Capítulo Dezoito

4K 368 43
                                    

Me falta ar quando Victor, vestido com um terno cinza de grife, olhou de Hugo para mim. Ele me medir do pé a cabeça, mesmo de longe, me fazia sentir enjoada a ponto de querer me esconder atrás de Hugo.

Daria tudo agora para me sentir segura de novo, exatamente como há alguns míseros segundos...

Saíram dos dois carros alguns homens grandes e atarrancados de cabelos oleosos. Um exato homem de cabeça raspada, que saiu do banco de trás do primeiro carro, me lembrou perfeitamente do homem que havia sido morto perto do escritório de Victor.

Talvez eles tivessem parentesco.

E o cara estar olhando para mim com uma expressão, que eu tinha medo de deduzir, poderia até me confirmar aquilo. E mais, ao reparar que ele tinha uma arma na mão, faz com que eu dê um passo instintivo para trás.

Isso não passou despercebido nem por Hugo, que deu um passo passo se colocando na minha frente, e nem por Victor. Não estando totalmente a minha frente pude ver Victor simplesmente levantar a mão esquerda fazendo com todos os seus homens guardassem suas armas. Mesmo que alguns fizessem cara feia ao fazer isso, Victor deu um passo a frente se destacando. Hugo, que fez a mesma coisa já tinha sua arma prata abaixada junto ao corpo, e o encarava da mesma maneira.

Mesmo com a arma abaixadas Hugo parecia totalmente alerta a qualquer momento para usa-la.

-Hugo, você deveria me conhecer melhor depois de um ano. -recitou Victor alto bastante para ouvirmos. O olhar frio, calculista e preparado para matar dele dava para ver de longe pela sua expressão. - Você sabe o quanto eu odeio traidores e sabe bem, como eles terminam.

Engoli em seco com as palavras de Victor. Olhei para Hugo, mas ele não tinha nenhuma expressão em seu rosto.

-Victor. -recita Hugo o nome de Victor com puro nojo. -Eu o conheci o bastante para saber que você é um grande filho da puta doente.

Se eu já estava tensa, agora estava mais ainda!

Ao ver Hugo destravar a arma acabei por dar um passo para ficar ao seu lado, logo vendo um sorriso para lá de sinistro se formar no rosto de Victor. Ele olhava diretamente para Hugo, com uma expressão de pura raiva e parecia pronto para matar ele se possível. A sua cara pacífica para mim nos dias que ele veio até o quarto que estava me mantendo não parecia nunca ter entrado em seu rosto agora.

Engoli em seco e coloquei minha mão no braço esquerdo de Hugo. Estava com medo de Victor do nada atirar nele. Esse pensamento me fez dar um aperto em seu braço e chegar mais perto. Aquela ação só fez com Victor voltasse os olhos para mim novamente.

-Julia. -saboreia Victor virando um pouco a cabeça de lado com os olhos estreitos. - Você deve estar pensando que fez uma escolha muito errada em ir com... -ele faz um gesto em direção a Hugo.

-Você não sabe nem um pouco o que eu estou pensando. E eu tenho certeza fiz a escolha certa. Qualquer escolha era melhor do que ficar naquele lugar ou perto de você. -rebato com raiva.

Sua postura endurece antes mesmo que eu termine a frase.

-Não esqueça Julia, que palavras podem matar você! -ouvi ele dizer mortalmente sorrindo.

Victor com certeza era uma pessoa doente e maluca. Ele tinha o maior número de capangas com armas e eu poderia até morrer agora por ter dito aquilo a ele. Mas uma raiva crescia dentro de mim e me impedia de sentir medo.

Era culpa dele! Culpa dele eu ficar todos esses meses sem o meu irmão... Pensando nisso uma coisa me veio. Ele pensa que matou Júlio e acredita que ele está morto...

-Julia eu peguei...-ouço Júlio saindo do beco.

Olhei para ele imediatamente e logo notei ele absorver o que estava acontecendo. Sua expressão mudou rapidamente de surpreso para preparado para qualquer coisa em menos de três segundos e, sem falar, que ele já tinha sua arma na sua mão também. O seu olhar cortando já diretamente para Victor.

