Capítulo 6

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Lucero correu por todo o salão, procurando Nina e Manuel estranhou, a parando imediatamente.

− Lucero? O que foi que aconteceu?

− Você viu a Nina por aí? – Lucero perguntou sem encarar Manuel direto, ainda procurando Nina entre as pessoas.

− Ela passou agora para a capela. Eu posso ajudar em alguma coisa?

− Obrigada, eu preciso só conversar com ela. – Lucero deu um selinho rápido em Manuel e foi atrás de Nina.

Lucero encontrou Nina de costas, ajoelhada em frente às imagens da capela, mas de longe dava para ver que ela chorava. A mulher se abaixou devagar ao lado dela e apenas a olhava enquanto ela fingia não estar vendo. Era uma grande ironia que a sobrinha mais velha que deveria ser a melhor pessoa para lidar, na verdade era a mais difícil.

− O que você quer? – Nina quebrou o silêncio, enxugando as lágrimas, mas sem encarar Lucero.

− Nina, eu não quis dizer nada daquilo, eu... – Lucero falava, mas Nina a interrompeu.

− Está bem, eu já entendi que ninguém será como os meus pais e nós nunca mais vamos deixar de ser um problema para você ou quem quer que seja.

− Você tem razão, eu nunca vou ser como eles, eu sou um desastre, não tenho jeito com criança e sei que não fazia questão de ser presente na vida de vocês, mas, Nina, você ouviu uma frase de uma longa conversa e já tirou suas conclusões. – Lucero segurou a mão de Nina que olhou estranho, mas não se soltou. – Talvez por eu nunca dar razões para você pensar alguma coisa boa de mim, mas acontece que a tia Kelly estava desacreditando de mim quando eu estava prometendo fazer o melhor para vocês, eu fiquei nervosa e falei daquele jeito, mas não é isso que eu sinto, é claro que vocês nunca serão um problema para mim. – ela parou de falar por alguns segundos. – Acredita em mim, por favor.

Nina ficou em silêncio. Beatriz já tinha contado que Kelly não gostava de Lucero mesmo que a mulher não desse nenhum motivo, mas também não podia confiar nela se já conhecia desde que nasceu o seu jeito inconstante. Seu maior medo era ela desistir dos sobrinhos e eles irem cada um para um orfanato, já que tinham idades diferentes.

− Eu só não quero que meus irmãos sofram mais do que já estão sofrendo. – Nina abaixou a cabeça.

− Eu também não, e nisso incluo você. – Lucero levantou o rosto de Nina carinhosamente pelo queixo. – Mas eu vou precisar muito de você e do Eduardo, meu amor, o Lucas e a Larissa são pequenos e nós vamos ter que segurar as pontas. Posso contar com você? – ela sorriu.

Nina não tinha outra alternativa a não ser acreditar em Lucero por mais difícil que fosse. Ela precisava confiar que tudo daria certo, afinal faltavam longos três anos para que ela pudesse ser maior de idade e conseguisse a guarda dos irmãos.

− Pode.

− Obrigada, meu amor. – Lucero abraçou Nina. – Eu prometo que tudo vai dar certo.

Hesitantemente, Nina retribuiu o abraço. Se Lucero queria estar lá por ela, não iria rejeitar, afinal ruim ou boa, era sua única família além dos irmãos. Elas ficaram lá abraçadas e fazendo as próprias orações silenciosas até Manuel ir chamá-las, pois estava na hora do enterro.

− Ehhr... Meninas, desculpa atrapalhar, mas está na hora. – Manuel falou com pena.

Nina apertou Lucero mais forte. Chegou a hora de se despedir de uma vez de Beatriz e Gustavo, ela nunca mais os veria e nem sentiria seus abraços e carinhos. Sua vida tinha mudado de repente, ela nunca mais seria a mesma e tinha certeza de que seus irmãos pensavam o mesmo.

De Repente MãeOnde histórias criam vida. Descubra agora