Capítulo Um

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"Eu não sabia que meras cartas poderiam mudar tanto a minha vida... "

Tum... Tum... Tum...Tum...

A única coisa que consigo ouvir são as batidas aceleradas do meu coração. Sinto lágrimas quentes rolarem pelo meu rosto sujo de poeira. Levanto-me numa posição sentada e olho ao redor. Não consigo identificar nada na escuridão, exceto uma pequena janela num canto da sala. Eu sei que tem uma porta em algum lugar, mas não sei onde exatamente.

Eu sei exatamente como eu cheguei aqui, uns caras mal-encarados vieram na minha casa pela madrugada e me arrastaram para cá. Assim que me arrastaram para o carro eu gritei: por que diabos eles estavam me levando?! E eles simplesmente me disseram que meu pai havia me apostado e perdido, e agora eu pertencia a um cara chamado Victor Harrisson. Nunca vi esse homem, mas já ouvi falar muito dele pela cidade onde moro, ou morava, no interior São Paulo. Não é uma cidade grande, mas tem maior clube de aposta ilegal do estado. Isso faz com que a cidade seja bastante visitada por ricos apostadores que, logo depois, tornam-se viciados e perdem tudo o que possuem e o que não possuem. E o dono de tudo isso é Victor Harrison.

É, todos sabem que ele é dono do clube e que as coisas que acontecem lá não são totalmente do "bem", mais ninguém da cidade tem coragem de dizer a polícia. Além disso, a metade da polícia é comandada por ele, então não adiantaria muita coisa. Os sussurros ditos pela cidade diziam que ele se envolvia com outros negócios ilegais...

Eu sou Julia Foster, tenho 19 anos, e fui apostada como um objeto pela pessoa que tinha me sobrado para confiar e que deveria cuidar de mim!

No começo eu fiquei indignada!

Como meu pai poderia ter me apostado? Como ele teve a coragem de apostar sua própria filha? Depois de tudo o que havia acontecido?!

E assim veio o ódio imediatamente, um ódio tão grande que eu nunca pensei sentir na vida!

A culpa era dele! Toda dele que, perdeu tudo em apostas, depois que minha mãe morreu.

Minha mãe morreu com um tumor no cérebro. Ela descobriu uma semana depois que meu irmão havia morrido em um incêndio em clube de aposta pequeno fora da cidade; disseram que a afiação era a causa do incêndio. Meu irmão não poderia ser mais diferente do meu pai, mas a única coisa que eles tinham em comum eram ir a clubes de apostas.

Minha mãe havia tido alguns desmaios, primeiramente pensei que era de tristeza por causa do meu irmão. Principalmente por que não acharam exatamente o corpo dele, só as cinzas, pois estava tudo tão carbonizado que não conseguiram identificar os corpos direito. Mas um corpo estava com a sua carteira e a corrente prata, que ele nunca tinha tirava do pescoço.

A corrente tinha um pequeno pingente de duas espadas, uma se encontrando com a outra. Elas formavam um X, e perto do cabo delas havia dois J bem pequenos, que tinha que olhar de perto para ver, escrito as letras iniciais dos nossos nomes: Julia e Júlio. Eu havia a dado para ele quando ainda éramos crianças. Meu primeiro presente a ele.... Então assim que a mostraram para nós, soubemos que era ele.

Depois que consegui pegar a corrente sem ninguém ver no necrotério, nunca mais a tirei do meu pescoço. Por sorte talvez, ela não chegou a ser consumida pelo fogo.

E voltando para minha mãe, os desmaios começaram a vir com fortes dores de cabeça, então a levei ao médico. O médico disse a pior notícia possível para nós, descobrimos que ela estava com um tumor maligno no cérebro numa extensão que não havia nenhum tipo de tratamento para se curar. O médico havia dado três meses de vida no máximo, mas ela só aguentou um mês.

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