Caindo pelo Caminho

Bônus do Passado

Morte do Vicente....

Hugo, ao um ano atrás...

Posso sentir a adrenalina subir nas minhas veias como sempre acontece quando estou com uma arma na mão. Pronto para usa-la a qualquer momento.

Estou praticamente deitado no telhado de um armazém, com um fuzil apoiado no chão e meu olho direito concentrado olhando pela luneta da arma para qualquer movimentação suspeita de Vicente.

Vicente, que não sabe que eu estou aqui e que estou mirando ele, e também os seus dois capangas que o acompanham em seus lados. Há também um capanga do lado de fora encostado no do carro de luxo, observando a situação lá dentro, e eu dava uma olhada de vez em quando nele.

Não dava para descuidar nem por um segundo, pois um segundo de descuido, e uma pessoa que eu amo iria para sete palmos debaixo da terra.

Eu estou aqui por uma simples razão. Meu melhor amigo, Júlio, está a menos de três quilômetros de distância de frente para Vicente. Júlio Foster ou Júlio Sales, que para mim tanto faz, é o melhor amigo desde que ele entrou pela porta de treinamento há uns quatro anos atrás. Nos demos bem de cara e pouco depois de uns meses que eu conhecia, ele já tinha se tornado como um irmão para mim.

Eu não tinha mais família de sangue, mas sim família de coração. Como Fran, que me ajudou muito desde que assassinaram os meus pais, mas isso é outra longa história do meu passado.

Mas voltando para a situação atual; Vicente havia chamado Júlio para vir a esse armazém no meio do nada para 'conversar'. Claro, que achamos muito suspeito ele querer conversar no meio do nada, além disso, no começo dessa semana eu e Júlio tivemos um leve suspeita que Vicente estivesse desconfiado das ações de Júlio. Então quando Júlio me ligou à uma hora atrás me dizendo que estava vindo para cá, decidimos que era melhor eu vir também dar apoio, sem que Vicente e seus capangas me vissem.

Na pressa de chegar aqui primeiro e me estalar só consegui pegar essa arma com uma ótima luneta, mas era para eu ter pegado um microfone de longa distância também, não conseguia distinguir o que eles discutiam. Mas mesmo a distância dava para ver a tensão do corpo de Júlio. Algo que Vicente dizia estava o deixando muito preocupado.

Então quando Vicente pegou o celular do bolso e disse alguma coisa para Júlio, que em um movimento rápido tirou a arma das costas e apontou para Vicente, eu sabia que ia dar uma merda das grandes.

Assim que Júlio levantou a arma, um capanga do lado direito de Vicente levantou a arma e a destravou e apontou firmemente na direção de Júlio, mas eu sem pensar duas vezes com o homem na minha mira apertei o gatilho. O homem caiu no chão segundos depois com um tiro na cabeça. Não deu tempo de o segundo capanga entrar em pânico se perguntando de onde o tiro havia vindo, que assim que ele levantou a arma eu o acertei.

Um tiro perfeito em seu crânio.

Matar não era uma das coisas que eu gostava, mas eu sabia que se eu não os matasse agora, eles iriam atirar em Júlio.

Uma coisa que eu tinha aprendido era que se você não pode executar e melhor aprender a morrer.

POOF.

Um terceiro tiro soou lá embaixo me fazendo encarar a situação com um pouco de espanto, devo dizer.

-Merda! - eu praguejei quando me levantei.

Olhando para Júlio que acabará de atirar em Vicente, fiquei meio sem reação.

Desviei minha atenção dele quando ouvi pneus cantarem lá embaixo.

Olhei para baixo para ver o cara que estava encostado no carro já estava fugindo desesperadamente a toda velocidade.

-Filha da...

Antes de terminar a frase corri para a beirada do telhado do armazém e tirei a arma das minhas costas e apontei para o carro. Eu precisava tentar para-lo, sabia bem para onde o cara estava indo. E para quem ele iria contar o que havia acontecido no armazém.

Dei o primeiro, segundo e terceiro tiro em direção ao carro tentando acerta-lo, mas não consegui acertar o que eu queria, as rodas, só acertei as laterais e o vidro traseiro. Mesmo com o meu título de acertar alvos em movimento muito bem, o carro estava em total velocidade e sem contar virando da direita para esquerda em descontrole.

Assim que o carro sumiu de vista desci rapidamente as escadas enferrujadas e corri em direção ao outro armazém, cheguei lá em menos de dois minutos.

Júlio ainda estava com a arma baixa em sua mão e se encontrava perto do corpo sem vida de Vicente.

-O que ele ameaçou fazer? -eu perguntei sem julgamento algum, quando cheguei do lado oposto de Júlio perto do corpo no chão.

Eu sabia muito bem que Vicente deveria ter dito alguma porra muito séria, para Júlio ter atirado nele.

-Ele descobriu tudo sobre a minha família. -começou Júlio que, com uma olhada em sua expressão, eu podia dizer que ele olhava para Vicente como se quisesse ainda dar um tiro nele.

Sabia que Júlio era bem ligado a sua família, sua mãe, e principalmente a sua irmã mais nova, Julia, que eu já tinha visto até uma vez de longe.

-Quem ele ameaçou?

-Ele ameaçou a Julia. Ele disse para mim que sabia tudo sobre ela, e que ligaria agora para Victor e contaria para ele começar a caça-la se eu não dissesse para quem eu estava trabalhando e quantos nós éramos... -ele balançou a cabeça e olhou para mim.

-Eu perdi a cabeça quando ele disse o nome dela. Eu não consegui pensar direito... Então eu...

-Tudo bem cara. -eu disse. -Não precisa explicar. Eu sei que você fez isso para proteger sua irmã. Se fosse ao contrário também meteria uma bala nele. -eu o apoiei.

-Valeu Hugo. -agradeceu ele guardando a arma de volta.

-Mas agora porra vai ficar mais séria. Eu ouvi certo o carro arrancando lá fora?

-Sim. O filho da mãe fugiu. Eu não consegui acertar ele. - eu balancei cabeça inconformado enquanto dávamos uma última olhada para os três corpos mortos no chão.

-Sério? Está perdendo apontaria. -brincou Júlio enquanto nos afastávamos da cena macabra. Tinha bastante sangue agora no chão.

-Não enche. -eu o empurrei.

Quando saímos do armazém tive que falar o inevitável

-Você sabe exatamente o que vai acontecer agora, né? Victor vai querer retaliação depois que souber que você matou o irmão dele. Está pronto para enfrentar a merda de uma guerra contra ele?

Júlio concordou olhando para céu soltando um suspiro. -Eu sei. Agora eu tenho que pensar em uma maneira de Victor não fazer as mesmas descobertas sobre a minha família como Vicente fez.

Mesmo com aparência contida de Júlio, eu sabia que tinha um desespero atrás de suas palavras.

Ele realmente estava com medo de que Victor fosse atrás de Julia...

Espero que tenham gostando desse pequeno Bônus !