As princesas do Reino Cristalya~Vol.1~

Capítulo 34 -Meu primeiro Natal

Três semanas, exatamente três semanas se passaram depois da morte de George e o vazio dentro de mim parece crescer a cada dia, me sufocando.

Todos tentam me animar, Alex junto com Alice até me arrumaram como uma verdadeira princesa e demos altas gargalhadas no processo, Andrew faz questão de ficar o tempo inteiro comigo, Anthony como meu melhor amigo não saí do meu lado e me recomendou bons livros para distrair os pensamentos indesejáveis, Unicórnio até dividiu seus preciosos bolinhos de chocolate comigo e Tiffany pegou um pote de brigadeiro imenso só para mim. Mas depois que os momentos engraçados vão embora tudo volta como uma avalanche me destruindo aos poucos.

Téo simplesmente correu até ficar distante de mim, ele se despediu dizendo que tinha que resolver assuntos seus e que qualquer coisa era só pensar nele que viria correndo me ajudar, entretanto eu sei quais são esses "assuntos" que precisam ser resolvidos com ele longe de todos nós humanos, com certeza tem a ver com seus poderes misteriosos e a morte de George.

A voz doce e feminina aparece com mais frequência em meus sonhos, as vezes eu acordo assustada e choro sem saber o porquê, começou após George nos deixar. A voz doce não transmite a mesma doçura em suas palavras, na maior parte são ameaças, juramentos e morte, quando acordo tudo em minha volta é gelado e minhas mãos ficam rodeadas de pedras de gelo por culpa do meu poder. Não sei o que significa e prefiro não saber por enquanto.

Camille, prima do Henrique, conseguiu se recuperar de sua doença e agora participa das aulas normalmente. Ela mudou bastante, agora não se importa tanto com a opinião dos outros sobre si mesma e seu humor e educação estão excelentes, nem parece ser a mesma pessoa de antes que gostava de humilhar criados e era preconceituosa, Camille é um exemplo que pessoas podem mudar quando querem.

Unicórnio descobriu que o namoro de Henrique com Valerie era falso, sendo que Valerie está noiva (obrigada por culpa de um contrato que seus pais fizeram) com Igor, e que tudo não passava de um plano maluco de Alex para causar ciúmes. O que formou a confusão do ano, Unicórnio deu um belo tapa no rostinho lindo de Henrique e ignora até hoje as desculpas esfarrapadas de Alex.

Porém no final tudo acabou bem e todos se perdoaram por um único motivo: o Natal.

O Natal, escuto tanto sobre esse dia, o dia em que amigos e famílias se reúnem felizes em volta de uma mesa e juntos se presenteiam e conversam enquanto jantam ao som de músicas natalinas. A única coisa que eu sei do Natal é isso pois eu mesma nunca comemorei tal data, com Sophia em casa eu me trancava no quarto ou ficava sentada sob a árvore de folhas rosas e escutava os risos vindo da sala de jantar, os risos do meu pai, da Tiffany e da bruxa que arruinou minha infância.

Agora é diferente, não tem mais Sophia para me atormentar, não tem preocupações com minha mãe ou com rebeldes mas mesmo assim eu não sinto a alegria que todas as outras pessoas sentem nessa data, dessa vez tinha tudo para ser diferente, eu feliz comemorando ao lado dos meus amigos e a escola real enfeitava para o baile de noite.

Mas sem George aqui parece tão sem graça, tão sem vida.

Por isso estou no quarto, sozinha, deitada em minha cama no meio de tintas e pincéis espalhados por toda parte e me concentro no desenho em minha frente. Com os imprevistos e ataques rebeldes o quadro que eu fiz de toda a minha família fora destruído e perdido então resolvi fazer um novo e agora com mais pessoas que antes.

Uma lágrima solitária molha meu rosto enquanto vejo como meu trabalho terminou, o céu azul inconfundível de Artenis, a casa de madeira ao fundo, a floresta magnífica e perfeita, onde tudo começou. Estou sentada nas folhas verdes e em minha volta estão todos que eu amo, George, Téo, Alice, Andrew, Thony, Alex, Tiffany, Henrique, Unicórnio e agora os novos integrantes da minha família: Camille, Stephan e meu pai Filipi.