Capítulo Dois

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―Fique parada e não diga nada.

Sussurrou o homem em meu ouvido antes de me soltar e me deixar ali.

Olho um pouco para o lado a ponto de ver a beleza da garota que estava ao meu lado. Ela era magra e ruiva, talvez tivesse uns 20 ou 22 anos. Havia lágrimas escorrendo pelo seu rosto pálido e senti firmemente o medo que emanava dela. Olhando para além dela, pude ver que havia umas doze meninas todas diferente umas das outras: loiras, morenas, mulatas, asiáticas e com a idade entre 18 e 23 anos. Tanto quanto a garota ao meu lado, todas pareciam ter único sentimento: o medo.

Volto meus olhos para frente e sinto um enjoo me tomar com a visão daqueles homens nos avaliando como se fossemos joias, que precisavam de uma boa revisão. Luto imediatamente contra a vontade de alcançar a corrente em meu pescoço. Não sabia por que, mas saber que era do meu irmão me confortava de alguma maneira.

Mas antes que possa fazer qualquer movimento um homem loiro, que eu nunca tinha visto, rompe pela porta contraria a qual eu entrei. Ele vem com passos calmos em nossa direção e vejo ele fazer questão de olhar para o rosto de cada uma de nós. Abaixo meu rosto e tento evitar que, novas lágrimas rancorosas, se formem nos cantos dos meus olhos.

Com os olhos presos no chão posso jurar sentir quando o recém-chegado olha para mim, mas não levanto meu rosto por medo de estar certa. Quando crio coragem o suficiente para levantar novamente vejo que o homem loiro já está na frente dos três senhores sentados. Ele diz algo, que eu não consigo ouvir, antes de se juntar ao homem que havia me trazido para cá.

Olhando para o homem das ônix verdes noto sua postura parecer sombria. Ele olhava para o chão com queixo travado, como se estivesse sendo obrigado estar ali. E talvez estivesse, pensei momentaneamente, mas antes que eu pudesse formar um pensamento completo um dos homens, que estava sentado até então, se levantou.

―Eu quero que as garotas que eu apontar dê um passo à frente! - ele fala alto e forte fazendo com que um arrepio de medo suba pela minha coluna.

Ele começa a apontar para as garotas que, mesmo morrendo de medo, dão um passo vacilante para frente. Quando a ruiva ao meu lado é impelida a dar um passo a frente viro instantaneamente meu rosto para outro lado. E, enquanto tento manter meus olhos presos em um ponto cego, oro arduamente para que ele não aponte para mim. Não chego a terminar minha oração, já que ao tentar encontrar um ponto cego meus olhos se encontram com as ônix do outro lado do salão. A distância entre nós não era enorme, mas eu ainda me perguntava se ele estava tentando encontrar um ponto cego igual a mim. Mesmo não sabendo se ele olhava para mim ou não, o encarei de volta. Podia jurar que, naqueles minutos que se arrastaram, havia uma ansiedade sobreposta em suas feições. Uma ansiedade que era bem mais contida que a minha...

Não tive a chance de concluir meus pensamentos com certeza, já que assim que o homem parou de apontar, ele desviou os olhos para qualquer outra direção. Ainda meio atônita vejo ele olhar para o teto e passar a mão pelo rosto, como se sentisse aliviado. Ou já era eu que estava vendo coisas...

―Ótimas escolhas, Alberto, como sempre. ―diz o homem loiro ao se aproximar dos senhores. ―Espero que elas os beneficiem tanto quanto elas me beneficiaram.

As palavras sarcasticamente maldosas arrancam um riso do trio, que agora em pé, acompanha o homem loiro e o que me trouxera, para fora do salão.

Logo após a saída dos cinco, mais de cinco homens mal-encarados, que pareciam muito com os que me arrastaram para cá, entram pela mesma porta. Todas estáticas, esperamos o próximo comando para poder até respirarmos. As sete garotas escolhidas olham uma para as outras completamente apavoradas.

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