-Vejamos quem não está morto e enterrado sete palmos no inferno! -rosna Victor me fazendo olha-lo novamente. E levo um susto quando vejo ele estar já segurando uma arma.

Sem nenhum aviso senti Hugo pegar meu braço e me puxar meio que tentando me proteger enquanto eu não conseguia tirar os olhos da expressão de Victor, que era uma mistura de surpresa e raiva. Ele tinha mesmo uma postura de que tinha encontrado seu inimigo mortal. Antes de ouvir o primeiro disparo de tiro Hugo já tinha praticamente me jogado no banco de trás do carro.

-ABAIXA! -gritou Hugo em meio alvoroço aos tiros.

Hugo estava meio que se protegendo atrás da porta que eu tinha acabando de abrir para eu entrar. Abaixei minha cabeça no meu colo, meus ouvidos estavam zunindo e meu coração batendo freneticamente no meu peito. Quanto mais os tiros batiam na lateral do carro e no vidro, que só não quebrou por ser blindado, meu desespero pela segurança de Hugo e Júlio ia crescendo fazendo-me querer fazer alguma coisa imediatamente. Antes de fazer qualquer movimento Hugo bateu a minha porta e rapidamente entrou no lado do motorista e assim fez Júlio as pressas.

-VAI! VAI! VAI! -gritou Júlio assim que Hugo puxou a marcha e pisou no acelerador.

Uma fumaça de poeira subiu quando as rodas cantaram no chão de barro. Alguns tiros soaram e atingiram as laterais do carro. Sabia que eles estavam tentando acertar as rodas. Segurei-me forte enquanto Hugo pisava mais forte no acelerador. Assim que a poeira abaixou um pouco pude ver Victor com a arma levantada e gritando com os homens perto dele alguma coisa antes deles entrarem no carro.

-Eles vão nos seguir! -exclamo em pânico.

Ainda olhando para o carro lá trás começando acelerar também.

-Não por muito tempo. - Hugo diz mudando a marcha e se preparando para fazer a curva.

Assim que ele fez a curva eu não estava totalmente preparada e bati com tudo minhas costas na janela do carro. Cara doeu para caramba!

-Julia coloca o cinto agora! -ordena Júlio.

Sua voz parecia estranha. Coloquei cinto rapidamente. Quando vi que mais para frente tinha uma curva.

Assim que coloquei olhei para trás no vidro que tinha meio que alguns estilhaços de tiro me impedindo de ver perfeitamente, mas vi quando o carro cinza vinha lá trás ganhando velocidade. Não sabia se Victor estava nele ou não, mas...

-Está tudo bem cara?

Ouvi Hugo perguntar enquanto recuperava o fôlego.

-Vou ficar... -Júlio disse e mais uma vez achei sua voz estranha. -Droga! -praguejou Júlio me fazendo me inclinar no banco o tanto que o cinto deixava.

Quando me inclinei para frente e olhei para Júlio me espantei totalmente quando olhei para sua barriga e vi uma mancha de sangue em sua blusa. Senti minha respiração falhar e as palavras saírem sussurradas.

-Você levou um tiro...

Ele levantou a blusa lentamente e vi um rastro de sangue na lateral direita do seu abdome. Ele olhou para baixo e fez uma careta enquanto vi seu abdome com sangue.

-Perfurou? -perguntou Hugo preocupado.

-Não, não. Foi só de raspão. -disse Júlio virando um pouco para ver direito. -Por um centímetro. -disse ele mostrando um sorriso doloroso que até mostrou uma de suas covinhas.

Hugo não segurou um de seus belos sorrisos antes de balançar a cabeça e continuar pisando no acelerador nos levando o mais longe do que havia acontecido. Não queria saber se o carro lá trás estava mais perto ou não.

-Está tudo bem Julia. Não precisa desmaiar. -disse Júlio quando olhou para minha cara que deveria estar em um estado de choque.

Eu só conseguia pensar e se tivesse sido um centímetro a mais, ele teria uma bala alojada em seu estômago agora. E eu sabia bem de quem era culpa.

Minha!



Mais um capítulo pronto ! kkk

Votem e cometem ;)

Obrigada, e até quarta.

Many Kisses

Caindo pelo Caminho Onde histórias criam vida. Descubra agora