Capítulo 13 - Encarando a realidade

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Não espere por uma crise para descobrir
o que é importante em sua vida.
(Platão)

Me vi quase derrubando litros de lágrimas, nunca pensei que me apegaria tanto a alguém em só um dia, mas Alice conseguiu, e muito bem, a minha amizade e confiança em apenas 24 horas, ao contrário de mim ela não se importou e chorou.

- Queria que tu ficasse! Agora terei que passar os dias conversando com o mordomo novamente, tente fazer uma visita por aqui-Ela diz chorosa e dramática, me abraça e eu dou tapinhas em suas costas tentando consolar de alguma maneira.

- Vamos nós ver sim Alice, se não for por visitas será em Setembro, na tal escola nova-Digo e escuto Andrew rir ao fundo, tenho quase a impressão que o Rei e a Rainha estão sorrindo e observando tudo, eles gostaram da minha amizade com Alice, mas não é porque sua filha está se comunicando, não, é puro interesse em uma possível aliança de acordos.

Mal acordamos e o mordomo já estava no quarto, avisando que a carruagem de Cristalya já havia chegado, era a hora, rapidamente Alice me ajudou com meu cabelo e roupa, o desjejum foi mais simples dessa vez, tudo para ser mais rápido, eu estava tonta de sono por conta da noite passada, que a maior parte eu passei fora daqui, Alice percebeu mas não comentou nada, assim que eu vi o Rei e a Rainha com seus olhares frios sobre mim o sono evaporou dando lugar a total atenção, eles já esperavam no jardim de entrada, a carruagem parada em frente ao portão enorme de ferro, e Andrew sentado no banco de madeira.

- Volte quando quiser senhorita Emily - A Rainha Cassiana fala após Alice me soltar.

- Claro, muito obrigada-Tento ser educada mas foi claro o tom de sarcasmo, pelo menos eu tento...

- A gente se vê por aí-Andrew diz descontraído - Talvez você se perca novamente em uma floresta e resolva aparecer em minha frente a noite me dando um susto-Ele sussurra e rio.

Não gosto de despedidas, entendo perfeitamente George, então lembrando dele eu toco na bolsa rosa que Alice me dera, não havia ligado sequer uma vez o communications, talvez George esteja preocupado comigo, quando eu chegar em Cristalya darei um jeito de falar com ele e também ler um pouco do interessante livro.

Entrei na carruagem, não gosto da sensação de estar indo para longe de todos os meus amigos dessa vez, e Alice não tem o communications, o que me deixa triste e sem saber qual será a próxima vez que vamos poder nos falar, dou o último tchau pela janela e então o portão se fecha e os guardas voltam a sua posição de sempre, a carruagem começa a se movimentar.

Longas quatro horas se passam, reviro os olhos encarando o mini relógio em minha frente seria tão mais rápido com meu teletransporte, os bancos da carruagem são azuis e o resto é branco e dourado, o brasão de Cristalya desenhado na porta revela que um membro real está aqui, meu pai mandou praticamente um exercito inteiro para acompanhar a minha viagem, mal sabe ele que na época em que realmente tinha que me proteger não protegeu, e que agora eu posso me defender com meus próprios meios.

A carruagem para, sinal que cheguei, um dos guardas abre a porta para eu sair, bufo, tudo isso parece me irritar profundamente, eu sei abrir a merda de uma porta! Para evitar confusões ignoro e corro, literalmente, para o castelo, o meu castelo, e logo no salão de entrada as lembranças se chocam contra mim, o piano, as escadas, tudo...Mas não sinto tristeza e fico satisfeita ao observar isso, uma evolução, eu sinto saudades, saudades de uma época que nunca mais voltariam.

Meu pai parece ser outro homem, em seus olhos a tristeza mas também algo que nunca mais eu vira, arrependimento, medo, insegurança e parece ter ódio de si próprio, largado na mesma cadeira acolchoada em que chorou tanto pela minha mãe, ele olha para seus próprios pés, por isso não percebe minha presença, engulo minha vontade de chorar.

As princesas do Reino Cristalya~Vol.1~Onde histórias criam vida. Descubra agora