Capítulo Vinte e Seis

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Quando acabamos de comer ele colocou de volta oque sobrou na cesta e depois se deitou colocando a cabeça no meu colo.

Fiquei feliz com isso!

Eu amava a intimidade que tínhamos. Inconscientemente comecei a passar os dedos por seus cabelos negros. Era tão bom ter esse momento relaxante. Momentos calmos como esse eram maravilhosos!

Como se não tivéssemos preocupações. Como se fossemos um casal normal com preocupações normais. Tendo um piquenique em um dia não muito convencional, pois o céu ainda estava completamente nublado e eu ainda apostava que uma chuva viria á noite.

Respirando fundo fechei meus olhos querendo que esse momento congelasse e durasse tempo indeterminado.

-Oque você anda pensando? -Perguntou Hugo.

Abri os olhos e olhei para baixo.

-Nada de mais. -eu continuei passando os dedos pela sua cabeça. Ele parecia gostar muito disso. -Posso te fazer uma pergunta, além dessa que estou fazendo?

-Claro. -disse ele sorrindo sem hesitar.

-Eu reparei que você só tem duas tatuagens. Então eu queria saber se elas têm algum significado especial?

Ele continuou sorrindo para mim solenemente e se sentou-se. Eu queria saber desde que as vi, mas só agora tive a chance de perguntar.

-É uma longa história, mas sim, elas têm um significado especial para mim.

Eu vi em seus olhos um flash de alguma coisa. Levantei minha mão e passei delicadamente na lateral do seu rosto que tinha um início de barba querendo crescer.

-Adoraria ouvir essa história algum dia quando você quiser me contar...

-Julia eu quero te contar. Eu nunca me senti muito confortável para contar essas coisas sobre o meu passado, por isso só as pessoas mais próximas sabem, mas você é diferente. Eu quero contar tudo oque há para saber sobre mim, para você.

-E eu quero saber tudo oque há para saber sobre você. -suavemente fiz um carinho em sua bochecha.

Ele assentiu e quando eu tirei minha mão do seu rosto; ele colocou sua mão na barra da sua blusa preta e a puxou pela cabeça.

Eu tentei.

Juro que tentei não ficar olhando para seu peito e torço esculpido, mas estava meio difícil olhar para outra coisa.

Ele era lindo!

E nesse momento eu podia pensar que ele era o meu lindo!

Levantei a mão novamente e passei as pontas dos dedos pela âncora em seu peito esquerdo. Ela era simples ao mesmo tempo os detalhes nela chamavam atenção. No final da âncora quando ela se curvava para ambos os lados havia dois nomes escritos, em letras finas e cursivas quase ligadas um ao outro. Com certeza quem a fez sabia bem como fazer tatuagens lindas e devo dizer complicadas.

-Marina e André. -eu passei os dedos seguindo a letra enquanto falava os nomes.

-Os nomes dos meus pais. -disse ele quando voltei olhar para seu rosto. -Eu fiz essa pouco tempo depois da morte deles. Eu achei a âncora o símbolo perfeito na época para marcar o nome deles. O símbolo do qual vi firmeza e confiança, de como quando os navios jogam a âncora no mar e elas afundam profundamente. Eles colocam confiança que ela vai afundar e que quando tocar no chão do mar ela irá se firmar e não vai deixar que o navio flutue pelas águas desconhecidas do oceano. Como eu naquela época, eu poderia estar flutuando sem eles, mas eu tinha que me lembrar de que eles eram a minha âncora e que eu poderia oscilar, mas que não iria muito longe. Mesmo que eles não estivessem aqui fisicamente eles estavam aqui. -ele colocou a mão em seu peito esquerdo em cima da minha mão estava espalmada onde seu coração batia. -Onde mais importa. Até os meus 20 anos eu vivi com culpa e era isso que eu me lembrava de todos os dias.

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