Capítulo 30

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Quando as pessoas na escola se dispersaram ainda comentando sobre o caso de Nina, Vanessa aproveitou que as atenções não estavam voltadas para ela e ligou para Kelly para contar que seu plano deu certo, o que a fez vibrar de felicidade e se preparar para dar início à sua parte. Depois de repassar mentalmente a história que contaria a Lucero, ela partiu para o hospital e pediu para falar com ela, sendo encaminhada para a porta da terapia intensiva, onde logo encontrou a sobrinha que por mais que tentasse disfarçar, estava completamente devastada com os últimos acontecimentos.

− O que está fazendo aqui? Como nos encontrou? – Lucero perguntou confusa.

− Eu liguei para a escola procurando a Nina e me contaram o que aconteceu.

− O que você queria com ela? – Lucero franziu o cenho.

− Saber como ela estava. Tive medo de ligar para a sua casa e você me impedir de falar com ela. – Kelly suspirou fingida. – Mas é a minha vez de perguntar. O que trouxe vocês aqui?

Lucero também suspirou. Se Kelly descobrisse o que realmente aconteceu, aí sim suas chances de reverter o quadro e não perder a guarda dos seus sobrinhos estavam acabadas.

− Ela se sentiu um pouco mal na escola, mas já está tudo sob controle, não se preocupe. – Lucero desviou o olhar.

− Você sabe que se eu procurar o médico e provar que eu também sou parente, ele me conta tudo com detalhes, não é? Não adianta você esconder.

− Para falar a verdade, eu acho que você já sabe exatamente o que aconteceu e está aqui para passar na minha cara a minha derrota como mãe. – Lucero encarou Kelly, desafiante.

Kelly se assustou. Lucero era muito esperta e ela não duvidava que a mulher terminasse desconfiando dela mesmo sem provas.

− Como assim? Como eu saberia? – Kelly tentou disfarçar, abaixando os olhos.

Mas infelizmente Lucero estava exausta de tudo e nem sequer pensou na possibilidade de Kelly estar envolvida naquilo.

− Bom, por você já ter feito o que disse, informado que também é tia da Nina e ter recebido o boletim completo. – Lucero falou como se fosse óbvio.

Kelly segurou o suspiro de alívio. Pelo visto Lucero se esqueceu da inteligência em casa aquela manhã, ela pensou com deboche.

− Ah, querida, eu sabia desde o início que você não conseguiria dar conta de tudo sozinha. – Kelly falou com falsa lástima.

− Eu não estou com saco para suas piadinhas hoje. – Lucero fechou os olhos, respirando fundo. – A minha filha está internada com um problema grave, a outra está montando uma escola de samba dentro da minha barriga e os outros estão sozinhos em casa, portanto se você só veio saber das fofocas de como anda a minha vida, está uma grande merda, eu sou o pior exemplo de mãe para essas crianças, você tinha toda razão, está satisfeita? Agora some e me deixe em paz.

− Me alegra que você tenha percebido isso. – Kelly sorriu irônica. – Agora imagino que esteja convencida de me entregar a Nina para cuidar pelo menos nesse momento difícil.

− O quê? Do que está falando? Eu jamais a abandonaria. – Lucero enfatizou.

− É que eu achei que agora que você se convenceu de que não consegue cuidar deles, você teria mudado de ideia.

− Está enganada! Eu posso ter errado em algum momento na criação dos meus meninos, mas a vida é assim, todo mundo erra, eu estou me descobrindo como mãe. – Lucero deu de ombros. – Mas isso não muda em nada o meu amor por eles, então fique claro, eles não sairão de perto de mim.

De Repente MãeOnde histórias criam vida. Descubra agora