Acordar, comer e dormir.
As únicas três coisas que eu fiz ao decorrer de uma semana e meia, que passei enfurnada nesse bendito quarto.
Não tive mais visitas de Victor depois daquele dia em que chorei pelo meu irmão, só as visitas diárias de Luiz, que me trazia coisas de higiene pessoal e comida. E faz duas semanas que não vejo Hugo. Não sei se ele voltou ou se vai voltar e nem sei se vai querer falar comigo de novo. Eu tinha perguntas para ele, mas também queria vê-lo e muito, seu beijo nunca saiu de meu consciente, com toda a certeza ele beijava muito bem...
Duas batidas rápidas na porta e depois ela se abre mostrando Luiz, como sempre. Só que dessa vez ele vem com uma sacola em seu braço esquerdo e uma bandeja na outra mão. Me levanto e pego a bandeja de sua mão que está tremendo um pouco. Quando me viro novamente para perguntar se ele está bem, ele me estende a sacola e eu levanto minhas sobrancelhas em interrogação.
―Isso é para você vestir.... Agora.
Eu me aproximo e pego a sacola com meu braço direito, pois mesmo passado quase duas semanas meu braço esquerdo ainda doía quando eu o mexia, mas não usava mais a tipoia improvisada. Alguma coisa se alojou no meu estômago e eu já sabia o que era antes mesmo de abrir a sacola.
―Vieram nos comprar hoje. -eu afirmei, não precisava perguntar pela expressão de Luiz e a sacola não restou dúvidas.
―Sinto muito querida. -seu sotaque forte (que eu ainda não tinha conseguido descobrir de onde era) se amenizou ele me olhou com os olhos tristes antes de sair cabisbaixo em direção à porta.
Eu queria dizer a ele que ele não precisava sentir muito, não era culpa dele. Mas eu só fiquei parada com a sacola na minha mão.
Saio do meu transe e esparramo o conteúdo da sacola na cama. O seu conteúdo era constituído por um par novo de calcinha e sutiã, um vestido preto de flores lilases de manga comprida e uma sapatilha. Eles devem ter mandado um vestido mais bonito e de mangas para que não reparem tanto em meu braço machucado. Bom, agora já não estava tão feio, mas sei que ficara uma cicatriz horrível depois que tirar os pontos.
Mesmo que a última coisa que eu queria era vestir aquelas peças, as vesti depois que tomei um banho. Ao voltar para quarto sento na cama e estou pronta para vestir as sapatilhas quando ouço alguém abrir a porta. Viro completamente espantada, já que todas as vezes que Luiz ou Victor vinham eles batiam primeiro. Mas assim que a pessoa adentra o quarto o meu estúpido coração começa a bater mais rápido e se contradiz com a minha determinação de duas horas atrás.
Hugo.
Seu nome queima na minha garganta para ser dito, mas ao invés disso somente fico lá, o observando. Observo como ele está mais bonito do que a última vez que eu o vira. Sua beleza acentuada nos seus cabelos negros bagunçados e em seus olhos, que parecem mais verdes e brilhantes. Sua aparência em si grita que ele é um Bad boy, ou assim ele aparenta ser vestido com roupas pretas e botas pesadas de motoqueiros.
Onde está a sua determinação de o confrontar?!
Eu não sabia aonde ela havia ido, já que eu continuava sem me mexer feito uma idiota!
―Vejo que você está bem melhor. -ele diz ainda perto da porta e eu, por extinto, coloco minha mão em meu braço esquerdo.
―É, estou bem.
Meu tom meio incerto faz com que ele veja a minha confusão com aquilo tudo. Mas ao invés de esclarecer as coisas ele simplesmente dá um belo sorriso torto...
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Caindo pelo Caminho
Aksi"Se você cair pelo caminho da vida, levante-se. A vida é feita de obstáculos que temos que passar frequentemente para um dia alcançarmos a vitória...". Julia Foster de 19 anos têm sua vida mudada drasticamente após a morte de seu irmão e sua mãe qua...