- fala e eu confirmo com a cabeça[...]
Eu: amor, eu já estou ficando preocupada, já vai fazer meia hora que a enfermeira saiu para buscar o Victor para mamar e até agora ela não veio- falo sentindo aquela sensação ruim no peito, meu pai amado, o que está acontecendo?
Metralha: eu estava lá com ele antes de subir amor, ele está bem, mas eu vou lá ver o que tá acontecendo e trazer o Victor para tu dar mamar para ele- fala levantando da poltrona e pega a carteira
Enfermeira: senhor Gama?- chama o meu marido que olha para ela atento- posso conversar com o senhor lá fora?- pergunta e ele vai sérioFelipe Gama
Eu: o que é?- pergunto sério e com um negócio ruim no peito, eu não estou gostando nada dessa história
Enfermeira: houve um problema com o seu filho, fui buscar ele para a sua esposa amamentar e quando eu cheguei no berçário o bebê havia sumido, já chamamos a polícia e eles já estão chegando- fala e eu nego com a cabeça
Eu: COMO CARALHO ISSO ACONTECEU?- pergunto gritando puto da vida, como a porra desse hospital foi perder o meu filho?
Policial: senhor, eu acho melhor o senhor se acalmar- fala saindo do elevador e eu reviro os olhos, a porra do policial que me prendeu, perfeito!
Lê: o que está acontecendo Felipe? Por que esse grito?- pergunta saindo do quarto e eu abraço ela
Eu: não era para você ter levantado Letícia, vem aqui- falo levando ela para dentro do quarto e ajudo ela a deitar de novoLetícia Montenegro
Eu: cadê o Victor?- pergunto e o meu marido respira fundo passando a mão no rosto
Metralha: o Victor desapareceu- fala e eu nego com a cabeça
Eu: COMO É QUE ISSO ACONTECEU?- grito me desesperando e já me levanto na cama num pulo
Enfermeira: senhora, a senhora não pode se levantar assim- fala e eu olho para ela séria
Eu: fale comigo de novo e eu faço você me implorar para morrer- falo trincando os dentes de raiva
Policial: senhora se acalme- fala e eu olho para ele vendo um dos policiais que prendeu o meu marido
Eu: eu estaria calma se o meu filho que tem menos de vinte e quatro horas de vida estivesse comigo- falo e me aproximo do policial- E ELE ESTARIA AQUI SE VOCÊS SE DEDICASEM A ALGO MAIS IMPORTANTE DO QUE PRENDER HOMENS INOCENTES- grito e o Metralha me puxa para ele
Metralha: calma Letícia- fala e eu me solto dele indo para o banheiro.Tiro a minha camisola e me olho no espelho vendo o meu reflexo, olho em volta, visto um short jeans com uma camiseta preta do metralha, prendo o meu cabelo num coque bagunçado e saio do banheiro deixando a porta aberta.
Eu: pega a mala- falo para o meu marido
Metralha: para que?- pergunta e eu olho para ele
Eu: eu vou para casa, eu não vou ficar aqui nessa maternidade enquanto o meu filho está desaparecido- falo e ele vai para o banheiro enquanto eu pego a minha bolsa
Enfermeira: a senhora não pode ir embora- fala e eu nego com a cabeça
Eu: eu quero ver quem vai me prender aqui- falo e saio do quarto andando.Espero o Metralha na frente do elevador e já vou sentindo os meus olhos se enchendo de água, logo vejo o meu marido com as bolsas e já chamamos o elevador.
[...]
Eu: aonde estamos?- pergunto quando o Metralha para o carro num terreno baldio
Metralha: desde o que aconteceu com o seu irmão você prometeu não desabar na frente de mais ninguém, na favela tu vai querer pagar de forte que eu sei, vai, grita, bate no carro, me bate, chora, desabafa- fala desligando o carro.Olho para ele e ele olha para a cadeirinha de bebê no banco de trás do carro, parece que a minha ficha caiu, porra, o meu filho desapareceu, ele tem menos de 24 horas de vida, puta que pariu.
Começo a gritar, chorar, bato no painel do carro e vou batendo, batendo, batendo e batendo mais.
Me jogo no banco do carro e solto outro grito sendo abraçada pelo meu marido que só agora eu percebi que também está chorando, oh meu Deus.Metralha: vai dar tudo certo- fala beijando o topo da minha cabeça e eu nego com a cabeça
Eu: por que a gente nunca tem paz?- pergunta com a voz falha- ele tem menos de um mês de vida- falo e fungando
Metralha: eu sei- fala e faz um carinho- tão pequeninho, tão bonitinho- fala e dá um murro no volante[...]
Pesadelo: foi a Joice- fala entrando no nosso quarto e eu e o Metralha continuamos olhando para a cortina
Eu: novidade- falo desanimada
Metralha: isso todo mundo já sabe Pesadelo- fala e me puxa mais para ele
Pesadelo: os moleque estão tudo atrás do pivete, a polícia, os morros aliados, a Joice não vai fugir com o Victor- fala e eu nego com a cabeça quase chorando
Eu: mas quando? É um bebê, ele tem menos de quarenta e oito horas de vida Pesadelo- falo e ele confirma com a cabeça
Pesadelo: nós vamos trazer ele de volta para vocês dois pequena, eu prometo- fala e sai do quarto.Me junto mais ao meu esposo e ficamos apenas calados olhando a cortina, eu nunca pensei que iríamos perder o nosso filho assim, e tudo por que? Porquê o meu marido se casou comigo e não com uma das putas dele, meu Deus, é só uma criança inocente, do que é que ele tem culpa? De nascer? Puta que pariu viu?!

VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Glorioso Pecado
Novela JuvenilUma vida... Uma pessoa... Uma garota. Letícia Montenegro é uma garota de 17 anos, cuida do tio que tem problemas com drogas, trabalha dia e noite para conseguir pagar a dívida milionária do tio, mas... Nem todo o seu esforço é capaz de impedir que...