DIAS DEPOIS
Tudo tinha voltado a ficar bem. Nina conversou com Leandro que aceitou esperar o tempo dela e depois de pedir desculpas para Lucero e Manuel e o casal ter uma boa conversa com os dois novamente, ele voltou a frequentar sua casa normalmente. Um dia, Lucero chegou em casa e encontrou todos na sala a esperando como sempre, exceto Eduardo, fazendo a mulher logo sentir sua falta.
− Oi, amores. – Lucero sorriu, recebendo um beijo de cada um, inclusive de Manuel. – Cadê o Dudu?
Manuel puxou Lucero para um canto para falarem com privacidade.
− Ele chegou e se trancou no quarto, amor, nem quis conversar. – Manuel falou baixo.
− Que estranho, ele não é assim. – Lucero falou preocupada. – Eu vou falar com ele. – ela deu um selinho em Manuel e saiu.
Lucero se aproximou do quarto de Eduardo e entrou devagar, o encontrando sentado no chão com as costas na cama e os braços sobre os joelhos. Seu cabelo estava desgrenhado e seus olhos vermelhos, denunciando crises constantes de choro e Lucero percebeu que já conhecia bem cada um dos sobrinhos, pois bastava uma mudança de comportamento para ela saber o que estava acontecendo.
− Dudu? Você está bem, meu querido? – Lucero se abaixou em frente a Eduardo.
Eduardo levantou a cabeça devagar. Ele não queria preocupar Lucero, ela já estava cheia de problemas de trabalho, com Nina e ainda tinham Lucas e Larissa que precisavam de muita atenção, mas realmente não estava mais aguentando lidar sozinho com seus sentimentos. Desde que Gustavo e Beatriz morreram, ele procurava cooperar com a criação dos irmãos mais novos como sempre, tanto que nem se deu tempo para sofrer por ter ficado órfão, talvez por isso estivesse cheio de problemas psicológicos.
− Eu não consigo mais sozinho, tia. – Eduardo falou e começou a chorar, abraçando Lucero.
Lucero apertou Eduardo, acariciando seu cabelo. Onde ela esteve o tempo todo que não viu seu menino ficar tão mal daquele jeito?
− Shhh, calma, meu amor, a titia está aqui. – Lucero sussurrou, ainda fazendo carinho em Eduardo.
Depois de minutos de um choro compulsivo, Eduardo foi se acalmando aos poucos e se levantou do colo de Lucero, passando a mão no rosto vermelho. Fez muito bem a ele desabafar, mas ele sabia que a tia lhe pediria explicações.
− Está mais calmo? – Lucero perguntou, enxugando as lágrimas de Eduardo que assentiu sem encará-la. – Então você pode me dizer o que está acontecendo quando quiser.
Eduardo demorou algum tempo para falar, tentando encontrar as palavras certas sendo que nem ele entendia bem o que estava sentindo mesmo sabendo que Lucero o ajudaria com todo o amor do mundo.
− Na verdade, tia, nem eu sei direito. – Eduardo encarou a parede e respirou fundo. – Desde que meus pais morreram, eu acho que eu não ando pensando direito nas coisas, eu não consigo mais me concentrar nas aulas e em nada que me dava prazer antes. – ele suspirou e olhou para Lucero. – Me desculpe, eu não quero que pense que é culpa sua, você está dando o seu melhor e acredite que eu sou muito grato.
Lucero suspirou. Eduardo sempre foi tão quieto que até aquele momento ela estava o achando normal, mas talvez devesse ter dado um pouco mais de atenção para ele assim como deu para os outros.
− Vem cá. – Lucero estendeu os braços e Eduardo deitou em seu colo novamente. – Está tudo bem você viver o seu luto, os seus pais se foram, mas não é justo que você, um menino com tanta vida pela frente, não continue a perseguir seus sonhos.
− Então o que eu faço? Eu não consigo. – Eduardo sussurrou com os olhos cheios de lágrimas novamente.
