A primavera passada

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Sim, você costumava me chamar de amor
Agora você me chama pelo meu nome
Só os iguais se reconhecem, sim
Então, quem você tem chamado de amor?
Ninguém poderia tomar o meu lugar
Quando você olha para aqueles estranhos
Espero em Deus que você veja meu rosto

(Youngblood - 5 Seconds of Summer)

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Quando Alexia chegou a Arena escutou burburinhos ao seu redor. Ouviu seu nome entre eles e ficou confusa com o motivo pelo qual estariam falando tanto e por que a olhavam de rabo de olho. De toda forma, o episódio recente na casa de Áries ainda ocupava boa parte de sua mente e o restante devia ocupar-se com o sino que deveria acertar, então não tinha tempo para se importar com isso no momento.

O sino encontrava-se isolado no centro da grande Arena, pois a maioria dos aprendizes já havia feito sua prova - alguns reprovaram, outros desistiram e outros saíram vitoriosos. Alexia queria e tinha por obrigação estar entre os vitoriosos, portanto posicionou-se e se concentrou. Pensou nos átomos, como havia lhe ensinado Albafica, elevou o cosmo, controlando-o como quem afia uma espada, que precisa estar no ponto. Dessa vez, não permitiu-se ter dúvidas nem sentir medo, confiou no poder que emanava de si e finalmente golpeou o sino. O imenso objeto moveu-se, badalando fortemente e ressoando por toda a Arena, e ela abriu os olhos surpresa e satisfeita consigo mesma. Havia conseguido, finalmente, havia conseguido!

Os burburinhos cessaram no momento em que o sino tocou. Selinsa olhava orgulhosa para sua amiga, e pela primeira vez sentiu o cosmo poderoso que ela guardava em si. Ao fundo, Agathia também observava, sentindo um gosto amargo na boca.

─ Tendo dois mestres cavaleiros de ouro, até que demorou pra completar a tarefa. ─ disse um rapaz de aparência exótica, Ryu, com escárnio.

─ A pequena preciosa teve até aulas particulares e à domicílio... ─ continuou uma das aspirantes a amazona, Lygia, de cabelos vermelhos como um tomate.

Alexia arqueou as sobrancelhas, confusa e contendo a vontade de retrucar. Por que aqueles aprendizes estavam sendo tão hostis?

─ O que há com eles? ─ perguntou para Selinsa, ao aproximar-se dela.

─ Parece que souberam da visita do mestre Shion à sua casa. ─ respondeu a veterana ─ E estão enciumados.

─ Como? E o que eles tem a ver com isso? ─ a italiana começava a sentir o sangue esquentar.

Como que por um sinal do universo, nesse exato momento Agathia se aproximava. O raciocínio de Alexia foi rápido em ligar os pontos: era sua vizinha, havia recebido flores de ambos os mestres, e Agathia foi a florista que as vendeu. Logo, a fofoqueira só poderia ser ela.

─ Alexia, queria lhe dar os parabéns. ─ disse a mais nova num tom de voz doce.

─ Sei, agradeço. ─ sibilou Alexia com os olhos cerrados, sem importar-se em ser cordial ─ Agora, gostaria de me dizer porque espalhou uma fofoca sobre mim entre os aspirantes? ─ acusou sem rodeios.

─ O quê? ─ a máscara escondia a expressão de Agathia, de forma que as outras não podiam ver sua expressão indiferente, que não condizia com o tom de choque em sua voz ─ Não sei do que está falando, eu não disse nada.

─ Você é a única que poderia ter aberto a boca. ─ Alexia estava a um passo de se exaltar.

─ Alexia... ─ chamou Selinsa, querendo parar a amiga.

─ Não sei porque está me acusando Alexia, não tenho motivos para lhe querer mal. Eu bem sei que recebeu mesmo as visitas, pois eu vendi flores aos seus mestres, mas não é da minha conta a sua vida, está sendo injusta.

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