Capítulo 1

418 12 8
                                    


Lucero digitava freneticamente no seu computador. O dia na produtora estava um caos, tanto que ela ainda não tinha tido tempo nem de tomar um café. Ela era uma das principais produtoras da Song Music e sempre vivia muito atarefada quase sem poder pensar em mais nada além de baladas no fim da noite para curar o estresse. Entre contratos assinados e sons editados, Lucero foi tirada do transe pelo toque do celular. A mulher suspirou ao ver que era Beatriz, sua irmã, que ligava. Não era que ela não a amasse, por muito tempo foram só elas duas desde que seus pais morreram, mas ela era o seu exato oposto e quase sempre discutiam por isso. Beatriz era uma mulher do lar, tinha um casamento feliz e era a melhor mãe do mundo, mas cansava Lucero quando queria torná-la igual a ela. A loira não se via dentro de casa, cuidando de crianças choronas e adolescentes rebeldes, seu lugar mesmo era o mundo, o qual ela já tinha conquistado boa parte, mas ainda assim sentia que tinha muito mais a conhecer.

INÍCIO DA LIGAÇÃO

− Fala, irmãzinha querida. – Lucero se encostou à cadeira e colocou os pés sobre sua mesa, esticando as costas que doíam por passar tanto tempo na mesma posição.

− Lu, onde você está?

− Trabalhando, onde mais? – Lucero falou como se fosse óbvio, respondendo um "ok" em um e-mail que nem leu direito.

− Ah, claro. – Beatriz ironizou. – Eu liguei para confirmar a sua presença na festinha dos gêmeos.

− Como é que é?! – Lucero ajeitou a sua posição na cadeira.

− Não vai me dizer que se esqueceu do aniversário do Lucas e da Larissa. – Beatriz falou indignada.

Lucero fez careta, suspirando e ajeitando o cabelo. Ela nunca foi muito boa com datas, ainda mais dos seus sobrinhos que ela não tinha muita convivência.

− Você sabe que eu nunca fui muito boa de memória. – Lucero falou sem graça.

− Pois que bom que eu liguei para te lembrar, assim você não perde.

Lucero suspirou. Ela perderia mesmo uma sexta-feira à noite em uma balada por uma festa de aniversário de criança?

− Olha, eu não sei se vou conseguir ir. – Lucero começou aos poucos.

− Deixa eu adivinhar, você não pode passar uma sexta sem assinar o ponto em uma balada. – Beatriz debochou.

Lucero revirou os olhos mesmo que Beatriz não estivesse vendo. Ela até seria capaz de fazer a vontade da irmã só para ser deixada em paz.

− Eu não vou entrar nessa pauta com você. – Lucero bufou. – Está bem, eu dou uma passadinha aí, mas não garanto ficar muito. – ela advertiu.

− Só em você vir já é alguma coisa. – Beatriz suspirou.

Nessa hora, Christian, amigo e secretário de Lucero, ia passando e ela o chamou com a mão.

− Está bem, Bia, mais tarde a gente se encontra. Agora eu vou ter que desligar, beijos.

− Beijos, Lu, estarei esperando, hein?

FIM DA LIGAÇÃO

Lucero largou o celular em cima da mesa e encarou Christian que aguardava ela terminar a ligação.

− Chris, meu amigo, preciso que salve a minha vida.

− O que foi? – Christian perguntou confuso.

− Hoje é aniversário dos meus sobrinhos e eu preciso que você compre presentes para os quatro. – Lucero tirou o cartão de crédito da bolsa e entregou a Christian.

− Não me diga que você vai à festa.

− Vou ter que ir, a Beatriz ligou e já encheu a minha cabeça. – Lucero suspirou.

− Poxa, e a nossa baladinha de hoje? – Christian se apoiou em uma cadeira.

− Não está cancelada. Eu passo uns quinze minutinhos na casa da minha irmã e depois encontro vocês lá.

Lucero tinha costume de sair com Christian, mais algumas pessoas do trabalho e Manuel, seu vizinho e ficante.

− E você vai avisar ao seu boy? – Christian sorriu safado.

− Quem? – Lucero perguntou confusa, organizando alguns contratos para guardar.

− Como quem?! O seu caso fixo, seu quase namorado, o vizinho Manuel Mijares. – Christian sorriu safado.

− Ah, quando ele chegar lá, ele descobre e ele não é meu namorado. – Lucero enfatizou, sorrindo irônica.

− Porque você não quer. Só um cego não vê que aquele homem é completamente apaixonado por você.

Lucero suspirou. Ela não era boba, via o quanto Manuel gostava dela e até gostava muito dele também, mas estavam indo bem sem compromisso e ela não se via amarrada a ninguém por mais sentimentos que houvessem.

− Ih, não começa, a Beatriz já atingiu a cota de sermões por hoje. Vai lá fazer o que eu pedi.

− Você não tem jeito. – Christian negou com a cabeça e suspirou. – O que eu compro?

− Sei lá. – Lucero fez careta. – Qualquer coisa que criança goste.

− Se você que é a tia não sabe, imagina se eu vou saber. – Christian ironizou.

− Pede ajuda às vendedoras das lojas, com certeza elas vão indicar alguma coisa legal.

− Êh, titia do ano. – Christian brincou e Lucero deu língua, fazendo-o sair rindo.

Lucero realmente não tinha o menor jeito com os sobrinhos, mas das poucas vezes que os via, dava o seu melhor.

                                                                         ~ * ~

VOLTEEEEEEEEEI O/

Aguardem essa festa para rir da coitada da Lucero KKKKKKKKK <3

De Repente MãeOnde histórias criam vida. Descubra agora