− E se a gente, você e eu, procurar ajuda profissional? Eu acho que nos fará muito bem.
Eduardo nunca pensou que precisaria de psicólogo alguma vez na vida, mas qualquer coisa valia para acabar com aquele vazio que sentia.
− Eu topo, também acho que ajudaria.
− Perfeito, eu vou procurar a melhor da região e marcar uma consulta. – Lucero sorriu e Eduardo assentiu, retribuindo o sorriso de leve. – E sobre os estudos, nós podemos tirar uma hora todos os dias para revisarmos os conteúdos, o que acha?
− Mas isso não vai te sobrecarregar? Você já tem tanto trabalho. – Eduardo falou hesitante.
− Se está falando dos seus irmãos, você é tão importante quanto eles e sobre a produtora, vocês são as minhas prioridades desde que vieram morar comigo. – Lucero sorriu, acariciando o queixo de Eduardo. – Além do mais, o Manuel pode ajudar, ele é muito inteligente. – ela piscou o olho.
− Sendo assim, eu quero. Obrigado, tia. – Eduardo sorriu e abraçou Lucero com força.
Lucero sorriu, apertando Eduardo. Foi só ter uma conversa sincera que o menino já era outro, sem semblante triste que cortava seu coração. Na verdade, ele era como os irmãos, apenas carente de amor.
− Não precisa agradecer, meu anjo, eu estou sempre aqui para você. E olha aqui para mim. – Lucero beijou a testa de Eduardo e o soltou, segurando em seu rosto para olhá-lo nos olhos. – Quando você estiver com algum problema e precisar conversar, me chama, está bem? Eu não quero mais esse coraçãozinho fechado, deixa a titia entrar. – ela brincou, cutucando o peito dele e o fazendo rir.
− Pode deixar, tia, obrigado mesmo.
− Eu te amo. – Lucero deu outro beijo em Eduardo. – Vamos almoçar? Capaz das nossas ferinhas já terem devorado tudo e deixado a gente sem comer. – ela riu e ele a acompanhou.
− A gente obriga eles a cozinharem de novo. – Eduardo se levantou e ajudou Lucero a fazer o mesmo.
Antes de saírem, Lucero abraçou Eduardo por trás e assim foram andando até a cozinha, onde encontraram Manuel, Lucas, Larissa e Nina já servidos.
− E então? – Manuel encarou Lucero significativamente.
Lucero apenas sorriu até se sentar à mesa com Eduardo ao lado. Ela teve outra ideia para incluir a todos na sua nova iniciativa, assim eles seriam ajudados e Eduardo não se sentiria sozinho.
− Pessoal, eu estive conversando com o Dudu e nós pensamos em reservar uma hora do dia de cada um para revisarmos os conteúdos dados em sala de aula além do dever de casa. Quem está nessa junto com a gente? – Lucero sorriu, segurando a mão de Eduardo.
− Eu, até sinto falta de estudar. – Manuel deu um gole no suco.
− Você sente porque não é mais sua obrigação. – Nina brincou e todos riram.
− Engano seu, querida, depois que a gente se forma, aí que precisamos estudar, as profissões sempre se atualizam. – Lucero falou, terminando de cortar a carne do prato de Larissa.
− Eu quero estudar com vocês, titia. – Larissa falou.
− Eu também. – Lucas concordou.
− Ótimo. Então começamos hoje mesmo.
Lucero e Eduardo trocaram um sorriso. Bem que Beatriz dizia que em família, as coisas se resolviam mais rápido, era uma pena que ela não estivesse ali para curtir aqueles momentos que passavam juntos, mas com certeza estava, junto com Gustavo, dando uma forcinha para que tudo desse certo.
~ * ~
O Dudu também tem problemas :( <3
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De Repente Mãe
RomanceLucero era uma mulher independente, que vivia para o trabalho e nem pensava em se casar apesar da relação colorida que tinha com o seu vizinho do apartamento da frente, Manuel Mijares. Um dia, sua irmã Beatriz sofre um grave acidente de carro que ti...