...Eu estava perto da janela quando a porta do quarto se abriu de repente. A sombria escuridão foi varrida para os cantos quando uma luz incandescente o inundou gradativamente. Para lá de curiosa seguia em direção a luz, mas não dei mais de dois passos para que meu coração se descompensasse em meu peito.
Eu realmente estava vendo ele? Com toda a sua altura e beleza? Me olhando através de seus cabelos castanhos claros que lhe cobriam os olhos, exatamente como eu me lembrava?
Não podia acreditar que era ele, meu irmão!
Com os olhos presos nele dei mais um passo em sua direção com intenção de toca-lo, mas ao fazer isso a luz instantaneamente se apagou. As sombras tomaram os cantos do quarto novamente e eu senti ,enquanto tentava gritar seu nome, a dor voltar mais viva do que nunca...!
De repente acordo ofegante e com o nome de Júlio queimando no fundo da minha garganta. Enquanto sentava na cama o sonho que eu acabara de ter se desenrolava na minha cabeça. Podia jurar sentir a dor penetrando em meu peito, como senti no sonho. Fazia tanto tempo que eu não sonhava com ele que, sonhar agora em meio a esse pesadelo que era minha vida, me deixava desestabilizada. Principalmente se o sonho fosse referente a ele me tirar daqui.
Levanto a mão a corrente e a aperto, como se minha vida dependesse disso! Não me importo nem quando as pequenas espadas começam a perfurar a palma da minha mão. Somente queria que a calma, que ela sempre me dava quando a segurava, me embalasse. E com os olhos presos na janela, que deixava um pouco da luz da lua se reverberar por ela, me deitei novamente muito mais calma.
Quando ia sentido a bruma do sonho nublar cada vez mais meus pensamentos ouvi um ruído se elevar gradativamente. Ao ouvir o barulho se tornar mais alto e notar de onde ele vinha, a bruma, que estivera quase me dominando, simplesmente foi repelida pelo susto que me faz sentar de imediato. Estática, vejo a porta ser aberta com o máximo de cuidado. O que não importava, pois com ou sem cuidado, era impossível não ouvir o ruído do ferro sendo arrastado nas dobradiças. Com coração começando a bater rápido vejo quando o invasor fecha a porta atrás de si novamente. A escuridão do quarto não deixa eu ver quem é, e pela forma como ele não se apresentou, não parecia que ele acenderia.
Por um momento penso que é Hugo, mas esse pensamento é descartado assim que vejo um pouco da pessoa, que começava a vir de fininho na minha direção. A sua estatura baixa foi banhada por um segundo pela luz fraca que adentrava o quarto fazendo com que eu constatasse que sim, era um homem.
De repente me lembro do que guardara debaixo do velho colchão. Esticando a minha mão com cuidado para não fazer nenhum movimento ao qual chamasse a atenção do homem, consigo pegar o prego enferrujado e o trazer para perto de mim. Assim que o homem chegou ao pé da cama vejo ele ser magro, mas ser um pouco mais alto do que eu.
―Você é nova aqui e eu, quero ser o primeiro a experimentar você!
Ele coloca o seu joelho na cama fazendo com que tenha um sobressalto e vá para o canto mais longínquo que a cama me permite. Deixei minha mão escondida a trás das minhas costas com o prego preparado, pois sabia muito bem o que ele queria dizer com "experimentar".
―Não tenha medo docinho. -ele tenta suavizar ao se aproximar ainda mais de mim. -Isso pode ser bom tanto para mim quanto para você...
Ele levanta a mão até a pousar no meu cabelo. Assim que sinto seus dedos se embrenharem por uma das mechas tenho uma vontade imensa de repelir sua mão nojenta para longe de mim! Mas, mesmo com essa imensa vontade, me seguro. Eu sei que não posso soltar o prego que se prende fortemente em meus dedos, pois eu só tinha uma chance e se a perdesse, eu perderia tudo!
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Caindo pelo Caminho
Acción"Se você cair pelo caminho da vida, levante-se. A vida é feita de obstáculos que temos que passar frequentemente para um dia alcançarmos a vitória...". Julia Foster de 19 anos têm sua vida mudada drasticamente após a morte de seu irmão e sua mãe qua...