Às margens do Rio Aqueronte

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Apenas tire a dor
Não falamos sobre isso

É algo que não fazemos
Porque assim que você seguir em frente

Nada mais restará

(Meet me inte hallway - Harry Styles)

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Alexia não acordou naquela manhã, nem ao cair da tarde.

Albafica estava no jardim quando teve essa estranha sensação de já ter passado da hora dela sair da cama, mesmo que Alexia tivesse a marca registrada de acordar tarde. Ele queria que ela descansasse, mas sentiu um peso muito grande no coração quando percebeu que não sentia o cosmo dela. Assombrado, caminhou até o quarto, que estava silencioso e escuro.

Aproximou-se da cama, forçando-se a andar. Tinha medo de ter a confirmação de seus pesadelos, era como se aproximar de um abismo. Ele a tocou e Alexia estava quase fria. Quis gritar, mas a voz não saiu. Sentou ao lado dela, chamou-a, mas ela não estava mais ali. Albafica estava em estado catatônico, como se sua alma também tivesse sido arrebatada naquele momento. Abraçou-a junto de seu peito e encolheu-se na cama, em um silêncio profundo e fúnebre.

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Era quente, úmido e escuro, ao mesmo tempo em que o ar entrava seco pelas narinas. Ela não reconhecia aquela paisagem desolada, e os gemidos e gritos ao fundo eram profundamente perturbadores. Um barulho às suas costas a fez virar, e se deparou com Agathia. Ela tinha um sorriso no rosto que beirava a satisfação.

— Você sabe onde estamos? — perguntou em alerta.

— Você não sabe onde estamos?

Alexia revirou os olhos. Agathia claramente estava se divertindo ao lhe voltar aquela pergunta. Essa situação tão peculiar, essa aparição repentina, só podia indicar que estava sonhando. Então deu de ombros.

— Não sei. Você sabe para onde devo ir? Temos que sair daqui.

A aprendiz ergueu o braço, apontando o horizonte.

— Para aquele rio. O mínimo que posso desejar é que faça uma boa travessia. — Alexia arqueou uma sobrancelha.

— Você não vem?

Agathia sorriu. Um sorriso tão curvado, que parecia cunhado por um canivete. E então Alexia percebeu os olhos vazios que Albafica havia mencionado. Como se naquele corpo não houvesse mais uma alma. E então, assim como apareceu, Agathia sumiu.

Alexia começou a caminhar na direção que lhe foi apontada. Parecia uma caminhada de horas e o tal rio nunca aparecia. Ela se perguntava porque não acordava, porque Albafica ainda não a veio despertar, ou algum barulho alto. Talvez o sonho também não tivesse ficado tão assustador ao ponto de lhe despertar.

Finalmente viu as margens do rio, e havia uma pessoa ali, sentada em um barco. Ele usava uma armadura negra e tinha uma aparência horrível.

— Oi — balbuciou, tentando não se aproximar demais — Me disseram que esse é o caminho para a saída.

O feioso riu, fazendo um calafrio arrepiar o corpo de Alexia.

— Se lhe parece uma saída...

— Você pode me dizer onde estamos?

— Na entrada do mundo dos mortos, querida. No inferno, no submundo, como quiser. Nos domínios de Hades. — ele percebeu a expressão de choque no rosto dela — Vocês cavaleiros de Atena não costumam chegar por essa entrada. São atirados no Cócitos, você deve ter ouvido falar.

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