Capítulo Quatro

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Acordo com o sol iluminando o meu rosto e meu braço latejando. Sento com cuidado e tento não fazer nenhum movimento, que deixe o braço com mais dor. Quando consigo me estabelecer sentada olho para o relógio, que marca que ainda são oito horas da manhã. Pelo menos tinha conseguido dormir três horas e, graças aos céus, sem sonho nenhum.

Com os olhos presos na luz do sol, que inundava a sala pela janela, me perguntei quando Hugo voltaria....

Como se, de repente, tivesse ouvido minha pergunta a porta começou a ser aberta e pelo momento que se passou pensei ser Hugo, mas esse pensamento foi abandonado no momento seguinte. Muito diferente de Hugo, vi um homem entrar. Ele era loiro e, mesmo sendo alto, não tinha a mesma estatura muscular de Hugo, não que ele aparentasse também ser muito magro. Segui com os olhos completamente atentos ele adentrar a sala e andar com extrema elegância até a maca oposta à minha. Assim que ele virou o rosto em minha direção percebi que ele era o mesmo, que tinha estado no salão aonde eu quase havia sido vendida. Engulo em seco ao ele prender os olhos tão claros, que parecem cinzas como seu terno de grife, em minha direção. Um arrepio de medo começa a subir em minha coluna ao sentir o seu incisivo olhar.

―Acabo de chegar e me informaram que aconteceu um incidente esta madrugada, que você lutou com um dos meus homens...

Sua insinuação é dita com sua cabeça pendendo um pouco para o lado, como se ele não pudesse perder de nenhum ângulo a minha reação.

―Eu só me defendi!

Desvio imediatamente os olhos dos seus e os prendo na parede a minha frente, mesmo que sentisse a frieza dos seus em meu rosto, tento o máximo não mostrar o quão apavorada estava com ele ali.

-Hum, muito interessante...

Ouvir o escárnio em seu tom me faz voltar a olha-lo no mesmo instante. E impulsiva, como eu era, pergunto que o não devia.

―O que é interessante?

Você! Você é a primeira garota a lutar com um de meus homens e tecnicamente vencer! -ele começa com um sorriso sádico impregnados nos lábios finos. -Pois o Hugo acabara de me contar que o homem estava no chão e você do outro lado do quarto quando te encontrou, então eu deduzo que você lutou com ele. E eu posso afirmar, que não é nada bonito quando um dos meus homens vence contra uma garota...

Ver o seu sorriso crescer minimamente com aquelas palavras faz com que de imediato surja um mal-estar em meu estômago!

-Mas não fique com medo. -ele continua, como se notasse o meu evidente medo com relação ao seu sorriso sádico. -Eu deixei Hugo cuidar daquele homem à sua maneira e irei alertar meus homens a não tentarem mais nada com você. Então você pode me agradecer....

―Te agradecer?! -eu rebato sem pensar.

A surpresa que apareceu em sua perfeita expressão me deixa mais revoltada. Como ele poderia pensar que eu poderia o agradecer por alguma coisa?!

-O agradecer por me deixar presa feito um animal? Por me colocar à venda, como se eu fosse uma mercadoria?! É, eu acho que eu tenho muito que agradecer a você!

O sarcasmo junto com um ódio se prende em cada uma das palavras que digo a aquele homem. Ele mantém a expressão de surpresa até soltar uma risada de puro escárnio e me olhar com um misto de gozação e pena.

―Você, com certeza, é uma garota de muita coragem! E é por isso que eu irei providenciar um novo alojamento para você.

Ainda mantendo um pouco do escárnio em sua expressão ele se desencosta da maca e vai em direção à porta, mas antes de abri-la e ir (de preferência para o inferno) ele vira seu rosto para mim novamente.

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