Manuel demorou um pouco mais que o previsto para encontrar Lucero, pois decidiu preparar alguma coisa para tentar fazê-la comer. O homem chegou ao apartamento dela e ajeitou tudo na mesa, já com os talheres prontos e a comida servida. Ele queria mimá-la um pouco, sabia que ela estava precisando e não o rejeitaria daquela vez.
− Lu? – Manuel chamou, mas não houve respostas.
Manuel então foi ao quarto de Lucero, pois não ouvia barulho do chuveiro e ela tinha tido tempo suficiente para tomar banho antes dele chegar. Mas ele a encontrou adormecida abraçada a uma foto e se aproximou devagar, se abaixando e tirando o cabelo do rosto dela com cuidado. O homem sempre amou vê-la dormir, mas com aquela carinha inchada e olhos molhados que denunciavam outra crise de choro lhe causavam mais dor que amor. Sem se conter, ele quis beijar seus lábios devagar, mas ela se acordou e se sentou de uma vez, o assustando.
− Manuel? Nossa, eu nem percebi quando adormeci. – Lucero passou a mão no cabelo.
− Mas foi bom para você descansar um pouco. Me desculpa por ter te acordado. – Manuel falou sem graça.
− Imagina, eu não deveria nem ter dormido. – Lucero bocejou. – Vamos? – ela se levantou.
− Vamos, claro, mas antes eu trouxe um lanchinho para você comer, não faz bem ficar tanto tempo sem se alimentar.
− Eu agradeço, mas eu não consigo, não desce nada. – Lucero abaixou a cabeça.
− Eu entendo, mas faz um esforço, por favor. – Manuel segurou a mão de Lucero. – Você vai ver as crianças agora e precisa estar forte para cuidar delas.
Nisso Manuel tinha razão, o que as crianças menos precisavam era que Lucero passasse mal na frente delas, além dele ter sido tão atencioso cozinhando para ela.
− Está bem, você venceu. Por você e pelas crianças, eu vou tentar comer um pouquinho. – Lucero sorriu de leve.
− Ótimo, vem. – Manuel levou Lucero pela mão até a sala, onde já estava a mesa posta, e puxou a cadeira para ela. – Por favor, senhorita. – ele brincou.
Lucero abriu o primeiro sorriso verdadeiro desde que tudo aconteceu. Ela via o esforço de Manuel em animá-la e cuidar dela e isso o tornava ainda mais incrível do que ela sempre soube que ele era.
− Eu vou deixar você se servir. – Manuel entregou o lenço para Lucero colocar nas pernas.
− Obrigada. – Lucero falou, começando a se servir. – Não vai me acompanhar?
− Não, eu já comi em casa, obrigado. – Manuel coçou o rosto.
Lucero deu de ombros, começando a comer enquanto Manuel a observava. Era a lasanha deliciosa que o homem costumava preparar, inclusive foi através dela que eles se conheceram quando Manuel se mudou para o prédio, logo bateu em sua porta para oferecer um pedaço de lasanha, o que depois ele confessou ser pretexto para se aproximar dela após vê-la no elevador. Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque do seu celular.
− Atende para mim, por favor. – Lucero pediu, limpando a boca com o lenço.
− Claro. – Manuel pegou o celular de Lucero e se afastou, atendendo.
Lucero e Manuel tinham intimidade o suficiente para atenderem as ligações um do outro e até mexerem em tudo que era dos seus apartamentos, realmente só faltava a mulher querer namorar com ele para que fossem considerados assim. Ela o observou falar baixo por alguns minutos até que voltou a se aproximar, suspirando.
− O que foi? – Lucero encarou Manuel, preocupada.
− Era o Gabriel, ele já contou para os meninos e eles se trancaram no quarto, não querem sair por nada. Ele acha que você pode fazê-los abrir a porta. – Manuel suspirou.
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De Repente Mãe
Roman d'amourLucero era uma mulher independente, que vivia para o trabalho e nem pensava em se casar apesar da relação colorida que tinha com o seu vizinho do apartamento da frente, Manuel Mijares. Um dia, sua irmã Beatriz sofre um grave acidente de carro que ti...