Capítulo 6 - Descobertas

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Ninguém viveu minha vida.
Ninguém chorou minhas lágrimas.
Então não julgue e apenas fique na sua!
(Kristen Stewart)

Então eu sou um ser mágico, tudo o que eu quiser fazer eu posso, até matar e até dominar o mundo, foi bom me sentir poderosa a esse ponto mas ao mesmo tempo assustador, nunca quis isso, e meu sonho de ser uma garota normal cada vez mais se afasta de mim, talvez não seja meu destino.

Nunca acreditei em contos de fadas, muito menos em seres mágicos como sereias e duendes, e então descubro que eu na verdade sou um tipo de mistura deles.

—Eu sei que é assustador no começo, não é fácil saber que pode controlar todos os elementos e ainda falar com animais, mas com o tempo acostuma e se você chegou até aqui é porque eu tenho uma missão a cumprir, que é te ajudar, ninguém pôde me ajudar e eu senti falta de um apoio, mas você está aqui agora e não vou negar ajudá-la, você aceita minha ajuda?

Eu poderia negar tudo isso e sair daqui, deixando esse "velho maluco" e o lobo Téo para trás mas eu queria respostas, isso é uma boa explicação do meu cabelo mudar sempre, essa é uma boa explicação por eu ser tão diferente. E é por esses motivos que aceitei.

—Para eu poder te ajudar preciso saber exatamente quem você é—George diz com sua voz sempre serena, capaz de acalmar qualquer pessoa, menos eu é claro, já que estava com meus nervos explodindo e a cabeça doendo de tanto pensar.

Eu não posso contar a ele tudo agora! Isso iria arruinar tudo, com certeza ele iria querer se livrar de mim o mais rápido possível para não parecer sequestro, engulo em seco, e ele sorri.

—Não quer falar agora? Tudo bem então, eu entendo, ainda não temos tanta confiança assim, não tem problema criança, pode ficar aqui por quanto tempo quiser, está segura aqui comigo e com Téo— George já ganhou minha confiança, porque em alguns minutos, ele me tratou como se eu fosse sua própria filha, coisa que meu pai não fez em anos, o que eu sinto é receio e medo, decido então manter meus segredos apenas comigo, por enquanto.

—Você nasceu aqui em Artenis mesmo?—Pergunto curiosa, ele está em pé escolhendo duas maçãs e me entrega uma delas, que aceito na mesma hora, estou sem comer faz bastante tempo.

—Não, sou de um reino distante que nem deve existir mais, com todas essas guerras—Após falar ele morde a maçã.

Téo sentindo agora tédio resolve sair para dar uma voltinha "caçar borboletas coloridas" ele explicou.

—Você então fugiu da sua família e do seu reino e veio parar aqui? Quantos anos tinha quando isso aconteceu?—Não aguento minha curiosidade e continuo meu interrogatório, ele faz uma careta.

—Uns doze anos, eu acho, cheguei aqui da mesma forma que você, por teletransporte com aquelas luzes douradas em meu redor, acho que temos uma grande conexão com essa floresta aqui, enfim, achei essa biblioteca abandonada, arrumei tudo e fiquei por aqui, li todos esses livros que você está vendo, aprendi várias coisas através deles, descobri mais sobre meus poderes graças aos livros, descobri que essa biblioteca abandonada fazia parte do Castelo de Artenis, eles escondiam precisos livros aqui, e agora eu entendo o porquê, não queria saber sobre muitas coisas...

—Uau—Solto perplexa, George é muito forte, uma criança ter que largar tudo para trás e vir morar em uma floresta desconhecida, sem ajuda, com lobos como amigos, George mais do que nunca merece mais ainda meu respeito, queria eu ter tido essa coragem quando tinha doze anos.

— Bom, agora esqueça esses probleminhas insignificantes, durma um pouco e descanse, você passou por muita coisa e descobertas também—E não protesto, faço exatamente isso, George diz que vai atrás do Téo e falará com os outros animais para saber de alguma novidade, então eu deito no colchão de folhas, que é muito confortável, e logo adormeci sem dificuldade alguma.

Consegui dormir bem, mas chegou a parte dos sonhos, revivi a cena da festa e da fuga, e o sonho acabou quando encarei os olhos verdes em meio a escuridão, acordo e me sinto anestesiada, um sonho de algo tão recente, e focar bastante no amor da minha irmã, isso não é bom.

Está de noite, George está deitado no lado oposto ao meu, em um colchão de folhas igual ao meu, me levanto devagar e sem barulho algum, vejo Téo dormindo tranquilo como um cãozinho fofo e manso, não sei bem o que faço, mas é como se algo me chamasse para fora, eu sinto que preciso sair um pouco, no meio da noite escondida, um ato burro.

Ao abrir a porta, sinto a brisa fria e nebulosa me invadir, jogando meu cabelo com força para trás, respiro fundo duas vezes, e então saio, encaro a floresta escura e percebo o que não vi antes, o grande castelo com todas as luzes possíveis acesas, eu só teria que andar um pouquinho para chegar na cidade.

Foi algo impulsivo sim, minha sede de aventura me dominou e quando percebi já estava andando em direção as luzes e ao movimento da cidade, precisava ver gente normal, talvez eu conseguisse me misturar a eles e imaginar como seria ser uma menina trabalhadora ou camponesa.

Alcanço meu destino, logo estou no muro do castelo, agora eu só teria que andar para a frente e ver as casas e comércios, mas uma mudança de planos acontece, escuto um ruído do outro lado do muro, assustada recuo e me escondo atrás de uma pequena árvore, quem aparece faz eu prender minha respiração.

Pulando o muro estava ele o ex-noivo inconsequente da minha irmã, Príncipe Andrew, mas por que ele está fugindo? E parece bem feliz já que está com um enorme sorriso no rosto, ele começa a caminhar sem preocupação, e eu o sigo.

Ele passa pelos comércios e casas sem problema algum, está usando um casaco preto com capuz, passamos praticamente por uma vila inteira, ele só para ao chegar em uma casa simples, feita de tijolos, sem pintura, com grades de ferro enferrujadas, Andrew bate palmas e um garoto da nossa mesma idade aparece, alto e magrelo, ruivo e com sardas pelo rosto branco, deixa Andrew entrar e se cumprimentam com um aperto formal de mãos.

O que era aquilo afinal?

Só tinha uma resposta, Andrew era um príncipe rebelde que fazia tudo contra seus pais, desafiava o rei e a rainha, o que não é muito sensato ao pensar que Artenis é o reino da guerra, onde as armas são fabricadas, onde pólvora é fabricada, é o terceiro reino mais rico e valioso, é horrível saber que esse reino se sustenta através da destruição de outros.

Uma ideia absurda chega até a mim, chantagens é o nome, podia muito bem usar esse segredo ao meu favor, ficaria em um quarto confortável no castelo e ainda poderia carregar George comigo, perfeito realmente, mas não farei isso, não sou assim, mas eu posso receber boas informações em troca de ficar quieta.

Afasto esses pensamentos e entro novamente na floresta retornando para a casa de madeira, quando chego lá Téo e George continuam dormindo, volto a me deitar como se não tivesse visto nada naquela noite.

Escrito por Pâmela Mel.


As princesas do Reino Cristalya~Vol.1~Onde histórias criam vida. Descubra agora