Capítulo Vinte e Quatro

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Olhei para as quatro fotos uma por uma. A cada vez que eu virava para ver a próxima meu coração batia duas vezes mais rápido e minha respiração saia cada vez mais rasa.

Todas as fotos mostravam a casa onde Júlio, Hugo e eu ficamos nas últimas semanas. Elas mostravam a fachada do portão, o telhado da casa e a bela estrada de pedras com as árvores em volta. As fotos não eram de muito perto, talvez no final da estrada de pedras antes de virar a esquerda para dar a volta no parque. Virei um das fotos e a data que estava expressa nelas me fez engolir em seco.

18 de Novembro.

As fotos foram tiradas ontem e pela cor alaranjada do céu tinham sido tiradas no final da tarde.

Quem diabos tirou essas fotos?

Alguma coisa começou a tremer a principio achei que era eu de medo ou um sentimento muito próximo a esse. Mas depois o tremor foi seguido por um toque irritante que só ia aumentando.

Eu coloquei as fotos debaixo da minha perna evitando que elas voassem. Vi que o som vinha de dentro do envelope que ainda estava no meu colo. Coloquei minha mão com cuidado novamente dentro do envelope até que no final dele meus dedos tocara algo quadrado. Assim que puxei para fora vi que era oque eu já estava pensando.

O celular quadrado e simples ainda estava vibrando e tocando um toque irritante para caramba. A tela estava acesa mostrando número privado. De repente alguma coisa se alojou na boca do meu estômago fazendo eu me sentir mal.

Eu estava em dúvida em atender só para parar o som irritante.

Mas quem eu estava tentando enganar?

A curiosidade em mim atenderia de qualquer jeito.

Sei já lá quem tenha mandado isso, não fez questão de ser totalmente discreto.

Um celular com toque irritante e mandar um garotinho?

Prendendo a respiração apertei o botão de atender e coloquei na orelha.

-Olá Julia.

A voz fria do outro lado da linha quase me fez derrubar o celular, mas segurei firme quando soltei a respiração de uma vez.

-Victor... -eu praticamente sussurrei.

-Bom saber que você lembra-se da minha voz. -disse ele. - Acho que á essa altura você já viu as fotos que eu mandei especialmente para você. - dava para ouvir pelo tom da sua voz que ele estava sorrindo.

-Como você sabe onde estamos? -eu perguntei minha voz estava instável.

As fotos estavam claras. Ele sabia exatamente onde estávamos.

Eu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo!

-Não que isso importe, mas eu tenho os meus contatos. E você deve saber que quando eu quero algo. Eu consigo. -ele falou com tanta confiança, que eu duvidava que ele não tivesse sempre conseguido oque queria.

-O que você quer? -eu perguntei sentindo uma onda de raiva, medo e ódio começarem a me invadir. Tudo de uma vez. Eu sabia que tinha que levantar a bunda desse banco e ir correndo até Júlio, mas eu estava congelada no lugar.

-Há eu quero muitas coisas... -começou ele suavemente como se tivesse pensando nas coisas que ele queria. -Como algumas pessoas próximas a você mortas.

-Eu não vou deixar você matar Júlio e Hugo! -exclamei um pouco alto de mais. Olhei ao meu redor, mas não havia ninguém.

-Que bom. -ele riu um pouco, me fazendo estremecer de medo. -Eu estou contando exatamente com isso Julia.

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