Capítulo Dez

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Depois do nosso encontro inesperado com Luiz; eu e Hugo pulamos a cerca de arame, que para mim até tinha sido uma tarefa fácil.

Eu via que, quanto mais adentrávamos a mata, mais escuro ficava. As árvores tampavam a luz da lua por completo e isso fazia com que andar, ou no caso correr para alcançar os passos rápidos de Hugo, fosse uma tarefa difícil. Não chego a cair nos cinco minutos que estávamos andando, mas os vários tropeços que levei são consequências de não conseguir ver nem três passos a minha frente direito!

-Por que cerca e não muros? -pergunto ao ele desacelerar o passo e eu conseguir andar ao seu lado.

-Acho que é por que não há necessidade de muros. Já que nenhuma das garotas consegue sair do subsolo sozinha e, se conseguissem, o que é bem pouco provável...

A sua ênfase me faz o olhar, mas antes que eu possa me preparar mais uma vez tropeço. Só não caio dessa vez no chão pelas mãos de Hugo, que seguram minha cintura e evitam a queda desastrosa. Seus dedos em minha cintura fazem com que eu sinta inúmeros arrepios, mas tão pouco pude me deleitar. Suas mãos me soltam e logo ele tira um cilindro de seu bolso. Antes que eu possa perguntar ele o acende mostrando ser uma lanterna, que se faz mais do que necessária!

-Bom, se conseguissem sair logo iriam para a mata. Um erro, já que essa mata é muito fácil de se perder se você não souber os seus caminhos.

Concordo plenamente, pois se não estivesse o seguido bem provável que já tivesse me perdido!

Andamos por poucos segundos em silêncio até que de repente ouço um estalar. Alto no Início, mas logo o seu eco diminui gradativamente. Hugo e eu olhamos de imediato para trás tentando discernir o que fizera aquele barulho. O fecho de luz ilumina pouco as coisas ao redor, mas nada que conseguíssemos ver parecia ter feito aquele barulho.

Intrigados continuamos a olhar até que de repente algo mais ao fundo se acende. Logo percebo que, o que acende como uma árvore de natal resplandecente, não é nada mais do que a minha prisão. Hugo ao concluir o mesmo abaixa a lanterna rapidamente e pragueja baixo. Evidentemente não estávamos tão longe quanto gostaríamos de estar dali. Ainda parados por um minuto ouço novamente o estalo, que faz com que olhemos para cima em uníssono. Percebo tarde demais, ao ouvir os pássaros voarem sobre a copa das árvores, que são tiros todos os estalos. Altos e que se tornavam baixos ao decorrer que ecoavam pelos altos das árvores.

-Droga! Eles devem ter achado o corpo!

Sem demora Hugo agarra a minha mão e me puxa para dar início a nossa corrida desenfreada. Tão desenfreada que fazíamos curvas as quais chegamos a derrapar, mas não a parar. Praticamente corríamos como se estivéssemos fugindo do inferno! E, de todo modo, estávamos mesmo. Se nos pegassem eu voltaria para o inferno de minha prisão e, definitivamente, não queria nem imaginar o que fariam com Hugo...

Então corremos, corremos e corremos. Minhas pernas ardiam de cansaço tanto quanto meus pulmões, que pareciam em chamas pela falta de ar. Respirações curtas e rasas dificultavam muito a corrida. Mas quando pensei que não aguentaria mais Hugo, do nada, para bruscamente fazendo com que eu quase caía com a sua súbita parada.

O olho confusa e para lá de ofegante esperando pelo o que ele parece procurar, enquanto olha de um lado para outro. Até perguntaria pelo o que procurava, mas o ar parece tão rarefeito no momento que palavras não querem se formar em minha garganta. Nunca havia corrido tanto em minha vida, nem quando criança com o meu irmão, que não importava quanto eu corresse ele sempre ganhava....

Recuperando o fôlego vejo Hugo encontrar, seja lá, o que procurava. Ele vem até mim, com mais cuidado agora, e me puxa em direção a uma determinada árvore. Olho para cima e constato o que pensei, as árvores em volta tinham suas copas menos abundantes e eram umas separadas das outras. O que facilitava para a luz da lua se reverberar e tocar o chão barroso banhado por folhas mortas. Tanto que vi perfeitamente o quão decadente estava o tronco da árvore que Hugo, agora, me impelia agachar.

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