De Repente Mãe

Capítulo 27

Como imaginava, Kelly não conseguiu entrar em acordo com Lucero e decidiu agir sozinha, afinal a cada dia que se passava seu dinheiro diminuía e ela sabia que a mulher não deixaria Nina desamparada quando estivesse com ela, com certeza mandaria grandes quantias para manter o padrão de vida da sobrinha. Para começar, ela foi à escola da menina e percebeu que realmente era de alta sociedade. A senhora se apresentou como tia de Nina e a diretora imediatamente a recebeu, confusa, já que a única que ela conhecia era Lucero, a tia-mãe da menina e dos irmãos.

− Bom dia, senhora. Confesso que estou surpresa que meus alunos têm outra tia. Sente-se, fique à vontade. – a diretora sentou por trás e apontou para Kelly fazer o mesmo à sua frente, brincando com uma caneta nas mãos.

− Obrigada. – Kelly se sentou. – Na verdade, eu era tia mesmo da mãe deles, a Beatriz, mas é que agora eu tenho tanta pena dessas crianças órfãs, coitadinhas. – ela lamentou com falsidade.

− Bem, realmente foi muito triste o que aconteceu com eles, mas a senhora deve saber melhor do que eu que estão sendo muito bem cuidados pela sua outra sobrinha, a Lucero.

Kelly forçou um sorriso. Lucero parecia mesmo ter se transformado em uma ótima mãe para as crianças, o que dificultava muito seu trabalho para conseguir a guarda de Nina.

− É, pode ser, mas mesmo assim eu ainda me preocupo. – Kelly tirou um fiapo da calça que usava. – Minha sobrinha Lucero sempre foi uma pessoa bastante complicada, sabe? Ela nunca foi uma mulher do lar e eu não sei como ela deve cuidar daquelas crianças.

− Senhora, eu garanto que pelo menos na parte escolar, sua sobrinha não deixa a desejar, sempre está presente nas reuniões e até o rendimento das crianças melhoraram bastante nas aulas depois que ela começou a fazer momentos de estudo em casa com eles.

− Sei, que bom então. – Kelly forçou um sorriso. – E as crianças estão por aqui agora?

− Os pequenos estudam pela manhã, nesse momento a senhora só poderá encontrar a Nina e o Eduardo que têm período integral. – a diretora falou e olhou para o relógio em cima da mesa. – E eles estão em horário de intervalo, então se quiser pode vê-los pelo pátio.

Kelly duvidava muito que Nina e Eduardo quisessem vê-la, afinal pelo jeito eles já se davam bem com Lucero e a mulher deveria ter contado algo sobre ela, mas mesmo assim resolveu observá-los para ver se tudo ia tão bem quanto a diretora dizia.

− Ah, claro, eu vou adorar. – Kelly se levantou e a diretora fez o mesmo. – Muito obrigada por me receber e eu queria pedir que se a senhora puder, não comente nada sobre essa minha visita com a Lucero. A senhora sabe como é, a menina é muito explosiva e iria pensar que estou querendo me meter na vida dela com os sobrinhos. – ela fez careta.

A diretora assentiu desconfiada. Tudo estava muito estranho, mas não seria ela a criar intriga naquela família, afinal a visita de Kelly foi mesmo inofensiva e parecia simples preocupação de tia.

− Claro, pode ficar tranquila. Até logo. – a diretora apertou a mão de Kelly.

− Obrigada outra vez. Até. – Kelly sorriu e saiu.

Kelly caminhou pelo corredor que a diretora indicou, praguejando mentalmente o barulho que os adolescentes faziam. Ela não tinha paciência nenhuma, mas por alguns zeros a mais na conta valia tudo. A mulher encontrou Nina e Eduardo conversando no pátio com alguns amigos e sorriu ao vê-la agarrada a um rapaz. Então a mocinha namorava e seria algo a ser pensado para tirar proveito de Lucero. Mas os jovens se viraram e ela se escondeu por trás dos armários para não ser vista. Quando ia sair, ela parou ao ouvir uma conversa atrás da porta do que ela descobriu ser o banheiro e se interessou quando escutou o nome de Nina ser mencionado.